COACH LITERÁRIO

O ORIENTADOR LITERÁRIO é um profissional que acompanha, ensina e participa de todo processo de criação de um livro. Um profissional técnico, especializado em criação, um professor de escrita e um parceiro, ao mesmo tempo. Experimente, é terapêutico e libertador. Perpetue as histórias que só você tem para contar.
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A COPA DO MUNDO EM CIMA DOS CARROS

    Ano 1970,  Brasil Tricampeão Mundial. O Leblon comemorou entusiasticamente, saindo às ruas a cada partida. Eu ainda era um pré-adolescente, mas as turmas dos mais velhos se reuniam para ver os jogos e a batucada rolava animada. Na partida final, a festa ultrapassou o bairro e se juntou às outras pela cidade toda. A av. Ataulfo de Paiva e a Visconde de Pirajá se transformaram numa enorme passarela da alegria tricampeã! Uma só festa. A turma do Condomínio dos Jornalistas fechava a Av. Ataulfo de Paiva e parava carros e ônibus que passavam buzinando e gritando a senha mágica: “Tri-campeão!”

 Esse grito tomou conta de cada cantinho do Leblon, Ipanema e do Rio de Janeiro inteiro. Bandeiras, faixas, camisas, qualquer coisa verde amarela ou qualquer coisa que tivesse a ver com futebol servia para vestir a cidade tricampeã, o país tricampeão! Foi a primeira vez na vida que vi e vivi a sensação do país inteiro parar. Uma alegria indescritível.

Foi inesquecível. Comemorei em cima do carro do Seu Waldenor, pai da Lena, Tetê e Gugu, em cuja casa uma turma grande de pré-adolescentes assistiu a todos os jogos da Copa de 70, sem mudar a camisa porque estava dando sorte. Além da inédita emoção compartilhada, nas partidas acompanhadas numa TV P&B, ainda tinha aquelas lourinhas lindas. 

Elas moravam no primeiro andar do prédio que fazia esquina da Rua Almirante Pereira Guimarães com Av. Ataulfo de Paiva. A energia era eletrizante naquela minha primeira Copa do Mundo, onde meu interesse já não era só pelo futebol. Deu sorte, tricampeões!

 Seu Waldenor tinha um fusca que, generosa e despojadamente, colocou no meio do trânsito caótico-comemorativo e nos levou pela praia, depois da vitória na final, até a Av. Atlântica lotada e carnavalesca. Eu estava vivendo um dia histórico que ficaria para sempre na memória do país.

No fusca do Seu Waldenor umas dez crianças/adolescentes iam dentro e mais umas tantas iam penduradas no teto, capô e onde desce para se segurar. A velocidade do trânsito era menor do que um velho andando, por isso, não oferecia risco.  Hoje, penso que o carro dele deve ter ficado completamente amassado, amarrotado com tanta gente em cima da lataria. Seu Waldenor era um cara muito do bem, um pai bem legal com os amigos das filhas. Todas lindas. Minhas irmãzinhas para toda a vida, até hoje. Não sei por que, mas, naquele ano, nessas comemorações a moda era ficar em cima dos carros trafegando, mesmo antes da final, as vitórias a cada partida eram comemoradas assim. Alguns carros andavam em velocidade normal, com jovens em cima da lataria externa. Ainda bem que essa moda passou, era muito perigoso. Alguns passavam em velocidade maior, gritando e causando alvoroço.

Moda é uma coisa irracional, sempre foi e cada época tem suas loucuras peculiares. Mas, não me lembro de nenhuma notícia disso ter causado acidentes mais graves, o que é surpreendente.

De lá pra cá, esqueci de muiiitas coisas, menos do time Tricampeão do mundo: Félix, Carlos Alberto, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo, Gerson e Rivelino. Jairzinho, Tostão e Pelé.

Foi a primeira Copa do Mundo da qual me lembro perfeitamente. Eu morava no Condomínio dos Jornalistas, no Leblon. Meu pedaço de mundo. Lembrar, às vezes, é tão bom...

- Edmir Saint-Clair

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SIM, EXISTEM VERDADES ABSOLUTAS

Existem verdades que independem de ponto de vista ou opinião. Impõe-se porque são fatos que não dependem de vontade própria ou alheia para acontecer. Sobre esses, nada podemos fazer para alterar sua efetiva realização. Vai acontecer e não existe nada que possa impedir. Nem religião, nem Deus, nem qualquer outra entidade criada pela imaginação humana.

São fatos muito simples, ordinários e podem ser testemunhados por qualquer um a qualquer momento. São todos igualmente banais e tão comuns que nos desconcertam pela simplicidade e pela frequência com que acontecem.

Um exemplo: não importa se você acredita ou não em algum tipo de divindade, também não importa o quanto se dedica e o quanto alcançou de "desenvolvimento espiritual", se você se atirar do alto de um penhasco sem para-quedas, asa delta ou qualquer outro apetrecho artificial, vai morrer. E, não existe nenhuma forma de alguém mudar isso. Isso é uma verdade, é uma realidade e independe de qualquer ponto de vista ou crença. Qualquer ser humano que pular, naquelas condições,  terá o mesmo fim.

E, essa é só uma das milhares de verdades absolutas que nos cercam e que, por terem essa natureza inexorável, não deveriam nos fazer perder tanto tempo fantasiando possibilidades de alterá-las. Serão sempre só fantasias, mentiras, que por mais mirabolantes ou sofisticadas que pareçam não irão alterar em nada a realidade que sempre se imporá. Melhor aceitá-las e seguir em frente. Não se pode relativizar tudo sob pena de sérias consequências práticas, às vezes, irreversíveis. 

Ter consciência disso significa entender o limite óbvio entre a abstração e a realidade. Entre a utopia e a verdade. Saber distingui-las, é sabedoria.

Parece simples, e é.


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NO ÚLTIMO MOMENTO

 

Ele acordou com o barulho de vozes na porta de seu quarto. Morava com os pais, apesar da idade e de não precisar economicamente. Mas, ao contrário do que isso poderia parecer, nunca se dera bem com seu pai. Uma situação bastante estranha.

Olhou o celular para ver às horas, 05h00min da manhã. Há anos seus pais não acordavam a essa hora. Só faziam isso quando iam viajar ou fazer exames médicos. Era janeiro, pouco depois do ano novo, tanto uma coisa quanto a outra eram plenamente viáveis. Voltou a dormir.

Acordou, novamente, às 11 da manhã. Seu trabalho lhe permitia escolher seus horários. Havia um incomodo no ar, algo estranho.

Ainda tomando café, foi até o quarto dos pais. Nada indicava que tivessem viajado. Ao contrário, o desarrumado incomum do quarto não parecia normal.  Seria pouco provável que seu pai viajasse deixando portas de armário abertas e a  cama do casal desfeita. Estranho, mas poderiam estar atrasados e não tiveram opção a não ser deixar tudo do jeito que estava.

A noite chegou e alguma coisa continuava estranha. Pouco depois das 10h da noite, recebeu um telefonema da sobrinha avisando que o avô estava no hospital, internado no CTI. Ficaria lá por alguns dias e não tinha previsão de alta.

A sobrinha lhe contou que avô/pai tivera um acúmulo bastante severo de liquido na cavidade torácica, o que provocou uma violenta compressão no coração e pulmões, pressionando-lhes perigosamente.

− O Senhor deve estar se sentindo muito mal, uma sensação de sufocamento. Seu coração está tão pressionado que mal consegue bater. Vamos resolver isso, fique calmo. Disse a médica visivelmente preocupada. Exclamou a primeira médica que o atendeu.

O pai foi submetido aos cuidados emergenciais necessários, lhe drenaram o líquido descomprimindo os órgãos e aliviando o estado geral. Ficaria no CTI,  visitas somente alguns dias depois.

Os irmãos já haviam chegado de suas cidades atuais e estavam todos aguardando na ante-sala de entrada para os leitos no amplo salão do  centro de tratamento intensivo, onde ficavam os boxes e seus respectivos pacientes. Um Centro de Terapia Intensiva de grande porte. O médico veio conversar com a família, a mãe ficou lá dentro, ao lado do pai, no leito.

 Nesses dias em que o pai está no CTI, a mãe ficou no quarto normal do hospital que está reservado para ele. O evento havia sido gravíssimo e poderia tê-lo morto não fosse pela condição excepcional de saúde que sempre gozara. Se seu coração não fosse tão forte, não teria resistido. Sua saúde sempre fora invejável e motivo de orgulho próprio, mesmo aos 79 anos.

Agora, ali naquele CTI, parecia totalmente abatido. Ele nunca vira o pai daquele jeito, tão fraco e frágil. Pelo lado de fora da janela de vidro que dá acesso aos leitos, ele pode vê-lo sem que o pai pudesse vê-lo de volta. Sentiu uma compaixão intensa, profunda e surpreendente. Também sentiu pena.

Não trocavam palavra há 20 anos. Mas, não se entendiam desde muito antes, do início da adolescência. Na verdade, nunca se deram bem. Ele nem se lembra mais desde quando. Uma relação conflituosa e problemática, que fora piorando,  paulatinamente, conforme o tempo foi passando.

Uma relação pai e filho presume boas experiências juntos, é uma relação que marca e determina profundamente nossos destinos. Nesse caso, essa relação nunca aconteceu. Desde muito cedo, um muro foi se erguendo, tijolo a tijolo, até  parecer intransponível. Uma sucessão de erros mútuos que determinaram o rumo de uma relação que, só começou a parar de piorar, a partir do momento em que ele deixou de dirigir a palavra e de sequer fazer menção de ter ouvido quando o pai se dirigia a ele.

Com o tempo, o pai também não se dirigia mais a ele. Sua mãe era a porta-voz dos dois. Aquilo fora necessário para interromper aquela tensão cada vez mais insuportável. Com a aquiescência da mãe, a partir desse silêncio, a princípio unilateral, hoje reinante, a tensão se dissipara.

 O silêncio e a ausência total de interação entre os dois trouxe uma paz que jamais haviam experimentado na convivência.

Não havia discórdia, não havia cobranças. Não havia nada além das presenças físicas quando transitavam em silêncio pelo longo corredor, eventualmente, na sala ou na cozinha. Silenciosos e ignorando a presença do outro. Há tempos não se respeitavam tanto. Nunca a relação dos dois fora tão pacífica e tranqüila.

A sensação de paz o levou a evitar cada vez mais cruzar com o pai. O amplo apartamento facilitava a missão.  Só saía do quarto pela manhã para o trabalho e voltava pelas dez da noite entrando direto para o quarto. A partir desse horário, era ainda mais tranquilo, o pai era desses que dormem e acordam cedo. Ele, exatamente o oposto. Os horários se encaixavam perfeitamente. Não era raro passarem dias sem que se vissem.

O mais estranho. É que ele voltara a morar na casa dos pais após a última separação, a princípio por algum tempo apenas, já aos quarenta anos. Acontece que o tempo foi passando e prolongou-se por 10 anos até desaguar naquele momento.

Ele sempre se sentira com motivos de sobra para não falar com o pai há tanto tempo. Sua mãe concordava com a atitude, por ela, ele já deveria ter parado de falar até antes. Era estranho que não tivesse saído da casa há tempos. Tinha condições financeiras para isso, não havia porque sustentar aquela situação esdrúxula. 

O fato é que, desde aquele dia até hoje, havia se passado 20 anos.  Imediatamente, ele deteve aquele raciocínio e deixou-se levar apenas pela intuição e pela emoção. Estava confuso. A proximidade da morte de uma pessoa que sempre lhe parecera imortal era muito complicada. Ele não sabia como reagir. Não pensou em perdão ou qualquer coisa parecida. Tinha muitos problemas com essa palavra. Não pensou. Fez.

Em alguns dias, o pai havia ido para um quarto espaçoso e confortável de um bom hospital particular e todos os filhos, inclusive os que moravam fora do Rio, estavam na casa da família onde todos cresceram juntos. O clima era de muita apreensão, mas com muito carinho entre os irmãos que se apoiavam mutuamente.  

Pela manhã, chegou o resultado da biópsia: câncer no pulmão, estágio III de IV.

Quando se viu sozinho, pela primeira vez, desde que soube do resultado, surpreendeu-se com a própria serenidade. Apesar de chocado, impactado pelo inesperado, estava estranhamente sereno. Muito, pelo imponderável da situação. O pai sempre fora forte levava uma vida confortável, sem preocupações e sua única atividade diária obrigatória era jogar vôlei com os amigos na praia. Fazia check-ups periódicos com uma regularidade elogiável.

Ele não tinha dúvidas de que os pais se divertiam quando saíam para fazer exames. Estavam sempre repetindo o programa.

O pai tinha o mesmo bronzeado em qualquer época do ano. Aposentado e com uma vida tranqüila e bem amparada, fruto de seu trabalho, se tornara uma pessoa que mudara o comportamento nos últimos anos. Tornara-se um homem mais sociável, bem humorado e com um círculo de amizades que lhe proporcionava uma vida social com atividades freqüentes e tão intensa quando ele desejasse, já que dos convites que recebia não aceitava grande parte. 

Uma pessoa querida pelos amigos, que promovia churrascos e comemorações. O carinho cada vez mais explícito, dos amigos, durante todo tempo em que a doença evoluía foi comovente. As manifestações e presenças dos amigos e vizinhos só não foram mais freqüentes pela absoluta incapacidade do pai em lidar com os próprios sentimentos. 

Esses fatos, que ele passou a testemunhar, mostravam que o pai era uma pessoa que conquistara a amizade, o carinho e o respeito de muita gente ao seu redor.

Então porque o pai não fora assim com ele?

Estava longe de ser um bom pai. Toda a vida lhe veio à cabeça. Decididamente, sentimento de culpa ele não tinha nenhum. Tinha motivos. Sérios. Decidiu não tentar mais entender os motivos que o estavam levando a agir daquela forma inesperada e surpreendente para ele mesmo. Um carinho que ele não sabia de onde estava brotando. Algo diferente e desconhecido assumira o controle de suas ações.

Passou a se interessar, acompanhar, ajudar e incentivar o pai diariamente, dedicando um carinho que ele não acreditava que ainda pudesse existir naquela relação. O pai lhe devolvia na mesma moeda, do seu jeito. Evitando a emoção. Mas, mostrando amor e carinho como nunca demonstrara.

E foi assim pelos 10 meses seguintes, até aquela noite no quarto do hospital, no qual ele havia sido internado pela última vez, depois de dezenas de indas e vindas.

Estavam todos os filhos e a mãe. Como faziam todos os dias,  desde essa última internação. Antes dos filhos irem embora à noite, se reuniam em volta da cama do pai numa ordem que aconteceu espontaneamente e que se repetia por esses meses: a mãe de mãos dadas com a mão direita do pai deitado, um irmão com a mão postada sobre um tornozelo e o outro irmão no outro. A irmã fechava o círculo segurando a mão esquerda, e dessa forma o envolviam num círculo para rezar o pai nosso que ele gostava.

Nessa noite, a doença avançava para seu desfecho e o pai já não falava. Ele estava ao lado perto da mão esquerda. O pai segurou-lhe a mão, olhou para ele e a apertou. Ele entendeu que o pai queria rezar e chamou os outros. Chamou também a irmã para que ocupasse seu lugar na mão esquerda. 

Nesse momento, o pai levantou levemente o braço e segurou-lhe a mão, apertando-a tão forte quanto pode, deixando claro que queria que ele ficasse ali, de mãos dadas, naquela que seria a sua última reza.

Rezaram juntos, e durante todo aquele intenso momento o pai não afrouxou aquele aperto na mão nem por um segundo.

Ele entendeu com toda a clareza e profundidade aquele último gesto e sentiu-se em paz quando, oito horas depois, presenciou o pai expirar pela última vez.

Ele finalmente compreendeu porque não se mudara daquela casa e, também, porque seu pai nunca o mandara embora: apesar de não terem nenhuma interação, estarem sob o mesmo teto foi a única maneira, intuitiva, que pai e filho encontraram para não se perderem para sempre.

O choro foi triste, mas foi leve.

- Edmir Saint-Clair

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OLHAR - Poesia

 

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QUANDO SOMOS PARA SEMPRE

 

Passa o vento, passa o tempo, passa rápido ou lento

                                                                    Nunca é demais

É sempre a seu tempo, mesmo que não pareça

Mesmo que anoiteça

Mesmo que nada aconteça

Mesmo sendo Invisível, insensível, imprevisível

Tão que parece perder-se em si

Um tempo sem tempo

Mas o tempo nunca se perde,

porque o tempo pertence só a si

Não é meu, nem seu, nem sei de quem é

Sempre correndo, sempre tecendo

Essa tela de cores, amores, sabores e beijos

Sabe exatamente para onde vão os desejos

Quando viram Felicidade,

Que é nossa grande missão, o sentido,

A solução.

 

É raro esse momento sem tempo,

E é quando tudo acontece

Quando nunca anoitece,

Quando somos para sempre.


- Edmir Saint-Clair

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AMIGOS: O LADO TRISTE DOS REENCONTROS

 

Em tempos de mídias sociais, onde ou se é “gratidão” ou se é Hater, o que mais lemos são postagens muito longe do que todos sabemos ser a realidade que vivemos, percebemos, sentimos e pensamos. Sim, são pelo menos esses quatro os estágios para o processamento mínimo de algum evento digno de registro.

Com o passar dos anos, todos vamos sofisticando a forma como processamos nossas experiências pessoais. Estamos constantemente fazendo isso. Eventualmente, revisitamos experiências anteriores e as resignificamos. Graças a essas experiências, acabamos por ganhar um conhecimento empírico a respeito de nós mesmos que nos permite ser mais assertivos em nossos posicionamentos e opiniões. À evolução desse processo é o que chamamos de amadurecimento.

Nesses tempos de quarentena, é inevitável que esse processo de lembrar eventos adormecidos seja potencializado.

Como conseqüência imediata, sentimos recrudescer os mesmos sentimentos que experimentamos na ocasião original. Está aí uma excelente oportunidade para resignificarmos esses incômodos fantasmas que nos atrapalham quase sem percebermos. Assim, como, também, reforçar aqueles positivos que reforçam nossas crenças pessoais e autoestima.

Tenho revisitado, na memória, muitos desses eventos e recontatado vários amigos, que não via há tempos, pelas redes sociais.

Pena nem todos percebem e aproveitam, de forma inteligente, tudo o que a passagem do tempo pode nos proporcionar.

Ficar velho todos os que não morrerem antes ficarão. Mas, amadurecer não, exige trabalho interno, é mérito. Ser uma pessoa madura dá trabalho, não é pra qualquer um. É preciso ser gentil, ser amigo dos amigos e ter atitudes que aumentam a auto-estima e o respeito alheios. Ser gente boa oferece muitas vantagens, mas quem é gente boa de verdade não o é por elas. É porque amadureceu.

Sim, amadurecer é gostoso e faz muito bem à autoestima e funciona, também, para que nossos amigos continuem a gostar e a confiar em nós. Mudar é gostoso e desafiador. Muitas vezes nos leva a ter surpresas muito boas conosco mesmos, nos descobrindo melhores do que antes. E o que é ser melhor? Isso é um parâmetro personalíssimo e de importância fundamental, um derivado da maturidade, o autoconhecimento. Exige uma pré-disposição para aceitar e introjetar as constantes mudanças pelas quais passamos como resultado de nossas experiências diárias.

Nunca entendi alguém bater no peito e declarar que “sempre fui assim e não vou mudar”!  Mesmo sendo um imbecil que ninguém suporta... 

Amadurecer significa, também, aprender como cada um de nossos amigos gosta ou não gosta de ser tratado. Aprendemos a sofisticar nossa empatia. E, é um dever de cada um desenvolvê-la constantemente, caso contrário corremos o risco de nos tornarmos inconvenientes, chatos e repetitivos.

Envelhecer sem amadurecer é aprisionar nossa criança num corpo de velho.

Houve época em que eu tinha certo ranço e muita dificuldade ao ter que lidar com certos amigos de adolescência que não tinham amadurecido. Ao contrário, depois dos 50 pareciam ter regredido. Era quase insuportável ter aturá-los em certos eventos, e isso é muito triste.

Não sou psicólogo para ficar construindo teorias de como e porque acontece isso com algumas pessoas, mas testemunho constantemente esse fato.

Uma coisa é um encontro de amigos num churrasco, onde todos estão ali para ser criança mesmo, para brincar e se divertir. Não é dessas ocasiões que estou falando.

Estou falando daqueles que não mudam sua forma de tratar o mundo por não terem percebido que o passar do tempo trás a necessidade de novas posturas e atitudes, mesmo, e principalmente, com os velhos amigos.

É inteligente e agradável aprendermos o valor da gentileza, do carinho e da confiança, que são valores que levam ao aprofundamento das amizades. Não existe nada mais compensador do que reverenciar e ser reverenciado pelos amigos.

O tempo passa, e algumas brincadeiras e comportamentos, que eram comuns quando em crianças e adolescentes, não tem mais lugar quando nos tornamos adultos. Por mais óbvio, nem todos atentam para esse aspecto nevrálgico das relações.

Muitas vezes, nos reencontros, presenciais ou virtuais, esse é um ponto que pode causar muito embaraço quando nos deparamos com pessoas que não perceberam essas sutilezas, essa lapidação que a vida nos exige.

É comum, quando somos jovens demais, praticarmos brincadeiras grosseiras e provocativas entre amigos. São apelidos, rótulos e outras coisas que, não são agradáveis mas que, suportamos porque é normal suportar naquela idade, faz parte da nossa cultura. Mas, quando a idade adulta chega, nos tornamos cada vez mais avessos àquelas mesmas grosserias e provocações. E os costumes e percepções mudam, evoluem, coletivamente também. 

Mas, nem todos pensam, se desenvolvem e amadurecem nesse sentido. Alguns continuam com as mesmas grosserias e provocações de quando tinham 15 anos. Naquela época era chato, mas todos riam. Trinta anos depois, é só muito chato e inconveniente. Ridículo e decepcionante.

Hoje, não tenho mais o ranço que tinha desses amigos perdidos na terra do nunca. Ao contrário, sinto empatia. Deve ser muito difícil e sofrido ser uma criança aprisionada num corpo de velho. E, só existe um remédio para isso; amadurecer.  

Quando a gente amadurece, em vez de detestar envelhecer, descobre que as coisas boas podem não acabar nunca.

Ainda bem que, por outro lado, existem também aqueles reencontros que fazem nossa alma brilhar e descobrir novos talentos de velhos amigos.

Mas não consigo deixar de sentir uma certa tristeza quando reencontro amigos que nunca cresceram. Estão deixando de aproveitar uma excelente parte da vida.

– Edmir Saint-Clair

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UM TOQUE DE ALGODÃO - Poesia


Vinda da intuição,

Do nada a magia vem,

Enchendo a alma de bem


Por ser tão simples é,

Um doce mistério então,

Um Toque de algodão


Foi a vida quem planejou,

Me fazer tanto bem

Foi a estrela que realizou,

Um pedido além...

- Edmir Saint-Clair


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TODO POLÍTICO SEM PREPARO É UM TRAPACEIRO

Fazer política no Brasil virou sinônimo de trapacear. No Brasil, Político é sinônimo de picareta. E com toda razão e motivos para serem vistos assim. As desonestidades e maus feitos, dos mais diversos, são diários, dos mais cruéis e sórdidos que possa imaginar, em todas as instâncias possíveis. Tirar doce de criança já ficou para trás há décadas, atualmente a moda é tirar o oxigênio de quem está morrendo, receitar remédios que não fazem efeito para realizar experiências nazistas dignas de Mengele em anciãos com planos de saúde mafiosos.

Mas, a política foi criada como uma arte. A arte de conciliar, de agregar, de pacificar e dar voz aos que não tem voz. É filha da filosofia e irmã de sangue da psicologia, da sociologia, da antropologia, da história e dos maiores bem feitos que a humanidade já realizou.

Para recuperar a nobre missão da política é preciso políticos que entendam e se preparem para suas missões, que são muitas. 

Os Tiriricas do Brasil tem todo o direito de terem e manifestarem suas vozes como todos os brasileiros. Mas, para representar milhares de pessoas na mais alta casa da república é preciso se preparar antes, estudar até compreender com toda seriedade e profundidade necessárias o que é ser um político. É preciso esforço para se obter o conhecimento necessário.

Sem uma organização política é impossível uma vida harmônica, produtiva e justa em sociedade.

Sem políticos preparados para compreender isso, não teremos nem harmonia, nem produtividade, nem uma sociedade justa.

Política não é aventura, é missão. 

LEMBRETE - TE AMAREI ENQUANTO ME AMAR

 

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SÓ A POESIA

 

Só a poesia é capaz de acolher

Todos os amores, todas as paixões,

Todas as dores, toda a intensidade do viver,

                                        E do não viver,

Dor maior de quem não morreu de amor,

Sentindo o fogo de todos os ardores,

Que uma alma ousa arder.


- Edmir Saint-Clair

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A CARA DO BRASIL

 

O Brasil é um país de mal educados, não temos boas escolas nem um bom modelo educacional, as que temos não dão conta da demanda e, consequentemente, a multidão de ignorantes e analfabetos funcionais aumenta diariamente em progressão geométrica, há décadas. Somos um povo que, por esse motivos é muito fácil de ser enganado e conduzido por qualquer charlatão um pouco mais articulado.

Nada disso que vemos hoje é novidade. Nada.

A diferença, atualmente, é que, graças à internet, estamos descobrindo que a sujeira é ainda muito maior do que qualquer um poderia imaginar. Alastrou-se por todos os cantos do país. Capilarizou por todo e qualquer aspecto da vida nacional. Todo brasileiro se tornou um corrupto em potencial.

O descaramento dos políticos, de todos os partidos, é uma coisa inacreditável! Dá vontade de dar um soco na cara de cada um.

A população, em sua maioria, está atordoada sem saber o que pensar a respeito da quantidade enorme de denúncias que se sucedem diariamente há décadas, Ininterruptamente.

Uma quantidade tão gigantesca de informações e contra-informações que é impossível de ser processada por grande parte da população.

Menos ainda por aqueles que não tem o esclarecimento básico mínimo (educação formal) para compreender onde, aqueles fatos, impactam na sua vida diária.

Nosso povo sequer tem a capacidade de entender onde, quando e como está sendo roubado.

Enquanto a desonestidade se sofisticou e se informatizou com as mais modernas tecnologias para desvio de verbas, lavagem de dinheiro e derivados, o povo vem emburrecendo em igual proporção e ladeira abaixo. Um completo paraíso para corruptos e desonestos de toda ordem.

Rachadinha, propina, caixa dois, superfaturamento e mais uma dezena de nomes para designar uma coisa só: roubo!

E, que ninguém venha dizer que é furto, apropriação indébita ou qualquer outro termo que só alguns entendem. Ninguém está interessado em definições técnicas, deixemos isso para os advogados e promotores.

Se querem realmente que todos entendam o que está acontecendo é necessário desenvolver uma comunicação jornalística e social à altura do vocabulário do brasileiro médio, que é paupérrimo, restrito a algumas centenas de palavras. Grande parte se trata de analfabetos funcionais.

O déficit educacional do país é gigantesco. A dívida social, nesse setor, que todos os mandatários, em todos os níveis e em todos os tempos, tem com o povo brasileiro, é impagável!

Hoje, choramos por não termos dado ouvidos às grandes mentes nacionais que sempre afirmaram que só uma educação de qualidade tiraria o país de um destino de república de bananas. Hoje, somos formados e diplomados em bananices. As redes sociais são um desfile de imbecilidades e absurdos de todas as ordens imagináveis.

Principalmente, por não termos dado a devida importância às palavras de Darcy Ribeiro, Rubem Alves e tantos outros educadores brasileiros que tanto nos alertaram para essa tragédia anunciada.

É triste constatar como custou, custa e continuará custando caro, ao país, negar aos jovens uma educação com uma qualidade mínima que os permita entender a própria vida e o funcionamento de seu país.

O Brasil está num estágio tão confuso e perdido que se faz necessária a dedicação de todos na busca de novos caminhos. Porque não precisamos de um só caminho. Precisamos de muitos e em muitas direções. Todos os brasileiros estão sem direção no momento. É preciso contar com o valor de cada um, buscando soluções possíveis e personalizadas, regionalizadas e adaptadas a cada realidade regional. É preciso repensar tudo.

É tanta mentira, tanta desonestidade, por todos os lados de nossa vida cotidiana que não é exagero falar que todo brasileiro está se sentindo devedor, nesse momento, de sua própria consciência.

Ficou claro que a complacência excessiva e a aceitação de, aparentemente pequenas, deturpações do tipo “levar vantagem em tudo” ou o tal do “Jeitinho brasileiro”,  foram se degenerando e se alastrou  para todas as camadas da população, indistintamente. Uma decadência moral invisível e lenta que, como bola de neve, foi acelerando e ganhando cada vez mais volume até se tornar uma catástrofe, arrasando tudo pela frente.

Nos faltam crença e confiança em nós mesmos. 

Fomos enganados e, também, já enganamos demais. E, todos sabemos disso.  Estamos envergonhados de quem elegemos para nos representar. Estamos envergonhados do que nos tornamos como povo. Uma nação que dá um passo para frente e dois para trás. Estamos exaustos com os acontecimentos dessas últimas décadas.

Não estamos acostumados a lutar. Não lutamos por nossa independência, não lutamos para libertar os escravos, não lutamos para impor a república.  

Agora, estamos vendo como é difícil se construir um país digno e justo esperando que tudo nos seja concedido como benevolência de uma instância superior. Queremos tudo de mão beijada, expressão que, tristemente, serve como luva ainda hoje. A expressão “receber de mão beijada”, tem origem no império, onde quem beijasse a mão e adulasse a nobreza, garantia bons negócios. Desde então, o puxa-saquismo foi institucionalizado no estado brasileiro. Nunca evoluímos.

Um povo com todo esse histórico tão pouco favorável é um prato farto para políticos, sempre mais escolarizados e ardilosos, que impõe suas vontades se utilizando de toda forma de artimanhas inescrupulosas. E, quando não conseguem, nos vencem pelo cansaço ou pelas votações no meio da madrugada, enquanto o país inteiro está com sua atenção voltada para outro foco. Um ardil digno de bandidos. A maioria troca de voto, de partido e até de mãe muito mais fácil do que trocam suas cuecas grandes, já pensadas para serem recheadas com dólares da corrupção assassina que corre solta, num país onde faltam hospitais, escolas e vergonha na cara.

No Brasil não existem partidos políticos, existem quadrilhas que atuam na política para roubar e saciar uma sede doentia de poder e submissão. 

Como no antigo jogo do bicho ou no tráfico de drogas, cada um tem seus pontos de exploração. Empreiteiras, petróleo, exportação de carnes, e, muito provavelmente toda a cadeia produtiva nacional é fatiada. E, quem não participa dos esquemas está acabado. Muitos dos empresários presos na lava jato não tiveram muita escolha. Ou alguém tem dúvida disso?

Nesse ambiente completamente prostituído e corrompido quem não entra na dança está fora da festa...

Essas práticas se repetem em todos os níveis da vida brasileira. Uns achacando outros quando podem. Governadores, prefeitos, juízes, Fiscais, superintendentes, diretores, gerentes...

Todos achacando e despejando seus recalques em quem vem logo abaixo hierarquicamente. 

E, assim, estamos construindo um país muito feio. Feio demais.

- Edmir Saint-Clair

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MILAGRE - Poesia


A vida acontece todo tempo todo,

Somos o em cima e o embaixo, 

                                         somos o teto e o capacho,

Somos tudo em volta, todo possível e até o invisível,

                           Que ninguém mais vê,

Um milagre da mente que num momento fugaz,

Se sente capaz de criar infinitos,

                               De inventar o eterno,

E sonhar para sempre.

- Edmir Saint-Clair

UM PISCAR DE OLHOS


Tudo que aconteceu antes desse piscar de olhos 
é passado. 
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Não existe incoerência maior 
do que querer ser coerente o tempo inteiro.
Somos humanos, não nascemos para ser perfeitos 
e sim para vivermos desejando a perfeição 
sabendo que jamais conseguiremos atingi-la.
Porque o que nos move é o desejo e não a perfeição.
O que nos move é o problema e não a solução.

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