Quando Luciano começou a ver aquele vídeo no Youtube, o que
ele buscava era material para um canal de cortes no segmento de psicologia,
neurociências e assuntos afins.
Mas, o que viu foi o fechamento do “diagnóstico” perfeito e
sob medida para tudo que havia tratado, nos mais de quatro anos, numa terapia
eficaz e salvadora. Faltava fechar o ciclo, dentro do qual sua vida se faria autocompreendida.
Faltava a revelação explícita que tornasse tudo aquilo exposto como um quadro explicado pelo autor.
Aos 60 anos, isso significava muitas e muitas histórias complicadas, não ou
mal explicadas. E, muito sofrimento que ele não entendia de onde brotava.
Talvez, se ele não tivesse visto aquele vídeo, jamais teria “fechado”
a busca por sua verdade. Passou a vida sentindo que havia alguma coisa errada em sua
família e, é claro, sua família dizendo que o errado era ele.
Até que, por algum motivo sua mente pode, finalmente,
ouvir, num vídeo pelo Youtube, e aceitar a verdade que tanto procurava, a peça perdida
de um quebra-cabeças que parecia insolúvel:
Sem dúvida, ele era filho de uma mãe narcisista que não o
destruiu por muito pouco. Mas, que o afastou dos irmãos e a cada um deles dos outros.
É difícil dizer o que ele sentiu. Um misto de paz e alegria por sentir que, finalmente, podia compreender a si mesmo. Um alívio imenso por saber que não era louco. Compreendeu porque se sabotara a vida inteira. Afinal, ele amava demais a mãe para contrariá-la. Mas, sua mãe não amava ninguém. E a ele, menos ainda. E, o poder de uma mãe sobre os filhos é algo inexorável, determinante e, muitas vezes, mortal.
Apesar de não haver nada mais difícil de aceitar do que o abandono emocional materno, pelo menos ele se livrara da imensa culpa que o perseguira por toda a vida. Por mais difícil que seja encarar, sem dúvida, a verdade liberta.
Alguma coisa muito profunda mudou para sempre, naquele momento, a partir desse vídeo:
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