"...o mal que está presente no cotidiano e que aparenta ser normal, pode alienar as pessoas de uma forma que elas acabam perdendo a consciência do quanto isso pode ser prejudicial a elas e aos outros. É assim que a banalidade do mal se estabelece." Hannah Arendt
Concordo totalmente com ela.
Quando o mal passa a fazer parte do nosso dia a dia, se torna banal, comum, não causa mais espanto...Transforma o que é inaceitável, em aceitável! Reduz a zero a humanidade que existe em cada um, e debocha da dignidade da vida.
A morbidez dos noticiários diários é uma das características mais horrorosas desse momento histórico. Existe porque os assistimos avidamente, e damos o retorno financeiro a esse mercado de espetacularização de todos os tipos de crimes, tragédias e sofrimentos humanos.
As notícias sobre Tragédias sempre dão audiência. Agimos como se não pudéssemos perder nada, precisamos ficar antenados a esse furacão de acontecimentos
ininterruptos por todo planeta o tempo todo, sob pena de nos tornarmos defasados em questão de horas. Esse é o sentimento coletivo que impera atualmente.
Mas, será que só acontecem tragédias, crimes e maus feitos, no país e no mundo?
Será que propagar e assistir um pouco do lado bom, das conquistas e dos bem-feitos que, com certeza existem,
não seria estimulante?
Não alimentaria a esperança?
Sou defensor da ideia de que, quanto mais transparentes e documentados os atos e eventos públicos em todos os níveis da vida social, maior controle essa mesma sociedade terá sobre suas mazelas.
Mas, retroalimentar, constantemente, a morbidez distribuindo-a compulsoriamente a uma assistência indefesa e sem opções, é alimentar o mal que existe em cada ser humano. É dar ideias para os indivíduos mais desequilibrados copiarem, e funcionar como fonte de inspiração para as mentes doentias que vivem para fazer o mal, seja pelo dinheiro ou pelo prazer doentio de se tornar notícia, aparecer na mídia e ter seus momentos de fama, que hoje em dia, ultrapassam em muito os 15 minutos previstos por Andy Wharrol, nos já longínquos anos 70, do século passado.
Temos um lobo bom e um lobo mau brigando dentro de nós. Vencerá o que for mais bem alimentado e nutrido. E, não é só o indivíduo que alimenta seu próprio lobo, a sociedade como um todo e as redes sociais e de comunicação, vitaminam e turbinam o lobo mau de cada indivíduo, com todo tipo de anabolizantes que existem. Tudo oferecido de forma muito atraente, e aparentemente, gratuita. Tudo que o lobo individual precisa, é fazer parte da audiência. Não é difícil prever os resultados.
Deveria ser um projeto de estado, manter uma comunicação de massa bem planejada, com a propaganda de ideias humanistas e colaborativas, aliada a uma publicidade criativa desses preceitos, que acelerem o processo de valorização da bondade, da solidariedade e do comportamento ético, e que seja capaz de atingir a toda população de forma abrangente e ininterrupta.
A criação de uma força tarefa interdisciplinar capacitada com recursos e objetivos claros e definidos, ofereceria excelentes possibilidades para acelerar mudanças sociais urgentes, extremamente benéficas e necessárias, de uma forma consistente e bem estruturada.
Incluindo o combate sistemático às intolerâncias de todos os tipos, como a homofobia, misoginia, discriminações étnicas, preconceitos regionais e religiosos.
As metas finais, simples e absolutamente claras para todos, seriam:
1 - Nos transformarmos, cada um de nós, em uma pessoa melhor;
2 - Todos nós, unidos pelo objetivo de nos transformarmos, através da ética e da atitude pessoal, em um povo melhor;
3 - A partir da mudança pessoal individual, transformarmos, o Brasil inteiro, num país mais justo e acolhedor.
Edmir St-Clair