COACH LITERÁRIO

O ORIENTADOR LITERÁRIO é um profissional que acompanha, ensina e participa de todo processo de criação de um livro. Um profissional técnico, especializado em criação, um professor de escrita e um parceiro, ao mesmo tempo. Experimente, é terapêutico e libertador. Perpetue as histórias que só você tem para contar.
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O MEDO DA MUDANÇA




"A mudança é a única coisa permanente." Heráclito (500 A.C.)".

"...e a incerteza, a única certeza".  Zigmund Bauman - (2.500 anos depois).

O medo está nos rondando o tempo , nos fazendo engolir sapos maiores que a boca. Sem que tenhamos consciência de quais são seus detonadores, de repente, aparece tentando encaixar as nossas atitudes e, pior, a dos outros também, em modelos que nem sabemos se servem aos nossos anseios. Tudo para termos a sensação de segurança.

Quanto mais previsível, quanto menos mudanças na rotina, mais seguro o ser humano se imagina. A, estranhamente, chamada zona de conforto, de conforto não tem nada. O nome certo é zona de tédio, uma ilusão maléfica causada pelo medo que a simples idéia de mudança provoca. Mas, as mudanças ocorrem o tempo todo, percebamos ou não. Não dependem da nossa vontade.

O medo da mudança é uma força poderosa e vive escondido nas pequenas coisas e, é, na maioria das vezes, o grande responsável pelos maiores sofrimentos.

Ouvi de um amigo psicanalista, algo que me ficou na cabeça e que os anos só reforçaram a verdade que traduz:

− "O ser humano se sente seguro vivendo uma rotina previsível, mesmo que isso signifique viver em péssimas situações, aparentemente insustentáveis, se vistas por alguém de fora mas, que ele já conhece e está acostumado. É péssimo, mas é um péssimo que ele conhece. Essa força é tão poderosa que a simples idéia de romper com a situação e partir para algo novo pode causar pânico a algumas pessoas. O ser humano prefere ficar no sofrimento conhecido a arriscar qualquer outra coisa que ele não conheça. ”

Não raras vezes, nos deparamos com essa realidade em vários aspectos. Nas relações familiares, profissionais, amorosas, fraternas e quantos mais pensarmos.

Admiro as pessoas que conseguem se desvencilhar rápido de situações incômodas. É claro que tudo tem sua peculiaridade e nada pode ser posto numa mesma sacola. Mas, existe uma linha, que pode não ser nem um pouco tênue, de onde, a partir dali, qualquer um tem certeza do dano que aquela situação está trazendo a um, ou a quantos mais estiverem envolvidos.

Seja em que âmbito for, chega um momento em que o desgaste é tão profundo e incomodo que a mudança é absolutamente inevitável e urgente. E; isso sempre gera insegurança, que é outro nome para o medo.

Nas relações amorosas isso é ainda mais nítido. Do início da descida até se esborrachar no fim, a gente vem se ralando todo, ladeira abaixo. E, não raras vezes, essa ladeira dura anos. Imagine quanta ralação, quantos machucados daqueles bem ardidos poderiam ser evitados.

É bem doloroso. O que esquecemos é que podemos, a qualquer momento, interromper essa descida e evitar mais machucados. Saber interrompê-la antes que os traumas se aprofundem demais é o que decide como estaremos preparados para próximos relacionamentos. Essa decisão é das mais sérias com as quais nos deparamos na vida: a hora de parar. Há um momento que temos que dar um fim a uma situação de sofrimento e não olhar mais para trás. Por uma questão de sobrevivência e sanidade.

Saber a hora de parar de sofrer é fundamental para não perder a crença em si mesmo. É necessário acreditar que podemos produzir nossa própria felicidade. E, antes, precisamos crer que somos capazes de nos proteger, de cuidar de nós mesmos, adequadamente. Porque, quantos mais machucados estivermos, mais tempo esses traumas levarão para cicatrizar. Isso significa que precisaremos de mais tempo para nos recompor até estarmos prontos para uma nova relação. E a vida não espera. O tempo passa. E, dependendo da intensidade e quantidade dos eventos traumáticos, e dos recursos disponíveis para enfrentá-los (terapias e redes de apoio), essa recomposição pode ser bastante demorada.

É importante sermos sinceros ao nos respondermos às nossas próprias perguntas. Precisamos saber pelo menos o que pensamos, de verdade, sobre nossos próprios assuntos e sentimentos. Precisamos estipular nossos limites. A Tolerância é necessária, sem ela não se vive em sociedade, não se aprende e nem se evolui. Mas, a partir de um tênue limite, passa a ser submissão, conformismo e covardia.

Vivemos como se houvesse um modo certo e outro errado de realizarmos nossa vida. Como se houvesse um gabarito. Não há. Ninguém nasce com manual ou destino traçado. Tudo que fazemos é inédito. Algumas vezes, é imprevisível, simplesmente porque ninguém fez daquele jeito antes. Do seu jeito, original é único.

Mudar dá medo. Principalmente, quando a decisão de mudança envolve coisas básicas como mudar de casa, ficar sozinho, trocar um emprego medíocre, mas que paga as contas, por um projeto que, se der certo, vai te dar a vida que você deseja (isso não está ligado a dinheiro necessariamente!). Mas, que, também, pode dar errado. 

E daí? Tudo pode dar errado, principalmente, o que está dando certo. Já que o que está dando errado, se mudar, só pode mudar para dar certo. 

Se der errado é porque não mudou. Então, vai ter que mudar de novo. Até dar certo. E, pode ter certeza, uma das coisas que mais ajudam a persistir até que dê certo, é o bom humor. Sem ele a vida não tem graça. É preciso brincar de ser feliz, pelo menos...

Ou seja, veja-se por que ângulo for, é preciso estar aberto à mudança sempre. Inclusive, para que o que já está dando certo, continue dando.

Edmir Saint-Clair

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O SOFRIMENTO FANTASMA

 


O mundo está em sofrimento. 

O mundo animal e vegetal, aquático e terrestre 

estão degradados, aviltados e estuprados em suas essências.

Bilhões de escravos de poucos senhores. Senhores que também sofrem. Um sofrimento invisível e constante, onipresente e multi-estimulado.

Nossa civilização é nossa principal doença. A ausência de sentido faz milhares de vítimas fatais de si mesmas por dia.

Na era das relações líquidas, que Zygmunt Bauman descreve com tanta precisão, a nuvem de insegurança e medo que sempre pairou sobre a humanidade, cresceu muito e abarcou todos os tipos e níveis de relações, indiscriminadamente. O resultado é a sensação de desamparo absoluto e geral.

Mas, é mais do que isso. Todos sentem, mas não sabem o quê, exatamente,  sentem. Apenas sentem um incomodo terrível e inominável.

Algo concreto e, ao mesmo tempo, muito difuso, quase metafísico.

Não sabemos porque sofremos, apenas sabemos que sofremos. É um sofrimento tão visceral e tão escondido que nunca foi nomeado.

É um sentimento sem nome.

Uma sensação, uma emoção, um estado de angústia que é constantemente descrito, mas que nunca se chegou a um consenso sobre seu nome e aonde se esconde em nós.

E que ninguém conta para ninguém. E todos fingem que não sofrem, porque não sabem que o outro também sofre.

Por ajudar a esconder tudo isso de nós mesmos, é que fazem tanto sucesso os Facebooks, Instagrans, Tik toks, Tinders, WhatsApp e toda sorte de mídias sociais para todas as bolhas e taras.

É muito pesado admitir o próprio sofrimento, é melhor fingir que ele não existe, porque, afinal, nem sabemos porque ele existe e, apesar de seu peso insuportável, não temos forças para arregaçar as mangas, deixar todo o resto de lado e partir em busca de uma solução, qualquer solução, que faça a vida valer a pena.

A admissão de um sofrimento endógeno e inexplicado, que parece ser inato na maioria dos humanos, é um dos maiores tabus da contemporaneidade.

Me arrisco a dizer que esse sofrimento fantasma é a mãe de todos os tormentos.

Será que o âmago dessa questão continua sendo a nossa consciência da própria morte que, por nos causar tamanho pavor, termina por nos impedir de usufruir plenamente o esplendor da vida?

O ser humano não teme apenas a própria morte, teme, também, a morte de tudo e de todos que ama.

É muita morte para temer.

Precisamos nos ajudar a transformar esse labirinto em um caminho apreciável.

E só conseguiremos fazer isso, juntos.

 Edmir Saint-Clair


IMAGINAÇÃO: UMA FACA DE DOIS GUMES

 

Criatividade x Fantasia?

As duas nascem no plano da imaginação e se confundem, a princípio. Mas, A criatividade é ativa e a fantasia é passiva, é o sonhar acordado recreativo.

Ambas fazem parte do plano das idéias e são derivadas da nossa faculdade de imaginar coisas e situações que não existem.

Elas São as duas faces de uma mesma moeda, mas com uma diferença fundamental: não tem o mesmo valor quando se trata de produzir, efetivamente, algo de concreto, no mundo real.

O lado positivo da imaginação produz a criatividade, que se manifesta acompanhada da ânsia de transformar em realidade aquilo que foi imaginado, resultando em sua realização efetiva.

A criatividade pressupõe um projeto de amanhã. Tende a Evoluir, tornar- se um projeto e realizar-se.

O sonhar acordado recreativo, apesar de muito valorizado, tem um aspecto bastante negativo; nem sempre evolui para ser um projeto de construção de um amanhã e pode ir direto para um estado de prazer imediato que a fantasia, também é capaz de proporcionar.

No sonho não há limites, podemos tudo. Inclusive sonhar com os resultados mais fantásticos para algo que só existe em nossas mentes. Para quem se encontra fragilizado, não acreditando em seu próprio potencial de realização, a fantasia pode se tornar tudo que resta. A fantasia busca o prazer imediato, busca apenas um alívio, um caminho fácil. Como uma droga.

 Ela não pensa em construir sua própria realização, apenas sonha inconsequente.

A fantasia, quando é levada apenas como brincadeira, como um recreio da mente, é muito saudável. As fantasias sexuais, por exemplo, são os mais poderosos afrodisíacos que existem e produzem momentos de extremo prazer, intimidade e felicidade legítimas.

 É normal fantasiarmos, por exemplo, ser um pop-star ou um ídolo famoso. Quem nunca se apresentou para um estádio lotado e foi aplaudido de pé, enquanto cantava em dueto com o seu maior ídolo embaixo do chuveiro de casa?

Enquanto, ficar só embaixo do chuveiro, essa fantasia não passará de uma brincadeira deliciosa e inconsequente. Enquanto ficar no plano da diversão e do prazer, ela servirá plena e saudavelmente à sua natureza, que é realizar-se em si mesma.

Mas, sozinha ela não atende às nossas necessidades básicas de sobrevivência. Ela não resiste a realidade do dia a dia.

Nossa mente é palco constante desse tipo de  ambigüidades traiçoeiras.

 A partir do poder de sonhar acordado, tanto podemos evoluir na direção da imaginação criativa quanto para a fantasia paralisante.

Normalmente, desenvolvemos as duas vertentes, de modo que, no início do processo imaginativo, fica muito difícil prever para que direção aquele pensamento irá pender.

No nascedouro das idéias, elas não tem diferença alguma, são a mesma coisa: nossa mente abstraindo e projetando. Somos capazes de imaginar eventos bastante complexos.

O destino que damos a nossa fantasia é o que faz toda a diferença. O prazer de fantasiar também produz dopamina e, é aí que está o perigo. Pode se tornar uma válvula de escape tão perigosa quanto qualquer droga e realizar-se em si mesma, não gerando ou produzindo nada para o mundo real.

Sempre temos a opção entre arregaçar as mangas e tentar produzir o que fantasiamos ou nos sentarmos e continuar fantasiando, também, as consequências. Fantasiando como seria bom se aquilo se realizasse e, entrando numa viagemno de "sentir-se" famoso, bonito, rico e tudo mais que um sonho consegue, ou seja, tudo.

A fantasia, nesses casos, pode alcançar estágios perigosos e delirantes, principalmente, em indivíduos em momentos delicados e uma relação fragilizada com a realidade. Afinal, para quê mais, se a fantasia já traz em si mesma o alívio e a recompensa mental?  Um efeito muito similar a algumas drogas pesadas e viciantes.

O interessante dessa história, é que, quando bem dosada, a fantasia pode ser um elemento propulsor da imaginação e da ação. Assim como imaginar criativamente, fantasiar os resultados também faz parte do nosso mecanismo de automotivação.

Se for encarada como um dos gatilhos possíveis para desencadear um processo produtivo, será extremamente saudável.

Mas, caso se torne um evento inconsequente e sem compromisso algum com a realidade, será infrutífero e inócuo. Produzindo apenas frustração.

Viver sonhando acordado, sem arregaçar as mangas para realizar os sonhos, pode trazer danos psicológicos profundos e graves. 

- Edmir Saint-Clair

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A BESTA HUMANA

A espécie humana só conseguiu prosperar por que desenvolveu a capacidade de raciocinar em grupo, de fazer perguntas e buscar respostas em grupo, para tudo que não compreendia no mundo que o rodeava. Estar em grupo era a única chance de sobreviver a um mundo cheio de perigos mortais.

Foram as perguntas e respostas compartilhadas que nos possibilitaram dominar todo o planeta. Foi pensando e agindo coletivamente que criamos defesas e estratégias que garantiram a sobrevivência de nossa espécie através dos tempos, mesmo sendo um dos seres mais lentos, fracos e indefesos da natureza.

A missão básica da existência é a evolução da espécie, o que significa criar condições que permitam que todas suas potencialidades possam ser afloradas, exploradas, desenvolvidas e aperfeiçoadas incessantemente. 

A seleção natural não admite mentiras. Apenas a verdade sobrevive.

Nossa jornada através dos tempos é uma aventura de colaboração entre indivíduos e de descobertas contínuas de novas possibilidades, na busca de segurança, equilíbrio e bem-estar.

Somos seres que são afetados por estímulos e interações múltiplas com outros indivíduos e com o habitat. Somos resultados desses afetos e do que resolvemos fazer a partir dos sentimentos e emoções que eles produzem em nós.

A capacidade de decidir conscientemente como agir, e não apenas reagir instintivamente aos afetos, é o que nos faz humanos. A soma das capacidades dos indivíduos foi o que acelerou a nossa evolução para uma progressão geométrica. Somar nossas capacidades multiplicou o progresso e prosperidade da espécie humana.

Essa é a nossa forma de evoluir, através de perguntas e respostas, erros e acertos, individuais e coletivos somados e combinados.

Através do conhecimento adquirido e transmitido de uma geração para as seguintes, esse processo se aperfeiçoa e se realiza através da interação com outros indivíduos e suas respectivas e diferentes perguntas, respostas e conclusões, todas aglutinadas debaixo desse gigantesco guarda-chuva chamado Ciências.

Quanto maior a cooperação maior o avanço da ciência e maior o salto evolutivo de toda a espécie.

Foi esse processo que nos trouxe até essa vida atual, cada vez mais segura e confortável.

Evoluímos absurdamente desde aquele antepassado frágil, fisicamente indefeso e presa facil de predadores. Uma época em que o medo, frio e a fome imperavam. Nós Conseguimos ultrapassar essa fase crucial, evoluindo e prosperando em todo o planeta.

Essa evolução nos tornou o que somos hoje mas, ainda estamos longe de ter alcançado um estágio que possamos chamar sequer de intermediário, numa escala que tenha como meta a completa interação e compreensão de nós mesmos e do planeta que habitamos.

Somos uma das espécies mais jovens surgidas na natureza. Num panorama maior, somos jovens ainda muito confusos e perdidos, buscando um sentido maior para a própria existência. Ultrapassamos o primeiro filtro quando nos tornamos a espécie dominante.

Aquele ser primitivo, amedrontado e indefeso, cujo cérebro está programado para reações primitivas e animalescas que o possibilitavam, sobretudo, continuar vivo, ainda continua atuando em cada um de nós, mesmo sem ter a menor necessidade.

A parte primitiva do nosso cérebro, preparada apenas para reações primárias rápidas como fugir ou lutar, ou reconhecer instantaneamente um amigo ou inimigo, continua agindo até hoje. Como uma iminência parda que, quando se manifesta, alcança um poder de destruição apavorante.

Precisamos lidar com isso, com nossa besta individual, e domá-la a qualquer custo. E só o autoconhecimento e o auto comprometimento podem realizar esse árduo trabalho.

A melhor ferramenta para prosseguirmos nessa jornada evolutiva se chama ciência, conhecimento e autoconhecimento. Se balizadas por uma metodologia apropriada e questionamento filosófico genuíno (em cujo conteúdo a ética seja o principal pilar), esse processo é capaz de gerar uma humanidade virtuosa, capaz de cuidar de si e de todo o planeta. E quem sabe, até de outros planeta

Podemos ter uma evolução brilhante, mas se cedermos à ignorância, ao misticismo, e à besta destruidora que carregamos em nossos cérebros, corremos um risco enorme de produzir uma hecatombe planetária e extinguirmos a nós mesmos. O maior perigo para a sobrevivência de toda a vida no planeta terra chama-se espécie humana.

Nada é mais perigoso para o mundo do que a maldade que nos habita.

A besta, que ainda vive em nós, precisa ser domada a todo e qualquer custo. Ela não precisa mais existir, não pode mais existir, é perigosa demais, uma ameaça constante que paira sobre todas as formas de vida do planeta.

E ela só pode ser vencida por cada indivíduo dentro de si mesmo. Só assim transcenderemos juntos rumo a uma era de paz e harmonia.

Esse é o maior de todos os desafios da espécie humana: domar a si mesmo.


- Edmir Saint-Clair

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