Ele
nunca vira sua mãe tão feliz. A formatura do irmão mais novo rompia uma
histórica limitação familiar que nunca tivera um membro formado na faculdade.
A cerimônia prometia ser emocionante e ninguém da família deixara de ser
convidado.
Na
chegada ao local, estavam todos compenetrados e um tanto constrangidos com o
requinte ao qual não estavam acostumados. O padrinho alugara um terno mais caro
do que o de seu casamento com a madrinha. Tia Lúcia, a costureira da família,
estava orgulhosa do fruto de seu árduo trabalho nos últimos 6 meses. Valera a
pena, todas as mulheres da família estavam chiquérrimas.
Ele se
sentiu leve e pleno quando viu a família ocupar uma fila inteira no enorme auditório
da faculdade. Fora o excesso de perfumes, estavam todos com a alma e o corpo em
vestes de gala, para testemunharem aquele evento que realizava a todos.
Quando
o irmão mais novo caminhou em sua direção, vestido com a beca dos formandos, teve
vontade de soltar o maior grito e abraço que já dera em alguém na vida.
O
abraço silencioso e só não foi mais longo porque a organização requisitava a presença
dos participantes no palco para dar início a cerimônia de formatura.
Ele se
sentou na poltrona ao lado da mãe e, quando as luzes da sala se apagaram, se
deram as mãos frias, trêmulas e fundidas na mesma emoção.
E viveram, a família inteira junta, um dos momentos mais felizes que viveram.
Edmir St-Clair
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