ORIENTADOR LITERÁRIO

O ORIENTADOR LITERÁRIO é um profissional que acompanha, ensina e participa de todo processo de criação de um livro. - - - - -- UM PROFISSIONAL EXPERIENTE, especializado em redação criativa, capaz de despertar toda a sua criatividade potencial escondida. = - - - - - - UM PROFESSOR que vai transformar a sua forma de criar e escrever; - - - - - - Experimente, é terapêutico e libertador. - - - - - - AS HISTÓRIAS QUE SÓ VOCÊ TEM PARA CONTAR VÃO FICAR PARA SEMPRE.

ONDE TUDO SE ENCONTRA?





UM MINUTO

 

De silêncio, de paixão, de prazer. O minuto anterior ao gozo, o gozo, um minuto de êxtase, de felicidade, sem saber onde termina meu corpo e começa o seu. O olhar que muda a vida em um minuto. O minuto feito de sessenta eternidades, mas a eternidade terá sempre o último minuto. Cabe-nos viver intensamente todas as nossas eternidades. Tudo que torna a vida maravilhosa não dura mais que um minuto. Mas a dor é longa, e consome quase todos os nossos minutos. O presente é sempre o minuto seguinte, mas só percebemos depois, não sabemos ser eternos. Mas haverá sempre o minuto seguinte.

O minuto de paz nos teus olhos, no silêncio da noite, no sorriso que brotou espontâneo. O minuto feito de sessenta eternidades. A eternidade antes do primeiro beijo, antes de desvendar teu corpo, antes de poder dizer que te amo, antes de sentir teu amor.

A eternidade depois do último beijo, depois de me acostumar com teu corpo, depois de descobrir que ainda te amo, depois de sentir tua ausência. A eternidade de chorar sozinho, o vazio profundo após a última lágrima.

O último minuto com você, e o desejo desesperado de retornar ao primeiro. Passamos a vida inteira atrás desses minutos, dessas sessenta eternidades, que farão o resto valer a pena. Mas, só percebemos o valor do primeiro quando chegamos ao último, e então já haverão se passado muitas eternidades.

O último minuto em que nos amamos foi feito de sessenta despedidas, todas sem que soubéssemos. E a dor, com o poder que só a dor tem, multiplicou sessenta por sessenta por sessenta eternidades, e ainda estou a espera do último.

Em que minuto te perdi?

- Edmir Saint-Clair

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UMA LADY CHAMADA ANGIE

Era especial e única.

− Angie!

Era só eu a chamar e ela largava o que estivesse fazendo ou comendo e corria para ao meu lado o mais rápido que conseguia.

Era Linda, era muito doce e minha melhor amiga.

Era uma Cocker Spaniel Inglesa, caramelo e branca, com orelhas longas e o olhar mais cativante e amável que já vi na vida. Uma princesinha que trazia em si toda a alegria do mundo.

Ela foi um presente de meu grande amigo Bode.

- Bode não, Carlinhos!

- Que Carlinhos?

- O Bode.

Fui buscá-la em Jacarepaguá numa noite de verão, estrelada e quente. A noite em que a conheci tinha uma lua cheia diferente, e ela era ainda bem filhotinha, tinha entre dois e três meses de vida.

Os primeiros dias na nossa casa foram de deslumbramento mútuo.

Logo não tive dúvidas: Ou, ela era uma pessoa encarnada numa cadela, ou eu era um cachorro encarnado num adolescente.

Falávamos a mesma língua. Um Amor à primeira vista daqueles bem espontâneos e legítimos.  Ela parecia a personagem Lady, do desenho A Dama e o Vagabundo de Walt Disney, e o vagabundo, naquele caso, era eu sem dúvida alguma. Ela tinha nobreza, ela era uma autêntica Lady. Uma obra de arte da natureza. Uma doçura e um charme natural que conquistava a todos que a viam.

Ela foi a Cocker spaniel inglesa mais adestrada que conheci e nunca precisou usar coleira para nada, nem para atravessar a rua ao meu lado. Aprendeu brincando e nunca dei uma palmada sequer. Era obediente como um cão adestrado por profissionais. Não me recordo de tê-la ensinado a não fazer as necessidades em casa, até mesmo porque eu não saberia como fazê-lo, mas a partir de pouco tempo, ela simplesmente não fez mais. Mesmo quando estava super apertada, esperava tempos intermináveis até que eu a levasse para passear. Havia um entendimento mútuo fascinante. 

Ela não latia. Num certo momento, até achei que ela poderia ser muda. Ela já estava com quase um ano de idade e nunca a tinha ouvido latir. Até que a ouvi. Um latido meio rouco, engraçado, diferente e com personalidade. O latido único e inconfundível da Angie, nunca mais ouvi nenhum outro cão que latisse daquele jeito.

Ela ia comigo para todos os lugares. Onde não podia entrar, ficava me esperando do lado de fora, o tempo que fosse necessário.

Só quem tem ou já teve um companheiro canino sabe a que profundidade essa relação pode chegar.

Bobagem tentar ficar explicando cada momento de compreensão, carinho, companheirismo e amizade incondicional que essa relação mágica com a minha grande parceirinha Angie trouxe para mim.

Na praia, na chuva ou na fazenda estávamos sempre juntos. 

Adorava um carinho, mas não era carente. Nem quando teve cria ficou brava. Os amigos iam olhar os filhotes e ela não se alterava. Era uma cachorrinha segura e tranquila. Acreditava na bondade humana.

Sempre tive o costume de passear tarde da noite pelo Leblon e ela era minha companheira inseparável. Nos dias úteis, as noites do bairro são sempre bem tranquilas e não tem quase ninguém nas ruas.

E lá íamos, eu e a Angie, sem coleira e saltitante, às 2 horas da manhã até a Pizzaria Guanabara, onde eu comia um pedaço de pizza calabresa com um mate, que comprara antes no BB lanches.

E, voltávamos caminhando, às vezes pela praia, em Incontáveis noites e memoráveis conversas que só eu e ela conseguíamos trocar.

Ganhei a Angie logo depois que minha família se mudou para Brasília e eu havia ficado no Rio de janeiro. Tinha 17 anos e nunca tinha morado sozinho antes, sempre com meus pais e irmãos. 

A sensação de liberdade era maravilhosa, mas tinha momentos de solidão e de saudades da casa cheia. Ter que cuidar de mim fazia eu me sentir inseguro e sozinho à noite.

Às vezes me sentia adulto e outras criança. Às vezes, eu cuidava da Angie, outras vezes era ela que cuidava de mim.

A Angie sabia se aninhar no meu colo quando eu estava triste. Ela sabia quando eu precisava disso e sempre me acolhia.

Nunca existiu, na história do mundo, um olhar mais carinhoso e acolhedor do que o olhar especial de uma Cocker spaniel inglesa chamada Angie.

A minha Angie.

- Edmir Saint-Clair


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UMA FÁBULA DE ANO NOVO


Era uma vez um planeta triste no qual morava um homem muito alegre  que adorava inventar coisas. Numa certa manhã, sem motivo algum, ele resolveu inventar que dali a 7 dias, a partir daquele dia, tudo ia mudar à meia-noite.

- Por quê? perguntaram todos.
 - Porque mudar é sempre bom, respondeu ele

E conseguia convencer mais gente a cada esquina, pessoas que não só passavam a acreditar, como começavam a falar para todos que encontravam,  que uma grande festa tinha que acontecer para que todos no planeta resgatassem a alegria perdida.

Porque não? Pensavam todos. Verdade ou não, mal não faria.

E a ideia foi se disseminando de uma forma viral, crescendo em progressão exponencial, como nunca se vira antes naquele mundo triste.
As comunicações digitais sem fronteiras daquela civilização altamente desenvolvida, logo incluíram todo planeta triste na divulgação daquela ideiaque, àquela altura, já havia se transformado num movimento planetário.
A coisa toda era muito simples: a partir do final do por do sol, e durante toda a noite até o nascer do sol seguinte, todas as pessoas do planete deveriam sair de casa com suas melhores roupas, deveriam cumprimentar todos que cruzassem seus caminhos. Mesmo que nunca tivesse visto aquela pessoa antes. E assim foi feito.
E, durante toda a noite, cada ser daquele planeta triste ofereceu e recebeu sorrisos e cumprimentos de quem nunca havia visto antes.
 As consequências imediatas foram as gentilezas

mútuas que se seguiram. Com o passar das horas ninguém se contentava mais em dar apenas um sorriso ou fazer apenas uma gentileza. E toda a população daquele planeta triste se embriagou de sorrisos, gentilezas, elogios, agradecimentos e de tudo que provocasse o sorriso e a felicidade alheia.  Se embriagaram de bondades, cada um mais sorridente e gentil que o outro. E extrapolaram no melhor sentido possível, incluindo espontaneamente parentes, amigos, conhecidos e todos que lhes cruzassem o caminho.

Foi a maior festa que já havia acontecido na história daquela civilização.
A noite acabou e o dia seguinte nasceu diferente de todos os anteriores na história daqueles seres.
Aquela invenção havia gerado uma explosão de alegria e de empatia que  jamais acontecera e fez cada indivíduo dar um

sorriso que não daria e ser mais gentil do que, normalmente, seria.  E as consequências foram todas.

 A partir daquela noite, e em todos os dias que se seguiram, a vida naquele planeta não foi mais triste.

- Edmir Saint-Clair




ALÉM DA CIÊNCIA

 

Envolver, envolver-se, ser envolvido,

Misturar-se, fazer parte, somar-se, dividir-se,

Nada mais abstrato que romper os limites do ser

Impossível dirá a ciência,

Mas não a sapiência que isso pode envolver

E nos envolver por vontade nossa de envolver-se

Nos mais abstratos mistérios do ser

Para ser fantástico tem que ser abstrato,

O mundano é banal demais,

Para a importância que a vida tem,

Tem que ter sapiência para se tornar mistério,

Por isso, me envolvo, envolvo e sou envolvido,

E me diluo em tudo.

Além da ciência,

Sou tudo e nada ao mesmo tempo.

Até o que não sei.

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