ORIENTADOR LITERÁRIO

O ORIENTADOR LITERÁRIO é um profissional que acompanha, ensina e participa de todo processo de criação de um livro. - - - - -- UM PROFISSIONAL EXPERIENTE, especializado em redação criativa, capaz de despertar toda a sua criatividade potencial escondida.

ONDE TUDO SE ENCONTRA?


COERÊNCIA

A coerência é o encaixe perfeito entre o que fazemos e o que pensamos. Sua principal consequência é um bem-estar indescritível.

A coerência é o alicerce sobre o qual construímos nossa identidade e caráter. Reflete a harmonia entre nossos pensamentos, palavras e ações, garantindo que nossas intenções estejam alinhadas com nosso comportamento. A coerência não é apenas uma virtude abstrata, mas uma prática diária que molda quem somos e como somos percebidos pelo mundo.

A coerência cria uma base sólida de autoconfiança. Isso se traduz em uma vida mais equilibrada e autêntica, onde nossas escolhas refletem nossos verdadeiros valores e objetivos. A coerência nos permite navegar pelo mundo com clareza, sabendo que nossas ações estão em sintonia com o que acreditamos ser correto. Levando-nos a ser mais assertivos e menos ansiosos diante da diversidade de pequenas decisões que somos obrigados a tomar todos os dias. Resumindo, passamos a confiar mais nas próprias decisões e intuições.

Por outro lado, a falta de coerência pode causar um descompasso profundo. Quando nossas ações contradizem nossas palavras, criamos uma dissonância interna que pode levar a sentimento de culpa, vergonha e insegurança. Esta incongruência pode minar nossa autoestima e nos fazer questionar a própria identidade, despertando comportamentos que podem chegar a ser dissociativos.

Na rotina diária, a ausência de coerência pode ter consequências ainda mais tangíveis. Um indivíduo que constantemente promete algo, mas não cumpre, acaba perdendo credibilidade tanto no âmbito pessoal quanto profissional. A confiança, uma vez quebrada, é difícil de ser reconstruída, inclusive a autoconfiança. Além disso, a falta de coerência pode resultar em uma vida desorganizada e caótica.

É essencial cultivar a coerência para manter a harmonia interna e externa. Nesse sentido, podemos dizer que, a busca pela coerência prática, é um dos principais pilares para se estabelecer uma vida saudável e satisfatória. É a viga mestra da felicidade.  Isso exige reflexão, autoconhecimento e uma disposição constante para alinhar nossas ações com nossos princípios. E só podemos alcançá-la com muita determinação.  Ao praticar a coerência, não apenas fortalecemos nossa própria identidade, mas também inspiramos confiança e respeito nos outros.

Segundo o filósofo Ralph Waldo Emerson: "O que você faz fala tão alto que eu não consigo ouvir o que você diz."

A coerência é como um fio condutor em nossas vidas, nos guiando rumo a uma existência mais plena e cheia de significados para nós mesmos e para quem amamos.

Afinal, quando deitamos no travesseiro, é a nós mesmos que temos que dar satisfação sobre tudo que fizemos.

Edmir Saint-Clair

O VERDADEIRO SENTIDO DAS PALAVRAS

Nos tempos atuais, muitas palavras perdem seu significado original por uso descuidado ou manipulação intencional. Um exemplo claro é a confusão entre "evolução" e "progresso". Embora pareçam sinônimos, seus sentidos são bem diferentes.

Evolução significa mudança ao longo do tempo, sem qualquer conotação de valor. Como Darwin explicou em "A Origem das Espécies": "Não são os mais fortes que sobrevivem, nem os mais inteligentes, mas os que melhor se adaptam às mudanças." Portanto, evoluir não significa necessariamente melhorar, mas apenas se ajustar às condições do momento

Progresso, por outro lado, traz a ideia de avanço, de conquista e aperfeiçoamento. Hoje, quando se diz que uma sociedade "evoluiu", a maioria das vezes se quer dizer que ela "progrediu". No entanto, nem toda evolução é uma melhora, um progresso. Existe uma expressão muito usada por hospitais em comunicados a mídia: “ O paciente evoluiu a óbito”.  Convenhamos que isso não significa melhora em nenhum sentido.

Existe evolução sem progresso. Um sistema político pode evoluir para algo ainda mais repressivo; uma tecnologia pode evoluir e ser usada para fins escusos. No entanto, não há progresso sem evolução. Todo avanço, para ser considerado progresso, precisa antes transformar o status quo no qual brotou.

Como Nietzsche alertou: "Palavras são símbolos que a multidão manipula à sua maneira." 

Se não tomarmos cuidado, acabamos aceitando ideias distorcidas sem questionamento. Resgatar o verdadeiro sentido das palavras não é apenas uma questão de precisão, é uma forma de preservar a clareza na comunicação de ideias, objetivos e ações.

FELICIDADE EXPLÍCITA

 

Eu e minha filha sempre fomos muito ligados. Mesmo durante os muitos anos em que ela morou em Barcelona, onde estudou cinema, nos falávamos quase todos os dias, muitas vezes por horas seguidas. Falta de assunto nunca foi problema, eu sempre tinha uma passagem de vida para contar. Sendo assim, ela conhece de cor a maioria das histórias mais interessantes que vivi. Ambos somos apaixonados por animais e, em especial, por cães, dessa forma, a história do maior amor da minha vida depois dela própria, minha Cocker spaniel Angie, já havia sido contada de cabo a rabo algumas centenas de vezes durante nossas longas e deliciosas conversas. Há poucos dias, ela postou no Instagram um conteúdo sobre o cantor David Bowie, cuja mulher se chamava Angie e fora a inspiração para a minha Angie. Não resisti e comentei no post, pela milionésima vez para ela, a história de porque minha Angie tinha esse nome. Eu mesmo não resisti a minha própria “caduquice” e comentei:

- Já te contei essa mesma história umas mil vezes né filha?

E ela me respondeu:

- E eu amo todas as vezes.

 Edmir Saint-Clair

UMA LADY CHAMADA ANGIE

Era especial e única.

− Angie!

Era só eu a chamar e ela largava o que estivesse fazendo ou comendo e corria para ao meu lado o mais rápido que conseguia.

Era Linda, era muito doce e minha melhor amiga.

Era uma Cocker Spaniel Inglesa, caramelo e branca, com orelhas longas e o olhar mais cativante e amável que já vi na vida. Uma princesinha que trazia em si toda a alegria do mundo.

Ela foi um presente de meu grande amigo Bode.

- Bode não, Carlinhos!

- Que Carlinhos?

- O Bode.

Fui buscá-la em Jacarepaguá numa noite de verão, estrelada e quente. A noite em que a conheci tinha uma lua cheia diferente, e ela era ainda bem filhotinha, tinha entre dois e três meses de vida.

Os primeiros dias na nossa casa foram de deslumbramento mútuo.

Logo não tive dúvidas: Ou, ela era uma pessoa encarnada numa cadela, ou eu era um cachorro encarnado num adolescente.

Falávamos a mesma língua. Um Amor à primeira vista daqueles bem espontâneos e legítimos.  Ela parecia a personagem Lady, do desenho A Dama e o Vagabundo de Walt Disney, e o vagabundo, naquele caso, era eu sem dúvida alguma. Ela tinha nobreza, ela era uma autêntica Lady. Uma obra de arte da natureza. Uma doçura e um charme natural que conquistava a todos que a viam.

Ela foi a Cocker spaniel inglesa mais adestrada que conheci e nunca precisou usar coleira para nada, nem para atravessar a rua ao meu lado. Aprendeu brincando e nunca dei uma palmada sequer. Era obediente como um cão adestrado por profissionais. Não me recordo de tê-la ensinado a não fazer as necessidades em casa, até mesmo porque eu não saberia como fazê-lo, mas a partir de pouco tempo, ela simplesmente não fez mais. Mesmo quando estava super apertada, esperava tempos intermináveis até que eu a levasse para passear. Havia um entendimento mútuo fascinante. 

Ela não latia. Num certo momento, até achei que ela poderia ser muda. Ela já estava com quase um ano de idade e nunca a tinha ouvido latir. Até que a ouvi. Um latido meio rouco, engraçado, diferente e com personalidade. O latido único e inconfundível da Angie, nunca mais ouvi nenhum outro cão que latisse daquele jeito.

Ela ia comigo para todos os lugares. Onde não podia entrar, ficava me esperando do lado de fora, o tempo que fosse necessário.

Só quem tem ou já teve um companheiro canino sabe a que profundidade essa relação pode chegar.

Bobagem tentar ficar explicando cada momento de compreensão, carinho, companheirismo e amizade incondicional que essa relação mágica com a minha grande parceirinha Angie trouxe para mim.

Na praia, na chuva ou na fazenda estávamos sempre juntos. 

Adorava um carinho, mas não era carente. Nem quando teve cria ficou brava. Os amigos iam olhar os filhotes e ela não se alterava. Era uma cachorrinha segura e tranquila. Acreditava na bondade humana.

Sempre tive o costume de passear tarde da noite pelo Leblon e ela era minha companheira inseparável. Nos dias úteis, as noites do bairro são sempre bem tranquilas e não tem quase ninguém nas ruas.

E lá íamos, eu e a Angie, sem coleira e saltitante, às 2 horas da manhã até a Pizzaria Guanabara, onde eu comia um pedaço de pizza calabresa com um mate, que comprara antes no BB lanches.

E, voltávamos caminhando, às vezes pela praia, em Incontáveis noites e memoráveis conversas que só eu e ela conseguíamos trocar.

Ganhei a Angie logo depois que minha família se mudou para Brasília e eu havia ficado no Rio de janeiro. Tinha 17 anos e nunca tinha morado sozinho antes, sempre com meus pais e irmãos. 

A sensação de liberdade era maravilhosa, mas tinha momentos de solidão e de saudades da casa cheia. Ter que cuidar de mim fazia eu me sentir inseguro e sozinho à noite.

Às vezes me sentia adulto e outras criança. Às vezes, eu cuidava da Angie, outras vezes era ela que cuidava de mim.

A Angie sabia se aninhar no meu colo quando eu estava triste. Ela sabia quando eu precisava disso e sempre me acolhia.

Nunca existiu, na história do mundo, um olhar mais carinhoso e acolhedor do que o olhar especial de uma Cocker spaniel inglesa chamada Angie.

A minha Angie.

- Edmir Saint-Clair


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