Sexta-feira não começa na sexta.
Começa na quarta, quando alguém manda no grupo: “Sexta vai rolar ou vai flopar?”. E ali já brota, feito espinha em adolescente, a ansiedade do amor em potencial.
Homens ajeitam a barba como quem afia esperanças. Mulheres fazem a unha como quem desenha destino. Uns puxam ferro na academia com mais fé do quem joga na mega sena acumulada. Outras passam creme no cabelo com a mesma devoção de quem prepara oferenda pra Iemanjá.
Todos disponíveis, todos à espera do épico: um beijo de cinema, uma troca de olhares que pare o tempo, ou — no mínimo — alguém que saiba usar vírgula e não diga “menas”.
Chega a noite. Os copos tilintam, os corpos se aproximam, os celulares somem nos bolsos e o coração vira bússola: será aqui? Será hoje?
E se não for, tudo bem. Amanhã é sábado. E sábado, no fundo, é só a sexta com ressaca emocional e mais fé ainda no acaso.
Edmir St-Clair
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