COACH LITERÁRIO

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CONTO PATÉTICO

O médico fora direto e objetivo: a cirurgia acontecera sem intercorrências e as expectativas eram boas. Mas, as próximas 24 horas seriam críticas. A bala transpassou o crânio e, apesar de ter feito um trajeto quase milagroso, atingindo superficialmente uma região menos nobre do cérebro, as consequências de um tiro na cabeça são sempre imprevisíveis.

Dona Jandira estava aflita e seu sofrimento era intenso e visível. Em suas mãos, a velha bíblia, já muito desgastada pelo constante manuseio, era apertada incessantemente com todo fervor que ela possuía, que era infinito.

Jorge, o filho no CTI, era o último membro vivo de sua família. Perdera o marido, uma filha e um irmão da mesma maneira, voltando do trabalho para casa. Todos por balas atiradas por ninguém.

Dessa vez, seria diferente. Desde que se converteram, haviam encontrado o mais próximo de acolhimento e amparo que, quem perdera toda a família no intervalo de um ano, necessitava tão visceralmente.

Jorge e Dona Jandira eram assíduos frequentadores dos cultos e jamais atrasavam seus dízimos, mesmo que para isso, tivessem que atrasar o pagamento da conta luz de sua casa. Naquele momento, orando no espaço ecumênico do Hospital Público, esse pensamento confortou-a profundamente e lhe veio a certeza de que tudo daria certo.

Jorge estava indo encontrá-la no templo quando uma troca de tiros o pegara em fogo cruzado.

Mas, Dona Jandira estava confiante, o pastor lhe garantiu que hoje dedicaria a sessão de cura das 20 horas especialmente ao seu filho querido por todos.

Às 20 horas em ponto, Dona Jandira acomodou-se no pequeno espaço ecumênico  do hospital e começou a orar, sentindo uma grande energia percorrer todo seu corpo. Teve vontade de chorar de emoção. Teve absoluta certeza de que a intensidade das orações do pastor na sessão de cura, a quilômetros de distância, chegara com toda a força até ela e seu filho. Jorge estava salvo.

Nesse momento, o médico entra na capela, dirige-se até ela e, sem tomar fôlego, lhe comunica que, “infelizmente, o quadro do filho evoluíra a óbito. E que, ele sentia muito”.

Quando soube, o Pastor lamentou a perda de mais um fiel que nunca atrasava o dízimo, e continuou seus afazeres como se nada tivesse acontecido.

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