A
mulher caminha a passos largos para assumir seu devido lugar na sociedade.
Justo, muito justo, justíssimo. Fora as óbvias diferenças, sempre vi as
mulheres como iguais, só que mulheres. Tenho filha e irmãs, uma com idade muito
próxima e de quem sou, especialmente, amigo.
Mas,
nesse texto meu foco somos nós, os homens. Os que reconhecem a legitimidade dessa
igualdade, direitos, diferenças e tudo mais que vem a reboque. É a evolução. É
fato. É realidade. E, é muito bom para toda a humanidade. Está na hora
utilizarmos toda a capacidade humana para evoluir e prosperar sem destruir ao
mesmo tempo. Não podemos prescindir de nenhum talento, independente de qualquer
peculiaridade individual, em qualquer esfera da existência.
Será
melhor ainda se as mulheres não cometerem, conosco, as mesmas barbaridades que
cometemos contra elas, desde o início dos tempos. Nem de longe teríamos a mesma
resiliência, resistência e coragem histórica que elas tiveram. Seríamos
extintos e, conosco, elas também. Ou seja, não é vantagem para ninguém.
Hoje,
temos muito receio de todas vocês, do poder que, em pouco tempo, já
conquistaram. Vocês estão com a faca e o queijo nas mãos. Ainda bem, tenho
certeza de farão melhor do que fizemos.
Podiam
começar prestando um pouquinho mais de atenção na gente. Estamos, todos, inseguros.
Temos muito menos jogo de cintura do que vocês para nos adaptarmos às mudanças
tão necessárias e tardias que estão acontecendo. Estamos muito confusos.
Somos
muito mais solitários do que parece.
Sabiam
que a gente sente uma depressão profunda quando nos separamos? Presumo que, no
mínimo, igual a vocês, só que de uma forma muito, mas muito mais solitária.
Vocês
sabem o quanto é difícil deixar o/a filho (a) na casa de vocês, nos domingos à
noite e voltar para casa sentindo uma solidão monstra, com a qual temos que nos
acostumar porque não tem outro jeito?
O
homem é muito mais solitário do que a mulher. Por vários motivos. Mulher chora,
liga para amiga no meio da madrugada, dorme na casa da outra para fazer
companhia, até ao banheiro vão juntas! Só ficam sozinhas quando querem.
Homem
não. Homem é sozinho. E, quanto mais triste, mais sozinho fica. A maioria dos
homens tem vergonha de, simplesmente, deixar transparecer que está triste?
Podem
se sentir em pleno desespero emocional, mas não ligam para os amigos no meio da
noite. Choram sozinhos, quando conseguem romper as próprias barreiras, que,
aliás, nunca desejaram ter. Nossa... como um choro convulsivo alivia a alma...
As
mulheres tem o trabalho, dezenas de coisas para fazer todos os dias e quando
chegam em casa, cansadas, ainda tem que dar atenção aos filhos. Nunca estão
sozinhas.
Se
vocês soubessem como faz falta o dia-a-dia com os filhos, se soubessem como tudo
isso preenche a vida de coisas boas, de momentos simples e inesquecíveis...
O
ser humano só preenche seu vazio interior com outro ser humano, com gente. Com amor,
carinho e presença física.
Mulheres,
por favor, nos ensinem a não ter vergonha de assumir nossas dores, nossas
dúvidas, nossas inseguranças. Do mesmo jeito que vocês assumem e, por isso, são
tão melhor resolvidas.
Homem
tem vergonha de ser dispensado do trabalho, de ser rejeitado (mesmo que seja só
no time da pelada), de ser traído, de estar em crise. Homem é empurrado pela
cultura secular a esconder tudo que sente. Como se isso fosse humanamente
possível.
Um
homem pode ter amigos de muitos anos, de infância, sem que esses amigos saibam
algo mais profundo sobre sua intimidade, problemas e sentimentos. A maioria é
assim.
A
maioria também vai negar isso, porque até admitir é difícil. É admitir a
superficialidade de nossas relações. Difícil, mas é verdade.
Mulheres
nos ajudem a compreender qual é o nosso papel, hoje. Perdemos todos os papéis
que os antigos, injustos e ultrapassados conceitos impunham, tanto a vocês
quanto a nós.
Já
estamos cansados de saber o quanto somos dispensáveis na criação dos filhos
(não disse que não somos importantes), inclusive com relação às finanças
envolvidas.
Caímos
na real, somos totalmente dispensáveis em todas as coisas que nos falavam que
éramos fundamentais. Às vezes, nos sentimos reduzidos a acompanhantes. Que
trocam lâmpadas, carregam coisas pesadas, dirigem carros, fazem companhia,
levam ao cinema, as enchem de elogios e fazem sexo.
Como
se apenas nosso desempenho físico fosse importante. Como vocês, também precisamos
sentir carinho e interesse por nossos sentimentos. Precisamos que vocês nos amem
como gente e não só como machos da espécie.
Vocês podem não precisar da gente para quase nada, mas a gente precisa de vocês para quase tudo.
- Edmir Saint-Clair
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