Não
é preciso muito para que o mundo se acomode. Um, mergulhado nas páginas de um
livro, o outro viajando pela internet, sem pressa. Não há cobrança,
apenas um silêncio que não pesa. Um silêncio amigo, tecido de respirações, de
olhares cúmplices que se encontram sem pedir licença e se dizem mais do que
qualquer frase feita.
O
bem-estar verdadeiro de um casal não nasce apenas das grandes viagens ou dos
planos elaborados, mas de um cotidiano manso que nos devolve a sensação de pertencimento,
de lar, de aconchego. Um domingo à tarde, quando o tempo se estica preguiçoso,
pode ser mais pleno que uma festa. Porque há cumplicidade no simples ato de
estar juntos sob o mesmo teto.
E
quando a noite chega e as palavras e as ideias resolvem brincar de madrugada,
não há quem queira dormir cedo. A conversa corre solta, vai e volta, tropeça em
lembranças, inventa futuros e acha graça de tudo. O coração se enche dessa
leveza rara: a de saber que, entre risadas e confidências, ou mesmo no silêncio,
a vida encontra sentido.
Não
é o que se diz, é o que se sente. Não é a festa, é a casa. Não é o barulho, é o
eco de duas almas que se aconchegam para descansar uma na outra.
Edmir Saint-Clair
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