Leblon, início do outono, 20h55m.
Eu acabara de sair da academia Lucinha & Cláudio, atravessara a Rua Humberto de Campos, na direção da Rua José Linhares que fica a menos de 50 metros, estava dobrando a esquina quando vi uma senhora idosa vindo na direção contrária. Ela dá uma topada na calçada, se desequilibra e começa a acelerar descontroladamente o passo. Não há como não cair.
Tento correr em sua direção para tentar ampará-la, mas, antes que chegasse perto o suficiente, surge do nada uma mulher esguia de cabelos pretos e a segura, colocando-a de pé e sumindo novamente.
Tudo não durou mais que 3 segundos.
Fiquei petrificado com a cena. Senti-me muito estranho, um desconforto cerebral extremamente desagradável. Como alguém aparece e desaparece do nada? Sim. Ela não surgiu ou foi embora correndo e foi desaparecendo. Ela apareceu e depois desapareceu, como um flash fotográfico.
A Senhora estava tão perplexa quanto eu. Quando conseguimos trocar olhares, foram de pura estupefação. Aproximei-me um pouco mais, perguntei-lhe o que tinha acontecido. Ela me relatou exatamente a mesma coisa que eu havia visto. Utilizando, inclusive, as mesmas expressões “apareceu do nada" e “Desapareceu do nada”. Ela relatou o que eu tinha presenciado com a mesma precisão de detalhes que eu percebera. Ou seja, quase nenhum. Mas, logo percebemos uma prova inequívoca do ocorrido: ela estava usando uma blusa branca de mangas compridas e haviam duas marcas de mãos onde o “ser” a segurara. Perfeitamente visíveis. Nós dois olhamos para as marcas e, em seguida, fitamo-nos com expressão de incredulidade.
Percebi que tínha visto algo extraordinário e que não havia palavras para descrever aquilo. Ficamos em silêncio por algum tempo e depois caminhamos lentamente até a entrada do prédio para onde a Sra. estava indo, na Rua José Linhares.
Despedimo-nos sem tocar mais no assunto, mas ainda visivelmente desconcertados, intrigados...
Nunca contei isso a ninguém. Nunca entendi o que havia acontecido.