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O MISTÉRIO DO METEORITO EL ALI CONTRABANDEADO PARA A CHINA

Revisão e adaptação Edmir Saint-Clair a partir de matéria da Scientific American

O IMPACTO

Milênios atrás, um fragmento do céu cruzou o leste da África.

Nascido da colisão de asteroides antigos, o meteorito caiu com mais um baque do que um estrondo em um vale árido, onde hoje camelos pastam perto da vila de El Ali, na Somália.

Chamado pelos locais de Shiid-birood — “a rocha de ferro” — o meteorito El Ali pesa 13,6 toneladas de ferro e níquel.

Por gerações, foi um marco. Inspirou canções, lendas e poemas.

Uma delas conta que o vale era um paraíso verde até que seus habitantes deixaram de acreditar em Waaq, o deus local, que os puniu lançando pedras vulcânicas.

O meteorito teria sido o último aviso de sua ira. Durante séculos, moradores o martelaram, arrancando flocos metálicos ou afiando lâminas. Crianças o montavam como se fosse um cavalo. Até que, um dia, o céu foi roubado da terra.

O DESAPARECIMENTO

Hoje, o El Ali está longe de casa.

Vídeos tremidos mostram a rocha armazenada na China, onde negociantes tentam vendê-la por milhões — inteira ou em pedaços. Como chegou lá? A trajetória do nono maior meteorito do mundo envolve contrabando, corrupção e morte.

Em agosto de 2025, o Ministério da Cultura da Somália apelou à UNESCO, pedindo o reconhecimento do meteorito como patrimônio nacional e sua devolução. A resposta ainda não veio. O destino da rocha cósmica é um ponto de interrogação.

O ACHADO E A COBIÇA

Durante décadas, a pedra foi ignorada por todos, exceto pelos pastores que viviam sob sua sombra. Na Segunda Guerra, o exército italiano quis removê-la; depois, a ONU e grupos locais tentaram o mesmo. Mas a vila resistiu — até 2019.

Naquele ano, caçadores de opalas encontraram o meteorito e o relataram à Kureym Mining and Rocks Company, empresa de mineração sediada em Mogadíscio. Retiraram uma amostra de 90 gramas, apelidaram-na “Nightfall”, enviaram para Nairóbi — e confirmaram o óbvio: era uma rocha extraterrestre.

A GUERRA CHEGA AO CÉU

Em fevereiro de 2020, o meteorito foi removido de El Ali. A região é dominada pelo grupo extremista al-Shabaab, afiliado à al-Qaeda. Relatos falam em tiroteios e mortes durante a extração; outros chamam de exagero. O certo é que, pouco depois, a rocha foi levada à cidade de Buq Aqable e vendida à Kureym por cerca de US$ 264 mil.

Durante o transporte para Mogadíscio, o caminhão foi interceptado por forças do governo. O meteorito foi apreendido e analisado pelo geólogo Abdulkadir Abiikar Hussein — mas, misteriosamente, sumiu novamente. Em dezembro de 2020, estava de volta às mãos da mineradora.

A CIÊNCIA E A SOMBRA

Em 2021, o pesquisador Nicholas Gessler e o geólogo Chris Herd, da Universidade de Alberta, receberam amostras da rocha. Eles acreditavam colaborar com um estudo legítimo. Não sabiam que a pedra trazia o cheiro do sangue e da pilhagem. Suas análises revelaram três novos minerais nunca vistos na Terra — elaliíta, elkinstantonita e olsenita.

O El Ali pertence à classe IAB, formada por colisões no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter — mares de magma metálico onde a química do cosmos se reinventou. “É um achado cientificamente extraordinário”, disse Herd. “Mas o contexto ético é desconcertante.”

O CONTRABANDO

Gessler se tornou um detetive cósmico. Rastreou vídeos, mensagens, documentos. Descobriu que, no fim de 2022, o meteorito foi embarcado em Mogadíscio e, meses depois, desembarcou na China.

Hoje, acredita-se que esteja em Yiwu, província de Zhejiang, sendo vendido por US$ 200 o quilo — ou US$ 3,2 milhões pelo bloco inteiro.

“Foi uma operação de saque cultural, disfarçada de negócio legal,” declarou Dahir Jesow, deputado somali. A documentação da Kureym teria sido emitida a posteriori, apenas para cobrir o roubo.

COLONIALISMO CÓSMICO

Não é a primeira vez que o céu é saqueado. Em 1897, o explorador americano Robert Peary levou três meteoritos da Groenlândia — vendidos ao Museu Americano de História Natural por US$ 40 mil. Quatro inuítes que o acompanharam morreram de tuberculose em Nova York.

A história se repete: a curiosidade científica como pretexto para a pilhagem.

AS LEIS DO VAZIO

As leis sobre meteoritos são um labirinto. Nos EUA, pertencem ao dono da terra; em áreas públicas, ao Smithsonian. A Convenção da UNESCO de 1970 tenta regular o comércio de artefatos culturais — mas a Somália não é signatária. A região de El Ali é regida pela Sharia, e estudiosos nem sabem como a lei islâmica interpreta meteoritos. Se a UNESCO reconhecer o El Ali como patrimônio somali, sua venda se tornará ilegal. Até lá, o comércio continua.

O MERCADO DAS ESTRELAS

O tráfico de meteoritos cresce como um novo ouro negro. Entre 2019 e 2021, autoridades chinesas apreenderam toneladas de rochas extraterrestres contrabandeadas da África.

“A preocupação é que o El Ali seja moído em chaveiros”, lamenta Gessler.

A Kureym tenta vender o meteorito de volta ao governo somali — única forma de legitimar o retorno. O Museu Nacional da Somália, reaberto em 2020 após trinta anos de guerra, sonha em recebê-lo sob um suporte reforçado.

“Seria o orgulho do país”, diz o geólogo Hussein.

ENTRE O CÉU E O ESQUECIMENTO

Mesmo que volte, nada garante sua segurança.

“Seria melhor que uma organização internacional o mantivesse até que a Somália esteja estável”, diz Dalmar Asad, porta-voz de direitos humanos.Por ora, o meteorito permanece no limbo, distante de casa — tão longe quanto quando vagava entre Marte e Júpiter. Talvez sua lição mais profunda não seja sobre ferro ou fósforo, mas sobre a natureza humana: que até o céu, uma vez tocando a terra, pode ser contaminado pela ganância.

“Não queremos enxergar a realidade do problema,” diz a cientista planetária Hasnaa Chennaoui Aoudjehane, da Universidade Hassan II de Casablanca.

“Porque, se o fizermos, haverá muito menos material para estudar.”

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A Caçada ao Planeta Nove. Robin George Andrews; janeiro de 2025. ScientificAmerican.com/arquivo

 Nota do Editor (26/09/2025): Texto revisado para corrigir imprecisões geográficas e citações de Nicholas Gessler.

 

MISTÉRIO NO LEBLON

 
 Rio de Janeiro - Bairro do Leblon,
início do outono, 20h55m.

Eu acabara de sair da academia Lucinha & Cláudio, atravessara a Rua Humberto de Campos, na direção da Rua José Linhares, que fica a menos de 50 metros. Estava dobrando a esquina, quando vi uma senhora idosa vindo na direção contrária. Ela dá uma topada na calçada, se desequilibra e começa a acelerar o passo descontroladamente. Ela vai cair.
Corro em sua direção para tentar ampará-la mas, antes que chegasse perto o suficiente, surge do nada uma mulher muito esguia de cabelos pretos, curtos, e a segura, colocando-a de pé e sumindo novamente.

Tudo não durou mais do que fugazes 3 segundos.

Fiquei petrificado com a cena. Senti-me muito estranho, um desconforto cerebral extremamente desagradável, como se tivesse levado uma pancada forte na cabeça. Senti uma confusão agoniante, uma perda da noção do que era ou não realidade. Como uma pane inexplicável no meu sistema mental...

Como alguém aparece e desaparece do nada? Sim. Ela não surgiu e foi embora correndo ou sumindo de forma gradual, como é natural acontecer. Ela apareceu e desapareceu, como um flash fotográfico.

A Senhora Idosa estava atônita e tão perplexa quanto eu. Quando conseguimos trocar olhares, foram de puro espanto!

Aproximei-me dela um pouco mais e perguntei-lhe o que tinha acontecido. Ela me relatou, exatamente, a mesma coisa que eu havia visto. Utilizando, inclusive, as mesmas expressões como “apareceu do nada" e “Desapareceu do nada”.
Ela relatou o que eu tinha presenciado com a mesma precisão de detalhes que eu percebera. Ou seja, quase nenhum, já que a velocidade do evento, foi como se alguém tivesse colocado um vídeo em câmera acelerada.

Logo percebemos que havia uma prova física e inequívoca do ocorrido: a Sra. Idosa estava usando uma blusa branca de mangas compridas e, nela, estavam estampadas visivelmente, duas marcas de mãos onde o “ser” a segurara. Perfeitamente visíveis e brilhantes.
Nós dois olhamos para as marcas e, em seguida, um para o outro, ainda com expressões de absoluta incredulidade.

Percebi que havia testemunhado algo fantástico e extraordinário, e que não haviam palavras que pudessem descrever aquele flash inacreditável.
Ficamos em silêncio, eu e a Senhora Idosa, tomando fôlego e reiniciando os pensamentos. Pouco depois, seguimos caminhando, lentamente, até a entrada do prédio para onde ela estava indo. Ambos no mais absoluto silêncio, em choque.
Despedimo-nos pelo olhar, sem trocar mais nenhuma palavra, ainda visivelmente desconcertados. Não havia nada o que falar. Nossos olhares se acenaram, confirmando a cumplicidade que havia acabado de nascer. Nunca mais a vi e nunca soubemos o nome um do outro. E Nunca entendi o que havia acontecido.


- Edmir Saint-Clair





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VIDA EM MARTE?

 

Marte - Perseverance 

        Entre relatórios da NASA, anunciados cerimoniosamente há poucos dias, e a imaginação humana, surge novamente a pergunta que atravessa gerações: estamos sozinhos?

    Em 1976, duas sondas da NASA — as Viking 1 e 2 — tocaram o solo marciano carregando a expectativa de um planeta que talvez não fosse apenas deserto e poeira. Entre vários experimentos, um deles chamou atenção: a liberação de gases que só poderiam ser explicados por processos de origem biológica. A descoberta, porém, foi abafada pelo ceticismo da época. Classificou-se como “dado inconclusivo”, e a humanidade seguiu em frente, de olhos voltados para outras promessas.

Quase cinquenta anos depois, essa chama esquecida volta a acender. Pesquisadores revisitaram os mesmos dados, desta vez com ferramentas que não existiam no século passado: modelos de inteligência artificial e simulações de alta precisão. Os sinais de vida estão muito mais claros agora com o avanço da tecnologia e das IAs, tão impossíveis de ignorar que provocaram um comunicado oficial da NASA, lido pelo próprio administrador master da agência espacial americana.

        A prudência científica exige cuidado: não se trata de formas de vida complexas, mas da possibilidade de micro-organismos resistentes, guardados no subsolo marciano. A mera hipótese, contudo, já é suficiente para incendiar a imaginação. Afinal, se a vida não é privilégio da Terra, talvez seja tendência natural do universo.

A repercussão transcende laboratórios. Para alguns, seria a maior descoberta da história humana. Para outros, apenas um passo no longo caminho da dúvida. A comunidade científica prefere esperar: a missão Mars Sample Return (MSR), programada para trazer à Terra fragmentos de Marte, promete respostas mais definitivas.

Até lá, restam perguntas. O que muda em nós se confirmarmos que a vida floresceu em mais de um canto do cosmos? Como nos enxergaremos no espelho da história onde sempre nos colocamos como “os únicos”?

        Entre ceticismo e entusiasmo, a notícia reacende algo que a humanidade nunca deixou de carregar: o fascínio pela possibilidade de não estarmos sós. Ao mesmo tempo em que o planeta vermelho, com seu silêncio mineral e horizonte sem fim, segue como palco de uma de nossas mais antigas fantasias científicas: a existência de vida em Marte.

Edmir Saint-Clair 


TODO MUNDO VIU


Noite da Passagem de Ano,

madrugada do dia 01 de janeiro de 1969,

1 e meia da manhã, praia do Leblon.

Naquela década, todas as praias da zona sul eram palco de um espetáculo muito, mas muito diferente dos fogos de Copacabana e das festas sofisticadas dos dias atuais. Naqueles anos, as praias eram tomadas pelos terreiros de umbanda.

A partir do entardecer do dia 31 de dezembro, começavam a chegar as comitivas que vinham para preparar seus altares, e cada grupo iniciava a montagem de seu próprio terreiro na areia.

Cercavam o pedaço escolhido com palmas brancas fincadas na areia que dessa forma, delimitavam o domínio. Cavavam pequenos buracos, no fundo dos quais acendiam as velas que, assim, ficavam protegidas da brisa que sempre sopra à noite, vinda do mar. Eram centenas e centenas de pequenas velas e suas luzes ondulantes, iluminando de forma mágica as areias, de uma praia do Leblon onde a iluminação pública não tinha nem 10 por cento da luminosidade atual. Aquela imagem marcou minha memória de criança, uma mistura entre a realidade e a ficção de um filme sobrenatural.

Os pais e mães de santo, junto com seus cambonos e devotos, enfeitavam e preparavam seus terreiros de forma extremamente caprichosa, e imbuídos de uma devoção profunda e explícita.

O início da arrumação coincidia com o final das tradicionais peladas de futebol de areia, disputadas no Leblon, entre homens vestidos de mulher, sempre acompanhados por uma bateria de samba do próprio pessoal, geralmente, organizada e regida pelo genial percursionista Oscar Bolão, bateria essa, que depois deu origem a Banda do Leblon, que depois passou o bastão para o Bloco Empurra que Pega dos dias atuais.

Esse intermezzo, do início do pôr do sol até umas 8 horas da noite, era muito curioso.

O que acontecia, simultaneamente, durante o lusco fusco deste dia especial, era absurdo e surreal.

Os devotos já estavam finalizando os trabalhos de preparação dos altares, e iniciando as cerimônias que atravessariam as madrugadas e iriam até os primeiros raios de sol do primeiro dia do ano.  Enquanto, ao mesmo tempo, acontecia a maior bagunça que misturava uma caricatura de futebol de areia, másculo-feminino, com muito consumo de álcool e de tudo mais que pode haver de profano; estavam todos ali, lado a lado, convivendo harmoniosamente. O divino e o profano de mãos dadas, comemorando, felizes, cada um do seu jeito.

Naquela época, o réveillon era comemorado como se fosse uma noite de carnaval normal. E não acontecia nas ruas ou nas praias, os bailes aconteciam nos clubes e associações.

Era um carnaval fora de época, com festas concorridíssimas nos clubes, hotéis e danceterias espalhadas por todos os bairros do Rio.

Era muito diferente do que é hoje, no século 21.

As praias eram tranquilas e, era para onde as famílias iam depois de romper à meia-noite em casa. Os Adolescentes e jovens corriam para as festas, e os pais com filhos pequenos iam para a praia, em frente de casa, no Leblon, onde ficávamos passeando e observando os rituais de umbanda que aconteciam nas areias.

Era um terreiro a cada 3 ou 4 metros, todos cheios de gente esperando para tomar passe das pretas e pretos velhos incorporados. Era o sincretismo religioso acontecendo ali na frente de todos. A classe média, em sua maioria católica, buscando a benção de outra religião, ali representada pela classe mais humilde e oprimida da cidade; pobres e pretos. Era a única ocasião que me lembro de ver uma patroa branca abaixando a cabeça humildemente para receber o passe da empregada que morava na favela.

Eu era bem pequeno e estava com meus pais e irmãos passeando e observando toda aquela movimentação tão extraordinária e que se apresentava ainda mais fantástica na imaginação de uma criança.

Fiquei muito impressionado por pessoas que, de repente, do nada, começavam a agir estranhamente, e minha mãe me explicou que aquilo é quando um espírito entra na pessoa em transe. Me deu medo, mas a curiosidade era muito maior. O cheiro de charuto e de defumadores só não era mais forte por causa da brisa marinha. Mas, marcou em minha memória olfativa.

Meus pais compraram algumas palmas brancas e entraram no sincretismo reinante. Meu pai deu uma palma para cada filho e fomos jogá-las no mar, para Iemanjá.  Foi divertido e engraçado molhar os pés pulando sete ondas e jogando as flores no mar. Quando estávamos voltando da beira para a calçada, começou uma confusão. Um homem grande e forte começou a gritar, visivelmente alterado e bêbado.

Ele olhava desafiadoramente para os devotos enquanto gritava ameaçadoramente:

- Tudo isso é palhaçada!! Um monte de gente ignorante... fazendo teatrinho... fingindo "baixar o santo" ... só para enganar os trouxas...

Passou por um terreiro, abaixou-se e pegou uma imagem do local de oferendas e saiu andando de forma provocativa, enquanto os “donos” e fiéis do terreiro apenas o observavam sem esboçar reação ou intenção de revide. Todos apenas olhando fixamente para aquele homem abominável, em absoluto silêncio. E fez-se um silêncio que nunca existira antes...As ondas do mar se calaram por alguns instantes.

Só o arrogante não percebeu que, naquele momento, algo de muito estranho começou a acontecer...

Ele, imaginando ter dominado o ambiente, continuou bradando ainda mais impropérios quando percebeu que a imagem que roubara era exatamente a de Iemanjá.

Ele estava vestido todo de branco, talvez, não soubesse que essa tradição se deve exatamente a Iemanjá.

Todas as pessoas daquele pedaço da praia pararam para ver aquele desequilibrado, arrogante, histérico e com atitudes tão desprezíveis, desafiar a fé de todos. Desafio Iemanjá a fazer alguma coisa para provar que existe... E, foi caminhando em direção ao mar, gritando que ia afogar Iemanjá em suas próprias águas.

Todos pararam e começaram a acompanhar mais atentamente aquele espetáculo bizarro. Aos poucos, o burburinho foi esmaecendo, inclusive os atabaques dos terreiros próximos foram diminuindo o volume à medida em que o homem foi adentrando cada vez mais o mar, em direção a arrebentação, onde as ondas, muito pequenas nessa noite, estouravam sem oferecer risco algum. Um banco de areia fez com que o homem ultrapassasse a arrebentação com água ainda abaixo dos ombros.

De repente, surgiu uma onda do nada, assustadoramente grande e muito forte, e o engoliu. Apenas uma onda foi grande naquela semana inteira e foi, exatamente, aquela.

Quando, mesmo após alguns minutos, o homem não voltou à tona, o burburinho na areia começou a virar gritos cada vez mais intensos e vários homens passaram correndo e mergulharam na água.

Meus pais nos tiraram rapidamente dali e nos levaram de volta para casa, sem que soubéssemos o desfecho. Mas, fiquei com aquilo na cabeça por semanas.

Alguns anos depois, já adolescente, soube que nunca acharam o corpo daquele homem arrogante e desprezível.

Aquele episódio me marcou profundamente.

Eu vi acontecer na minha frente, e me arrepio toda vez que me lembro.

Todo mundo viu.

Edmir Saint-Clair 




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