COACH LITERÁRIO

O ORIENTADOR LITERÁRIO é um profissional que acompanha, ensina e participa de todo processo de criação de um livro. Um profissional técnico, especializado em criação, um professor de escrita e um parceiro, ao mesmo tempo. Experimente, é terapêutico e libertador. Perpetue as histórias que só você tem para contar.

A COPA DO MUNDO EM CIMA DOS CARROS

    Ano 1970,  Brasil Tricampeão Mundial. O Leblon comemorou entusiasticamente, saindo às ruas a cada partida. Eu ainda era um pré-adolescente, mas as turmas dos mais velhos se reuniam para ver os jogos e a batucada rolava animada. Na partida final, a festa ultrapassou o bairro e se juntou às outras pela cidade toda. A av. Ataulfo de Paiva e a Visconde de Pirajá se transformaram numa enorme passarela da alegria tricampeã! Uma só festa. A turma do Condomínio dos Jornalistas fechava a Av. Ataulfo de Paiva e parava carros e ônibus que passavam buzinando e gritando a senha mágica: “Tri-campeão!”

 Esse grito tomou conta de cada cantinho do Leblon, Ipanema e do Rio de Janeiro inteiro. Bandeiras, faixas, camisas, qualquer coisa verde amarela ou qualquer coisa que tivesse a ver com futebol servia para vestir a cidade tricampeã, o país tricampeão! Foi a primeira vez na vida que vi e vivi a sensação do país inteiro parar. Uma alegria indescritível.

Foi inesquecível. Comemorei em cima do carro do Seu Waldenor, pai da Lena, Tetê e Gugu, em cuja casa uma turma grande de pré-adolescentes assistiu a todos os jogos da Copa de 70, sem mudar a camisa porque estava dando sorte. Além da inédita emoção compartilhada, nas partidas acompanhadas numa TV P&B, ainda tinha aquelas lourinhas lindas. 

Elas moravam no primeiro andar do prédio que fazia esquina da Rua Almirante Pereira Guimarães com Av. Ataulfo de Paiva. A energia era eletrizante naquela minha primeira Copa do Mundo, onde meu interesse já não era só pelo futebol. Deu sorte, tricampeões!

 Seu Waldenor tinha um fusca que, generosa e despojadamente, colocou no meio do trânsito caótico-comemorativo e nos levou pela praia, depois da vitória na final, até a Av. Atlântica lotada e carnavalesca. Eu estava vivendo um dia histórico que ficaria para sempre na memória do país.

No fusca do Seu Waldenor umas dez crianças/adolescentes iam dentro e mais umas tantas iam penduradas no teto, capô e onde desce para se segurar. A velocidade do trânsito era menor do que um velho andando, por isso, não oferecia risco.  Hoje, penso que o carro dele deve ter ficado completamente amassado, amarrotado com tanta gente em cima da lataria. Seu Waldenor era um cara muito do bem, um pai bem legal com os amigos das filhas. Todas lindas. Minhas irmãzinhas para toda a vida, até hoje. Não sei por que, mas, naquele ano, nessas comemorações a moda era ficar em cima dos carros trafegando, mesmo antes da final, as vitórias a cada partida eram comemoradas assim. Alguns carros andavam em velocidade normal, com jovens em cima da lataria externa. Ainda bem que essa moda passou, era muito perigoso. Alguns passavam em velocidade maior, gritando e causando alvoroço.

Moda é uma coisa irracional, sempre foi e cada época tem suas loucuras peculiares. Mas, não me lembro de nenhuma notícia disso ter causado acidentes mais graves, o que é surpreendente.

De lá pra cá, esqueci de muiiitas coisas, menos do time Tricampeão do mundo: Félix, Carlos Alberto, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo, Gerson e Rivelino. Jairzinho, Tostão e Pelé.

Foi a primeira Copa do Mundo da qual me lembro perfeitamente. Eu morava no Condomínio dos Jornalistas, no Leblon. Meu pedaço de mundo. Lembrar, às vezes, é tão bom...

- Edmir Saint-Clair

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“APANHEI MUITO E NÃO MORRI" - Ana Paula Santana Ferreira


Não morreu, mas enfrenta problemas no seu relacionamento com seus pais. Não consegue dizer "eu te amo" olhando nos olhos e essa frieza dói tanto que respinga na relação com seus filhos...

Não morreu, mas precisa curar sua infância na terapia e sente que seria mais amoroso(a) se tivesse recebido mais amor em vez de tapas.

Não morreu, mas se tornou uma pessoa violenta com seu companheiro(a) e com seus filhos...

Não morreu, mas naturaliza a violência e enxerga nela uma forma de educar.

Não morreu, mas pra esquecer se entrega a bebida, drogas ou precisa de antidepressivos. Não morreu, mas é inseguro(a) e confunde violência com afeto.

Todo mundo precisa de uma infância que não precise ser curada mais tarde.

Não basta não morrer.

Ninguém veio ao mundo pra ser sobrevivente. 

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Considero esse texto extremamente verdadeiro e importante. Necessário e oportuno.

Edmir StClair

SIM, EXISTEM VERDADES ABSOLUTAS

Existem verdades que independem de ponto de vista ou opinião. Impõe-se porque são fatos que não dependem de vontade própria ou alheia para acontecer. Sobre esses, nada podemos fazer para alterar sua efetiva realização. Vai acontecer e não existe nada que possa impedir. Nem religião, nem Deus, nem qualquer outra entidade criada pela imaginação humana.

São fatos muito simples, ordinários e podem ser testemunhados por qualquer um a qualquer momento. São todos igualmente banais e tão comuns que nos desconcertam pela simplicidade e pela frequência com que acontecem.

Um exemplo: não importa se você acredita ou não em algum tipo de divindade, também não importa o quanto se dedica e o quanto alcançou de "desenvolvimento espiritual", se você se atirar do alto de um penhasco sem para-quedas, asa delta ou qualquer outro apetrecho artificial, vai morrer. E, não existe nenhuma forma de alguém mudar isso. Isso é uma verdade, é uma realidade e independe de qualquer ponto de vista ou crença. Qualquer ser humano que pular, naquelas condições,  terá o mesmo fim.

E, essa é só uma das milhares de verdades absolutas que nos cercam e que, por terem essa natureza inexorável, não deveriam nos fazer perder tanto tempo fantasiando possibilidades de alterá-las. Serão sempre só fantasias, mentiras, que por mais mirabolantes ou sofisticadas que pareçam não irão alterar em nada a realidade que sempre se imporá. Melhor aceitá-las e seguir em frente. Não se pode relativizar tudo sob pena de sérias consequências práticas, às vezes, irreversíveis. 

Ter consciência disso significa entender o limite óbvio entre a abstração e a realidade. Entre a utopia e a verdade. Saber distingui-las, é sabedoria.

Parece simples, e é.


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