COACH LITERÁRIO

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GENTE - Poesia

 



Gente, quente, pulsante ser,

O lugar onde todo o universo, dentro pode conter.


É Carne e Sexo, sem nexo, 

Pura luz e seu reflexo,

viajante no complexo viver.


 Gente é preto, é branco,  é pranto 

que escorre e salga o susto de viver.


Sem saber é tudo e nada, 

 é pouco e muito 

é  meio e canto de prazer...


Gente é dia e noite, é jeito de viver,

É parte da brisa, do movimento do ar,

Do mar, do sol, do riso, do brilho da paixão.


Sempre buscando, desejando, querendo,

 Tanto quanto mais gente puder ser.


Gente é vida e morte, é sorte sem saber,

É sonho, é salto, é vôo da ilusão,


É simples, 

é nada, 

e nem precisa ser.


- Edmir Saint-Clair

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INTOCÁVEL

 


Eram jovens em seus últimos momentos da adolescência, quando se viram pela primeira vez. No pôr do sol, no Arpoador, num verão.

A multidão contemplava embevecida aquele show de luz e sombras, enquanto o sol se deitava, aos poucos, aconchegado pelos dois irmãos. O mar, o sol e a montanha reunidos pelo sublime  espetáculo diário da natureza carioca.

Assim que se posicionou na pedra ele a viu pela primeira vez. Ela também.

A partir daquele olhar ele ficou alheio a tudo mais que acontecia em volta. Ela estava fitando-o de forma acintosa, involuntariamente, e ele também. Menos de dez metros de distância, mais as dezenas de pessoas entre eles, os separavam.

Apenas olhavam-se fixamente, e a distância não impedia que fosse evidente que as pupilas de ambos haviam se conectado além de tudo e todos. Além deles mesmos.

Não sorriram, não piscaram, não fizeram menção alguma de se aproximarem, estavam imóveis e absurdamente focados. Em transe profundo.

Enquanto ouve luz suficiente para o olhar humano distinguir traços no escuro, ficaram onde estavam, imóveis, ligados por algo indescritível que nunca haviam sentido antes, até o sol se pôr completamente e a vida virar noite.

Saíram misturados a multidão, sem que se encontrassem.

Passou-se 40 anos.

De novo um Pôr do sol no Arpoador, num verão.

Se reconheceram pelo olhar, apesar das implacáveis marcas do tempo nos rostos, nos corpos e nas almas de cada um. Depois de toda uma vida, eles estavam no mesmo lugar, a mesma distância e num momento tão sublime quanto aquele que jamais haviam esquecido.

Novamente, permaneceram no mesmo transe de antes, enquanto a natureza dava seu mesmo espetáculo de todos os verões.

Permaneceram exatamente como há 40 anos. As pupilas engolidas pelas outras pupilas, à distância, saciando a fome da alma.

Não se aproximaram. Não valia a pena tocar aquela lembrança tão suave, profunda e intensa com as duras e ásperas mãos da realidade. Sabiam que estavam sentindo exatamente a mesma coisa. O mesmo sentimento habitava os dois corpos ao mesmo tempo. O Inexplicável, o etéreo e o sublime novamente se encontraram.

Por algum motivo muito além da razão, eles souberam exatamente o que tinham que fazer.

Então, eles levaram um ao outro consigo para sempre, intocáveis.

Edmir St-Clair

TERRA PLANA, DOENÇAS E A DESIGUALDADE INTELECTUAL


É difícil acreditar que essa

“Teoria” da Terra Plana possa ser levada a sério

por alguém com um pingo de capacidade mental.

O ser humano é, sem dúvida, um animal com uma característica muito peculiar: é o único que consegue desaprender.

Uma onça, por exemplo, que atacar um porco-espinho adulto, via de regra, terá dolorosas lembranças espetadas em sua boca e focinho. A probabilidade desta mesma onça atacar novamente um porco-espinho é mínima ou nula dali pra frente. Essa lição nunca será esquecida durante toda a vida do felino. Ela jamais vai duvidar ou questionar o que aprendeu através de sua experiência prática. Após o evento, será muito pouco provável que volte a se arriscar.

O ser humano é diferente, parece sofrer de uma triste capacidade de retroceder em seu processo evolutivo, de involuir, de desaprender. Parece não se importar em jogar fora conquistas importantes e fundamentais para sua própria segurança, para que sua vida seja potencialmente melhor.

O recrudescimento da ignorância é o mais preocupante sintoma da desorientação mental pela qual nossa sociedade parece padecer atualmente. A Terra plana é um desses sintomas. Para que alguém acredite que a terra é plana tem que, necessariamente, desacreditar de todo o progresso conquistado pela ciência nos últimos séculos. Praticamente tudo desde Galileu Galilei até hoje. E, pior, tem que acreditar numa imensa e colossal Teoria da Conspiração, claramente doentia e psicótica.

 Não hesito em apontar que a pior crise que o Brasil vive hoje é a intelectual. A decadência de nosso sistema de ensino tem se refletido de forma trágica nas escolhas realizadas por nossos cidadãos quando votam para escolher seus representantes, demonstrando como são facilmente enganados, ludibriados e conduzidos como um "admirável gado novo" de Zé Ramalho.

 A ignorância é sempre terreno fértil para que emerja o que há de pior numa sociedade. Por isso, mantê-los nessa situação de incapacidade intelectual é tão interessante para políticos e religiosos. É fácil controlar quem acredita em qualquer coisa. Qualquer mentira um pouco mais elaborada ganha ares de verdade para quem não tem preparo nem capacidade crítica.

 O Sarampo que já havia sido erradicado há anos volta a preocupar bastante nosso país. O caso é sério e grave. Um absurdo, uma abominação. E, não só os não vacinados estão em risco, toda a população está.

Não sem motivos, essa onda de ignorância que parece estar aumentando de forma galopante, deixa claro um aspecto sobre o qual não vejo comentários ou preocupações manifestadas: o abismo da desigualdade intelectual.

Sob esse prisma as projeções são dignas das piores distopias imaginadas, por enquanto, como ficção.

É muito mais difícil presenciarmos alguém questionar a importância de uma vacina quando ela tem o mínimo de conhecimento formalmente adquirido de fonte com competência reconhecida.

O pior aspecto da desigualdade intelectual é que ela cria um abismo onde deveria haver uma ponte.

Ela impossibilita o entendimento entre as pessoas no seu dia a dia. Chega a criar barreiras linguísticas entre indivíduos que falam a mesma língua, dada a diferença de capacidade de entendimento recíproco. Gera antipatia onde deveria haver empatia. Abre espaço para todo tipo de crenças, superstições e teorias estapafúrdias, desagregadoras e perniciosas.

Um paraíso para mentiras, agora rebatizadas como fake News.

O desconhecido sempre foi o pior dos fantasmas para o ser humano. E, ele sempre tenta preencher esse buraco, provocado pela ignorância, com qualquer coisa que aplaque seu medo. Mesmo que seja a mais insana e absurda das explicações.

A aproximação do estado com a religião sempre causou grandes tragédias e retrocessos de séculos para os povos que experimentaram esse tipo de aventura insana e maléfica.

Nesse panorama, abre-se espaço para o sarampo, poliomielite, febre amarela, falsos profetas (aqui, uma nítida redundância), políticos hipócritas (também redundante), ladrões, criminosos e canalhas de todos os tipos em todos os segmentos da atividade humana.

Abre espaço para o retrocesso. A ignorância abre espaço para o desentendimento, para a mentira, para o mau-caratismo, violência, racismo, homofobia, doenças, misoginia e para tudo que há de pior na natureza humana. Se temos alguma missão na vida, com certeza uma delas é conseguir evoluir a ponto de erradicar esses piores aspectos de nossas mentes e personalidades.

Por isso, a solução nunca estará no passado, porque a única solução é evoluir. E, para isso, a expansão do conhecimento deve ser ininterrupta. Temos que fazer diferente do que sempre fizemos para alcançar resultados que nunca alcançamos.

Que resultados? Viver com menos aflições, com menos medo e com menos doenças, para que cada um possa ser o mais feliz que conseguir. Parece simples e é.

Dentre outras coisas, o conhecimento nos faz acreditar no futuro, no surgimento dessas novas possibilidades.

Não tenho a menor dúvida de que só o conhecimento, advindo da ciência, poderá nos salvar desse delicado momento que a civilização humana atravessa.

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Esse texto foi publicado originalmente em 09 de julho de 2019. 

 – Edmir  Saint-Clair
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UMA FÁBULA DE ANO NOVO


Era uma vez um planeta triste no qual morava um homem muito alegre que adorava inventar coisas.

Numa manhã, sem motivo nenhum, ele resolveu inventar que naquele dia tudo ia mudar à meia-noite.
- Por quê? perguntaram todos.
- Porque mudar é sempre bom, respondeu ele.

E convenceu um monte de gente, que não só passou a acreditar como começou a falar para todos que encontravam, que uma grande festa tinha que acontecer para que todos no planeta resgatassem a alegria de viver.

- Porque não? Pensaram todos. Verdade ou não, mal não fará.

E a ideia foi se disseminando de forma viral como nunca se vira antes.
As comunicações digitais sem fronteiras daquela civilização altamente desenvolvida, logo incluíram todo planeta triste na ideia e, àquela altura, aquela ideia já havia se transformado num movimento planetário.

A coisa toda era muito simples: a partir do final do por do sol, e durante toda a noite até o nascer do sol seguinte, todos deveriam sair de casa com suas melhores roupas, elogiar e dar um sorriso para alguém que nunca tivesse visto antes.

E assim foi feito.

E, durante toda a noite, cada ser daquele planeta triste ofereceu e recebeu sorrisos e elogios de quem nunca havia visto antes.
As consequências imediatas foram as gentilezas mútuas que se seguiram. Com o passar das horas ninguém se contentava mais em dar apenas um sorriso ou fazer apenas uma gentileza.

E toda a população daquele planeta triste se embriagou de sorrisos, gentilezas, elogios, agradecimentos e de tudo que provocasse o sorriso alheio. Se embriagaram de bondades, cada um mais sorridente e gentil que o outro. E extrapolaram no melhor sentido possível, incluindo espontaneamente parentes, amigos, conhecidos e todos que lhes cruzassem o caminho.
Foi a maior festa que já havia acontecido na história daquela civilização.

A noite acabou e o dia seguinte nasceu diferente de todos os anteriores na história daqueles seres.

Aquela invenção havia gerado uma explosão de alegria e de empatia que jamais acontecera e fez cada indivíduo dar um sorriso que não daria e ser mais gentil do que, normalmente, seria. E as consequências foram todas.

A partir daquela noite, e em todos os dias que se seguiram, a vida naquele planeta não é mais triste.

E, desde então, no dia exato em que o planeta completa mais uma volta em torno de sua estrela, eles repetem aquele mesmo ritual.
E cada vez a vida se torna ainda melhor.

FELIZ ANO NOVO!

Esteja em que planeta você estiver.

- Edmir Saint-Clair

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ONDE TUDO SE ENCONTRA

 

Andei por muitos lugares, por perto, por longe 

                                                    e nas metades de caminhos,

Me detive onde havia música, onde havia olhares,

                                                                 paisagens e carinhos,

Também perdi muito tempo onde não deveria parar,

Onde os sorrisos não cabem não nos devemos demorar,

Encontrei muitos oásis, muitas pousadas amigas,

Também encontrei intrigas onde não deveria encontrar,

Em todas as praças encontrei crianças, encontrei amizades,                                                                 encontrei esperanças,

Pelos silêncios do mundo busquei por respostas, 

busquei por motivos, busquei por razões

                                                              que nunca encontrei.  

Vi que os lugares são muito diversos, 

                                            separados por distâncias infindas,

Todas mais lindas do que onde eu deveria estar,

Descobri o lugar onde tudo existe no mesmo momento 

                                                            e fazendo todo sentido,

Revelando os amigos, os amores e os sorrisos,

E, por fim, descobri que o final de todas as estradas 

                                                                                onde andei

Se encontram em mim.

Edmir Saint-Clair

UM SONHO DE NATAL

 

    A bicicleta, no meio daquela grande vitrine natalina, chamou-lhe a atenção. Era vermelha e modelo BMX, parecida com a primeira bicicleta que dera ao filho. Há mais de 30 anos. A lembrança foi automática e dolorida.

Na noite da véspera de Natal, perto do horário de fechar, os shoppings se tornam o maior dos infernos para quem está ali apenas para comprar um sifão da pia, que estourou. Até a loja de materiais de construção se apropriou do Papai Noel e colocou um pobre velhinho fantasiado para vender vasos sanitários e Box blindex em 12 vezes, porque é Natal.

Ele desistira de tentar gostar de Natal havia tempo, na verdade, não suporta a data. Gosta de passá-la como se não houvesse.

De tudo que já havia perdido, o contato com o filho era o que mais lhe doía. Esse seria o décimo ano, o décimo natal desde que haviam rompido. Nem uma troca de palavra sequer durante toda essa eternidade. Tentara uma reaproximação de diversas maneiras, durante todos esses últimos anos, mas nunca obtivera resposta alguma. 

Quando saiu, o shopping já estava praticamente fechado, assim como todo o comércio do bairro. Existe apenas uma noite, no Rio de Janeiro, em que os bares, restaurantes, farmácias e todo o resto do comércio fecha; é na noite de natal.

    Voltando para casa, pelo caminho mais longo, foi vendo o tráfego ir se reduzindo, os pontos de ônibus se esvaziando e pensou que não trocaria o sifão da pia naquela noite. Queria apenas dormir. Definitivamente, o natal não lhe faz bem.

Ele sabe, já passou várias dessas meias-noites na rua, por livre vontade. Saía de casa alguns minutos antes e passava a meia-noite na rua. Apenas para ver sua própria solidão tomar conta de tudo e imperar soberana. Não tinha mais medo de encará-la. Ao contrário, tornaram-se bons companheiros.

Chegou ao seu condomínio, parou na entrada da garagem e, enquanto aguardava que o porteiro lhe abrisse o portão, ouviu A voz inconfundível:

- Feliz Natal pai. Vamos passar juntos?

Era seu filho.

Edmir Saint-Clair

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UM NATAL INESQUECÍVEL

 

           Há alguns anos não festejava o Natal na minha casa encantada, o apartamento 1004 do Amarelo, no Condomínio dos Jornalistas, no Leblon. Apesar de morar no Rio, sempre passava as festas com a família, em Brasília. Naquele ano não fui.

No dia 24 de dezembro, acordei angustiado, era a primeira vez que não sentia a agitação característica desse dia especial acontecendo na casa dos meus pais. A árvore de natal armada na sala com direito a pisca-pisca ligado dia e noite. Esse ano a luzes não estavam piscando nem tinha árvore e eu senti falta. Eu já me achava adulto, mas, com certeza ainda não era. Aquele dia estava sendo uma experiência totalmente nova para mim. Um dia como eu nunca havia vivido antes.

     Para suprir aquela inquietude, resolvi chamar uma galera para levar um som lá em casa, depois das comemorações natalinas familiares. O combinado foi começar por volta de uma hora da manhã.

Desde cedo, a agitação no meu andar começou, como sempre, com as portas abertas dos apartamentos da Dona Letícia e da Dona Élida, exalando cheiros deliciosos de assados e outros quitutes. Logo que saí no corredor fui intimado a comparecer às duas ceias, que, no meio da noite, se fundiam numa só. Prometi que não faltaria, seria a primeira parada depois da ceia na casa da Dona Lila, mãe do Dedé, que já havia me convidado desde que soubera que eu passaria sozinho.

O transcorrer da véspera de Natal no Condomínio dos Jornalistas era uma festa desde que o dia nascia.

Chegavam pessoas de todos os cantos para os encontros familiares. Pessoas que, normalmente, não frequentavam as áreas comuns o faziam nesse dia, e o clima de festa se instalava.

O bar do Seu Antônio e da Dona Maria ficava lotado. Seu Joaquim não parava um minuto no sobe e desce pelos apartamentos do condomínio, abastecendo-os de cerveja e refrigerantes. Até o forno industrial do bar era cedido, gratuitamente, para alguns moradores e ficava lotado de assados.

 Era possível sentir no ar a harmonia que reinava.

 Minhas lembranças são de uma comunhão geral. Não havia quem passasse e não fosse recebido com um Feliz Natal, ao qual sempre retribuía contagiado pelo mesmo entusiasmo. Era dia de desejar felicidades a qualquer pessoa que entrasse no Jornalistas.  

A sensação era de que os corações floresciam. Em nenhum outro dia do ano havia tantos sorrisos.

Passar na casa dos amigos para as felicitações era uma tradição do Jorna e, naquela noite, a comilança foi interminável. Voltei para a minha casa, completamente empanturrado das melhores comidas de Natal que se pode imaginar. Fiz um tour gastronômico por todos os pratos típicos da culinária brasileira. Acho que foi naquele dia que comecei a ter barriga...

Apesar da saudade, naquele primeiro Natal que passei sem minha família, várias outras mães, pais e irmãos me acolheram. Não me senti sozinho um minuto sequer nem naquele dia, nem naquela noite.

Passadas as comemorações familiares, era hora da festa na minha casa encantada, o 1004. O primeiro a chegar foi o Dedé com um digestivo salvador. Logo vieram Abelha, Bode, Mito, Marquinho e a violada começou cada um no seu instrumento e eu com o lendário violão do Sig.

Não demorou para que os astros da noite também chegassem: Babalu, Kássio, Mário Japão, Cláudio Urubu e o Tuca. E foram chegando mais amigos e amigas e mais amigos de amigos e mais amigas de amigas e gente que eu nunca tinha visto antes. Porque era natal.

Fechamos a noite todos cantando e tocando juntos, acompanhando nosso amigo Cláudio Urubu em sua música mais bonita, em parceria com Raul Seixas, declarando ao mundo que íamos todos “... ficar com certeza Malucos Beleza”.

Acho que ficamos.

Edmir Saint-Clair

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PLENO - Poesia

 

Me darei inteiro,

Mas só a parte que te cabe, nunca tudo,

Porque sou muitos, tantos que nem sei,

E  você me dará o que quer e eu aceitarei se quiser,

Cobrar não está nesse roteiro, 

O inteiro pode estar numa fração

Só acredito no pleno, que mesmo se dando todo,

Ainda tem muitos todos para dar

Não sou metade, não busco metades,

Não acredito em metades

Porque às vezes até o pouco é demais

Seja o inteiro, a metade ou a fração

Em todos pode haver muitas verdades,

Em todos pode haver muita vontade, muito amor, muito tesão

Busco quem tenha sonhos próprios, os meus já os tenho

Preciso é de outros, para variar, para ter surpresas,

Para me encantar

Na verdade nem procuro, pois só assim poderei achar.


O MELHOR LUGAR DO MUNDO

 O MELHOR LUGAR DO MUNDO

 O melhor lugar do mundo é o colo da mãe,

É no meio dos amigos, é onde nos sentimos em casa,

O melhor lugar do mundo é vencendo desafios,

É conquistando mares nunca d’antes navegados

                                                 com quem nos sentimos felizes,

É andando de bicicleta sem rodinhas,

                                               Com nosso pai nos amparando,

É no campo jogando bola ou búlica,

Ou Pique-bandeira e esconde-esconde,

O melhor lugar do mundo

                                          é numa brincadeira de criança,

É no abraço de um amigo, 

                                                É num beijo de namorados,

É o nosso canto no mundo,

É onde nos sentimentos aceitos e aconchegados.

O melhor lugar do mundo é dentro do coração

E da história de quem amamos.




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UM OUTRO MUNDO – Poesia


 

Enquanto a noite amanhece lenta

Nossos Corpos se reconhecem quentes

Revelando mundos

 Que afinal se entendem

Muito, todo, tudo

Sangue trocando de veia,

Renascendo dentro de um mundo à parte

Construído pela arte que só o amor sabe fazer

Onde a alegria manda, onde o desejo ganha

Onde o tocar das bocas é a fala mais urgente

Um mundo além do mundo

Um mundo além do sonho

Um mundo além da gente

Porque ao sonho faltam

a tua carne, as tuas unhas e os teus dentes.

- Edmir Saint-Clair

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UMA NOVA LISTA DE ANO NOVO

 

Dezembro, o mês mais emocional do ano.  

Parece a chegada de uma gigantesca maratona da qual toda a população participou. A sensação coletiva é de exaustão, de enorme cansaço físico e emocional. Para onde olharmos, veremos a mesma coisa. Uma mistura confusa de afetos e sensações contagiantes que nos coloca, a todos, num mesmo e imenso barco onde juntos navegamos por águas sentimentais que provocam uma fragilização emocional coletiva alimentada freneticamente pelas mídias e toda sorte de propagandas, músicas e decorações natalinas onipresentes até onde a vista e os ouvidos podem alcançar. Não tem como fugir.

Faz parte da nossa cultura essa “emocionalização” potencializada pelas festas natalinas e pelo final do ano. Em suas origens, havia um apelo religioso que, por conseguinte, conduzia as pessoas à reflexão típica da cultura judaico-cristã, que sempre leva todos os "pecadores" a um certo grau de sentimentos de tristeza e culpa. A tradição é pensar em nossos erros, frustrações e ausências.

Mesmo que não tenhamos feito lista alguma de resoluções e planos para o ano novo, o que nos vem à lembrança é uma relação de coisas que pretendíamos ter realizado e não o fizemos. A data que, hoje, tem pouco de suas origens religiosas, foi engolida pelo Marketing que aproveitou essa “emocionalidade” exacerbada, potencializando-a ainda mais, através das ações de publicidade, fazendo transbordar essas emoções de frustração e culpa que são habilmente canalizadas para o aumento do consumo de bens.

Quanto mais o envolvimento, a emoção e a culpa forem despertadas, mais cada um de nós vai gastar dinheiro.

Ao refletir sobre esse movimento anual, me parece que valeria a pena experimentar uma forma de, ao chegarmos ao final do ano, em vez de pensarmos nas besteiras e bobagens que fizemos ou deixamos de fazer, como em todos os anos passados, pudéssemos reconhecer nossos acertos e mudanças positivas.

 Pensando numa maneira leve e produtiva de alcançar esse objetivo, podemos brincar de fazer durante o ano seguinte, uma lista que pode mudar completamente essa sensação desconfortável que a “tristeza de fim de ano” provoca na maioria de nós.

E Se, em vez dos afetos negativos, no próximo ano tenhamos uma relação de afetos positivos para recordarmos?

Pensando nisso, proponho AMA NOVA lista de ano novo.

A diferença, é que não será uma lista de planos e metas sobre entrar na academia segunda-feira, começar um regime ou aprender um novo idioma.

Será uma lista de realizações e não uma lista de desejos.

A nova lista será feita não antes, mas durante o desenrolar do novo ano.

Uma brincadeira diária de registrar nossos eventos rotineiros, mas só as ações que foram efetivamente realizadas, que aconteceram de verdade. Porque de boas intenções o inferno já nos enche diariamente.

E o objetivo maior é aumentar o autoconhecimento de forma leve e nos dar reais motivos para acreditarmos em nós mesmos.

A NOVA lista de ano novo:

1 - Anote tudo que acontecer de bom com você, todos os dias. Por mínimas que sejam.

2 - Registre todas as manifestações culturais as quais tiver acesso e as suas impressões sobre o que sentiu. Seja Um artista de rua, um cantor desconhecido no barzinho, filmes, peças de teatro...e claro, as grandes produções que assistir.

3 - Registre todas as vezes em que perceber um traço em si que não lhe agrada. Escrever potencializa a introjeção e induz a reflexão sem culpa. Na primeira oportunidade tente fazer diferente e anote com destaque quando conseguir.

4 - Anote todas as vezes que conseguir se conter e evitar uma briga na qual, normalmente, você se envolveria.

5 - Anote todas as vezes em que conseguir trocar a competitividade pelo companheirismo.

6 - Registre as vezes em que estiver sozinho e sentir uma sensação gostosa de alegria e bem-estar.

7 - Anote, com destaque, todas as vezes em que conseguir AGIR exatamente como você gostaria.

 Dessa forma simples e acessível a qualquer pessoa, no final do ano seguinte, teremos inaugurado um caminho totalmente novo, através do autoconhecimento, para nos orgulharmos de nós mesmos por motivos concretos e determinantes. 

E estaremos alimentando a crença mais importante e positiva que existe: a crença de cada um em si e de que, todos, temos o poder de modificar a nós mesmos.

FELIZ 2024!




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O CONSELHEIRO NOTURNO

 



O último ano havia sido difícil. Aos 32 anos, divorciado, uma filha de nove anos e um emprego que lhe permitia apenas o básico, havia desistido de seus sonhos. Sua vida estava parada, havia tempo. De tudo, somente a filha valera a pena. Enquanto pensava, caminhando pela av. Afrânio de Mello Franco em direção à Lagoa, naquela quase 1h da madrugada de uma terça-feira chuvosa, tudo o que sentia era pena de si mesmo.

Caminhava vagarosamente, afinal não estava indo a lugar algum, aliás, nunca ia. A insônia, que há tempos o acompanhava, com certeza o faria chegar atrasado ao trabalho na manhã seguinte e isso lhe renderia mais uma bronca do chefe, e o círculo vicioso mais uma vez se autoalimentaria, tirando-lhe os sonos futuros.

Tudo o que desejava, era poder escrever suas estórias. Mas, como e por onde começar? 

Tudo o que ele havia escrito até agora, não passava de textos baratos, cheios de clichês, que quando muito impressionavam alguma moça mais desavisada. No fundo, ele acreditava que poderia produzir algo bom, mas, já não tinha certeza. Sentia-se um velho em fim de carreira nenhuma. Pensou na filha e um nó subiu-lhe a garganta, soluçou, sem chorar, um suspiro profundo, como se seu corpo expulsasse o excesso de tristeza que já não comportava. Ele vinha caminhando e virou na Rua Humberto de Campos e passou pela porta da 14ª Delegacia de Polícia no piloto automático. A rua estava tão deserta quanto seu espírito. Não via saída.

A solidão soava como paz. Para onde seu pensamento fosse lá estava a angústia que aumentava a ansiedade que aumentava a velocidade com que sua mente lhe aterrorizava com pensamentos fatalistas. Sentia raiva, ansiedade, angústia e muita pena de si mesmo. Não tinha para onde correr nem a quem recorrer. A rua deserta estava em perfeita sintonia e a chuva cessara. Apenas pingos caiam das folhas das árvores encharcadas. Não estava frio, nem fazia calor. Não estava nada.

Acendeu o baseado e entrou na Rua José Linhares. O entorpecimento que a maconha lhe causava era um alívio grande, a sensação do primeiro trago nublava os pensamentos. Os tragos seguintes realçaram os barulhos da chuva, a iluminação amarelada e parcialmente coberta pelas árvores encorpadas. O prédio que ocupa a esquina entre as duas ruas, Humberto de Campos com José Linhares, tem um formato em L, e uma marquise em frente à entrada da porta de madeira da garagem, uma boa proteção contra a chuva. E, é escuro. Um canto na rua. Fumando o baseado ali, no canto e encolhido, estava se sentido o melhor que poderia naquele momento. Percebeu um vulto chegando quando já bastante próximo e se assustou. Era o porteiro que parou, fitando-o sem falar. Ele se sentiu intimidado e saiu da entrada da garagem.

Sentir-se intimidado não era novidade. Seus pais não o deixavam esquecer esse sentimento. Era um exilado, um estorvo que ocupava um quarto sempre de portas fechadas. A sensação era de constante ameaça. Velada, obscura e onipresente. Uma prisão sem grades, uma tortura sem ferros. Pensou que a única coisa em comum entre aquelas três pessoas, que poderiam ser uma família, era a crença de que ele não era nada. E nunca seria. Ele deu errado. Sua vida era um erro.

Caminhou até a metade do quarteirão e parou em frente a um prédio em construção, onde estava mais escuro e não tinha porteiro, encostou-se num carro estacionado ao meio fio. 

Foi impossível não notar o carro preto reluzente, de linhas futuristas, os vidros completamente negros bloqueavam completamente a visão de seu interior. Era o tipo de carro que gostaria de ter, se pudesse.

 Mas não podia. Após o divórcio, havia voltado a morar com os pais e a probabilidade era de que jamais sairia de lá.

E, mais uma vez, pensou em algo que há tempos lhe seduzia: a morte. Desta vez, a ideia passou a ser plano imediato. Havia acabado de comprar uma caixa de cada um de seus ansiolíticos e remédios para dormir, na única farmácia que lhe vendia sem receita, com ágio, é claro. Geralmente, lembrou, esse é um dia razoável do mês. Sentia-se um pouco menos inseguro. Ter seus medicamentos à mão é o que havia de mais próximo de um estado menos tempestuoso. Sua segurança e consolo eram as pílulas. Lembrou-se do outro lado da moeda, dos dias em que os remédios estavam no fim, e o coquetel de sentimentos e sensações de angústia, ansiedade, insegurança e medo aumentavam, pela simples possibilidade de ficar sem os medicamentos. Não ter as receitas reduzia sua possibilidade de compra a uma única farmácia. Sem eles era impossível dormir, impossível viver. A simples lembrança daquela sensação causou-lhe um pico de angústia que lhe rasgou o peito.

Seus olhos choraram o choro de sempre. A rua estava escura como sua alma.

Aquela angústia intransponível lhe remete a um pensamento que vinha amadurecendo nas noites insones.

− Trinta comprimidos de ansiolítico mais trinta comprimidos de soníferos vão me livrar de tudo isso... Pensou. Dormir, a coisa que ele mais gostava e mais fazia. E assim, tudo estaria resolvido.

 Enquanto tirava um trago maior, sentiu a porta do carro em que estava encostado, abrir. Sua reação automática foi esconder o baseado. Ele vivia escondendo tudo de todos.

Um homem bem-vestido, com um curioso chapéu preto que lhe cobria o rosto, aproximou-se. O som de sua voz pareceu-lhe familiar quando o homem lhe pediu para fumar de seu baseado.

A princípio, ele teve receio, mas algo lhe soava confiável naquele homem. Manteve a cabeça abaixada para esconder as lágrimas. O estranho pegou o baseado e, enquanto prendia a fumaça, dirigiu-se a ele, sem mostrar o rosto.

- “Sei exatamente o que você está sentindo agora...”

Ele levantou a cabeça e tentou ver o rosto do homem. O estranho evitou o olhar e continuou.

- “Não se preocupe, você não irá fazer o que está pensando, eu lhe garanto.”

Puxou mais uma vez o cigarro fazendo com que a brasa reluzisse e uma cortina de fumaça tornasse ainda mais difícil a visão de seu rosto.

As palavras daquele homem o estavam assustando, afinal como poderia ele saber o que estava pensando. Não poderia, pensou, ele deveria estar apenas se utilizando de clichês, pois não seria difícil alguém perceber sua angústia. O estranho continuou.

− “Não tenha receio, eu sei que tudo isso parece e é muito estranho. Mas, esse momento vai mudar profundamente a sua vida, para melhor. O tempo se encarregará de lhe confirmar... apenas acredite nisso...

E continuou a falar-lhe, como se soubesse de cada pensamento que lhe ocorrera naqueles momentos que antecederam aquele inusitado encontro.

O estranho continuou falando calma e pausadamente, enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto, incontroláveis. Ele mantinha a cabeça baixa tentando esconder a profusa emoção. O estranho, de chapéu preto, facilitava sua tarefa evitando olhar em sua direção, sem parar de falar. Parecia saber exatamente o que fazia ali.

Foram interrompidos por uma jovem que irrompeu de algum lugar que ele não percebera.

− “Vamos pai?”

A voz feminina, fez com que ele se virasse a tempo de ver uma mulher de cabelos bem lisos, longos e castanhos entrando no carro, não pode ver-lhe o rosto, mas o som daquela voz provocou-lhe uma sensação desconhecida, ele não soube identificar aquela sensação.

O carro arrancou sem que o homem se despedisse. Não tivera tempo de perguntar-lhe nada. Na verdade não emitira uma palavra sequer. Realmente, pensou, não falei absolutamente nada e ele sabia tudo. 

As lágrimas e o choro haviam parado. Ele estava quase catatônico. Estático. Sem reação alguma. Fumou o resto do baseado e, quando acabou, ainda não conseguia ordenar o raciocínio.

Quem seria aquele estranho que pareceu conhecê-lo tão bem?

O que estaria ele fazendo parado ali, em frente a um prédio em construção à 1 hora da madrugada, como se o estivesse esperando?

Talvez estivesse esperando a filha, que ele não viu de onde surgira. Essa lhe pareceu uma boa resposta a essa pergunta, mas e as outras? Sua cabeça começou a rodar, e por pouco ele não caiu. Após recuperar-se, a primeira coisa que percebeu foi que a angústia havia desaparecido. Completamente. A ideia do suicídio começou a perder sentido. De alguma forma, aquele estranho modificara seu pensamento. Foi para casa procurando respostas para um monte de perguntas que ele mal conseguia formular e muito menos responder. Por fim, já em casa adormeceu profundamente, como não acontecia há anos.

No dia seguinte, passou a manhã toda no trabalho, fazendo contas e chegou à conclusão que caso fosse demitido, o dinheiro que receberia por conta de indenizações, salário desemprego e etc., o manteria por alguns meses e ele teria algum tempo para para tentar alguma coisa que lhe trouxesse real prazer. Sentia-se mais motivado, e aquele estranho tinha tudo a ver com isso.

As palavras daquele homem o haviam influenciado de uma forma diferente, e ele não conseguia entender por que elas haviam penetrado tão profundamente em seu espírito.

O Conselheiro Noturno, como passaria a chamá-lo, demonstrou tanta segurança no que falara que o contagiou de uma forma definitiva. A cada instante, a partir daquele dia, todas às vezes que batia o desânimo, pensava no Conselheiro Noturno.

Começou a visitar algumas agências de publicidade, oferecendo-se como redator, mas a princípio nada parecia promissor o bastante, por fim conseguiu um estágio, não remunerado, numa pequena agência. A partir daí, sua vida começou a mudar. Mas, era apenas o começo de uma longa caminhada. 

⸎⸎

Havia-se passado 25 anos e ele, agora, é diretor de criação de uma prestigiada agência de propaganda, com dois livros publicados e um terceiro em fase de acabamento. Tem um carro que lhe parece semelhante ao do Conselheiro Noturno, não igual, afinal, o seu é do ano e o Conselheiro viera há mais de duas décadas, mas estava satisfeito em ter um que ele achava pelo menos parecido. De resto, a lembrança daquela noite nunca se desvanecera.

O dia, hoje, é muito especial. Sua filha acabou de se mudar para o apartamento dado por ele e escolhido por ela. Vão sair juntos para jantar e comemorar o primeiro dia dela na casa nova. Uma ocasião única, com a qual sonhara muitas vezes.

Ele chega à agência um pouco mais cedo que seu costume, não quer se estender nos compromissos do dia. O dia está cinza e chuvoso, mas lhe parece radiante. Dias de chuva no Rio podem ser muito bonitos e agradáveis.

Seu celular toca, é sua filha pedindo o carro emprestado para cumprir algumas tarefas da produção teatral na qual está trabalhando. Combinam que ela deixará o carro na garagem dele ao final do dia.

Resolve almoçar sozinho perto da agência, em Ipanema. O tempo está chuvoso e, depois de comer, sente vontade de caminhar até a Praça N. Senhora da Paz. O local está molhado e, por isso, deserto. Espana as gotas do banco e senta. Instantaneamente, lhe vem à cabeça o Conselheiro. Uma estranha sensação lhe invade, não tem ideia do que seja mas, já sentira uma vez, uma única vez. O Conselheiro Noturno parecia rondá-lo.

Já passava da meia-noite, quando sua filha lhe telefona dizendo que ficara arrumando algumas coisas e que por isso perdera a hora. Ela o deixou à vontade para remarcarem, caso achasse que estava muito tarde, poderiam deixar o jantar para o dia seguinte, mas ele insiste, aquele era um dia único na vida dos dois, o primeiro em que ela era dona da sua própria casa. E reconfirmaram o compromisso, ele iria pegá-la em casa.

Ele para em frente ao prédio da filha e fica no carro, esperando que até que ela desça. 

De repente, sente a parte traseira do carro abaixar, alguém se apoiou no veículo. Sente um cheiro de maconha e um arrepio intenso percorre sua espinha, irradiando-se por todo o corpo. 

Só então ele percebe que está no mesmo lugar onde estava há exatos 25 anos. Olha para trás e vê, no banco traseiro, um chapéu preto que sua filha havia esquecido quando saíra à tarde com o carro.

Naquele momento ele soube quem era o Conselheiro Noturno e o que tinha que fazer. 

Abriu a porta do carro, pegou o chapéu e foi cumprir seu destino.  

 - Edmir Saint-Clair


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