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CONVERSAS NECESSÁRIAS - À VENDA



 

CONVERSAS NECESSÁRIAS

Memórias, Contos e Ensaios 

Há histórias que entretêm. Outras, que inquietam.
E há aquelas que nos encontram — 
no silêncio de uma lembrança, no espanto 
de uma revelação, ou naquele instante 
em que tudo parece fazer sentido.
“Conversas Necessárias” é um convite 
ao leitor que busca mais do que palavras:
busca entendimento, evolução e autoconhecimento.

Crônicas reais, contos fantásticos e ensaios filosóficos se entrelaçam 

neste livro que percorre o vivido, o imaginado e o pensado — 

com lirismo, ironia e profundidade.

Porque há conversas que mudam o mundo. 
E outras, que mudam a gente.


 

ORCAS SELVAGENS OFERECEM COMIDA A HUMANOS

 

        Orcas selvagens oferecendo comida a humanos é um comportamento que cativou cientistas e entusiastas de animais, revelando um lado desses predadores de topo que é ao mesmo tempo curioso e inesperadamente generoso. Nas últimas duas décadas, pesquisadores documentaram pelo menos 34 encontros em oceanos, incluindo o Pacífico Norte, o Atlântico Norte e o Hemisfério Sul, nos quais orcas apresentaram aos humanos presentes que variavam de peixes e algas a águas-vivas, pássaros mortos e até focas. Em muitos casos, as baleias não simplesmente abandonaram a oferta; elas permaneceram por perto, observando atentamente como se estivessem esperando uma resposta, sugerindo uma forma rara de "altruísmo generalizado" ou uma interação exploratória com humanos.

Nem todas as populações de orcas se envolvem nesse comportamento—aqueles que caçam perto da superfície e dependem da visão são muito mais propensos a se aproximar das pessoas, enquanto caçadores de águas profundas que utilizam ecolocalização não foram observados fazendo isso. Essas interações parecem refletir o compartilhamento social de alimentos observado dentro dos grupos de orcas, sugerindo uma compreensão sofisticada de dar e receber, mesmo entre espécies diferentes. No entanto, os cientistas alertam que tais encontros não devem ser incentivados. Orcas são animais selvagens e poderosos, e a interação próxima traz riscos tanto para os humanos quanto para as próprias baleias. Observar a uma distância segura permite que as pessoas apreciem a notável inteligência e complexidade social das orcas sem perturbar seu comportamento natural.

Essas trocas extraordinárias, nas quais os caçadores mais habilidosos do oceano estendem ofertas inesperadas, desafiam nossas suposições sobre a divisão entre humanos e animais selvagens, revelando um vislumbre de conexão, curiosidade e generosidade que transcende espécies. Elas nos lembram que, mesmo na vastidão do oceano, laços de consciência e interação podem se formar, iluminando as mentes sutis de criaturas há muito admiradas por seu poder e majestade.

A DOIS

 


            Não é preciso muito para que o mundo se acomode. Um, mergulhado nas páginas de um livro, o outro viajando pela internet, sem pressa. Não há cobrança, apenas um silêncio que não pesa. Um silêncio amigo, tecido de respirações, de olhares cúmplices que se encontram sem pedir licença e se dizem mais do que qualquer frase feita.

O bem-estar verdadeiro de um casal não nasce apenas das grandes viagens ou dos planos elaborados, mas de um cotidiano manso que nos devolve a sensação de pertencimento, de lar, de aconchego. Um domingo à tarde, quando o tempo se estica preguiçoso, pode ser mais pleno que uma festa. Porque há cumplicidade no simples ato de estar juntos sob o mesmo teto.

E quando a noite chega e as palavras e as ideias resolvem brincar de madrugada, não há quem queira dormir cedo. A conversa corre solta, vai e volta, tropeça em lembranças, inventa futuros e acha graça de tudo. O coração se enche dessa leveza rara: a de saber que, entre risadas e confidências, ou mesmo no silêncio, a vida encontra sentido.

Não é o que se diz, é o que se sente. Não é a festa, é a casa. Não é o barulho, é o eco de duas almas que se aconchegam para descansar uma na outra.

Edmir Saint-Clair

SENTIMENTOS E VERDADES - ONDE TUDO SE ENCONTRA

 


O VERDADEIRO SENTIDO DAS PALAVRAS

        Nos tempos atuais, muitas palavras perdem seu significado original por uso descuidado ou manipulação intencional. Um exemplo claro é a confusão entre "evolução" e "progresso". Embora pareçam sinônimos, seus sentidos são bem diferentes.

Evolução significa mudança ao longo do tempo, sem qualquer conotação de valor. Como Darwin explicou em "A Origem das Espécies": "Não são os mais fortes que sobrevivem, nem os mais inteligentes, mas os que melhor se adaptam às mudanças." 

Portanto, evoluir não significa necessariamente melhorar, mas apenas se ajustar às condições do momento

Progresso, por outro lado, traz a ideia de avanço, de conquista e aperfeiçoamento. Hoje, quando se diz que uma sociedade "evoluiu", a maioria das vezes se quer dizer que ela "progrediu". No entanto, nem toda evolução é uma melhora, um progresso. Existe uma expressão muito usada por hospitais em comunicados a mídia: “ O paciente evoluiu a óbito”.  Convenhamos que isso não significa melhora em nenhum sentido.

Existe evolução sem progresso. Um sistema político pode evoluir para algo ainda mais repressivo; uma tecnologia pode evoluir e ser usada para fins escusos. No entanto, não há progresso sem evolução. Todo avanço, para ser considerado progresso, precisa antes transformar o status quo no qual brotou.

Como Nietzsche alertou: "Palavras são símbolos que a multidão manipula à sua maneira." 

Se não tomarmos cuidado, acabamos aceitando ideias distorcidas sem questionamento. Resgatar o verdadeiro sentido das palavras não é apenas uma questão de precisão, é uma forma de preservar a clareza na comunicação de ideias, objetivos e ações.

Edmir Saint-Clair 


 

SEXTA-FEIRA: TÕ ACHANDO QUE É HOJE

 

        Sexta-feira não começa na sexta. 

Começa na quarta, quando alguém manda no grupo: “Sexta vai rolar ou vai flopar?”. E ali já brota, feito espinha em adolescente, a ansiedade do amor em potencial.

Homens ajeitam a barba como quem afia esperanças. Mulheres fazem a unha como quem desenha destino. Uns puxam ferro na academia com mais fé do quem joga na mega sena acumulada. Outras passam creme no cabelo com a mesma devoção de quem prepara oferenda pra Iemanjá.

Todos disponíveis, todos à espera do épico: um beijo de cinema, uma troca de olhares que pare o tempo, ou — no mínimo — alguém que saiba usar vírgula e não diga “menas”.

Chega a noite. Os copos tilintam, os corpos se aproximam, os celulares somem nos bolsos e o coração vira bússola: será aqui? Será hoje?

E se não for, tudo bem. Amanhã é sábado. E sábado, no fundo, é só a sexta com ressaca emocional e mais fé ainda no acaso.

Edmir St-Clair


LIVRE-ARBÍTRIO — SIM, NÃO… OU TALVEZ?

        Os neurocientistas dizem que nossas decisões são tomadas milissegundos antes de acharmos que decidimos. Ou seja: o cérebro escolhe primeiro, e depois a gente inventa uma justificativa bonitinha para parecer autor da história. Livre-arbítrio ou marketing pessoal do córtex pré-frontal?

Os filósofos, por sua vez, se dividem entre os que acreditam que somos senhores do nosso destino e os que acham que estamos apenas cumprindo o roteiro de um universo irônico e com péssimo senso de humor.

Com certeza, o livre-arbítrio não é um botão "liga/desliga". Depende do pensamento, do trabalho do cérebro. Envolve genética pessoal, ambiente cultural e mais todas as crenças que formam um indivíduo.

Compartilho da desconfiança de que seja uma espécie de músculo da consciência, que a gente vai desenvolvendo — ou atrofiando — ao longo da vida. Um viés evolutivo que nos torna cada vez mais humanos.

Talvez, em vez de perguntar "existe ou não?", a pergunta mais importante deva ser:
Quanto você já conquistou de autonomia sobre si mesmo?

Porque todo mundo quer liberdade. Mas poucos topam pagar o preço: autoconhecimento, responsabilidade e aquele silêncio incômodo de quando você para de culpar o mundo e se depara com a responsabilidade sobre as próprias decisões.

Penso que, talvez, o livre-arbítrio não seja simplesmente um dom humano e, sim, uma possibilidade. Uma conquista árdua e gigante.

A resposta a essa pergunta tem consequências muito profundas — e bem mais determinantes do que podemos supor à primeira vista.

Edmir Saint-Clair