ORIENTADOR LITERÁRIO

O ORIENTADOR LITERÁRIO é um profissional que acompanha, ensina e participa de todo processo de criação de um livro. - - - - -- UM PROFISSIONAL EXPERIENTE, especializado em redação criativa, capaz de despertar toda a sua criatividade potencial escondida. = - - - - - - UM PROFESSOR que vai transformar a sua forma de criar e escrever; - - - - - - Experimente, é terapêutico e libertador. - - - - - - AS HISTÓRIAS QUE SÓ VOCÊ TEM PARA CONTAR VÃO FICAR PARA SEMPRE.

O NOME DO AMOR - Poesia

O amor nunca se chama amor

                    Sempre tem nome,

                Sempre tem cheiro,

                 Sempre tem gosto,

Sejam quantos forem,

De que tipo sejam,

Cada um tem seu nome próprio,

                                                          E único,

Tem seu próprio jeito


E nunca lhe falta um sentido,

     Mesmo não podendo ser visto,                      

Apesar dos vários rostos,     

                                                 Várias vozes,        

Vários leitos,


O amor é o que resgata, é o que afoga,

                                                  É o que pulsa,

E é o único que expulsa toda dor que carregamos.

 

O teu amor é o que me salva de mim mesmo,

                                      E o que te nasce no meu peito.


- Edmir StClair



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PARALISIA FUNCIONAL


Há períodos em que nos vemos tomados

por uma espécie de paralisia, agoniante e insuportável.


É como naquela brincadeira de criança que, de repente, alguém grita “estátua” e todo mundo tem que parar na posição que estiver. Ninguém se mexe. A gente pensa, mexe os olhos, respira, mas não se mexe.

São muitas idéias, muitos projetos e uma falta total de ação. Uma impossibilidade física de produzir, mesmo com toda a matéria prima pronta, organizada na cabeça e energia saindo pelo ladrão. Falta aquele clique que desencadeia o desenrolar dos acontecimentos. Mas, não clicamos. Adiamos. Não dá trabalho algum, mas não clicamos. Não agimos, não fazemos o que temos e queremos fazer.

A ansiedade aumenta, o bolo no peito sufoca, porque falta-nos a ação. Como se o nosso corpo não obedecesse ao comando. Uma agonia perturbadora que pode chegar a extremos.

O cobrança por alto desempenho tem nos levado a quadros de ansiedade capazes de nos tirar o impulso de agir até mesmo para buscar ajuda . Além da cobrança do mercado de trabalho temos, mais importante do que essa, a nossa própria cobrança interna, não raro, ainda mais cruel.

Esse compromisso compulsório com algo que nem sabemos direito o que é, está presente o tempo inteiro, diariamente, em todos os campos de atuação, nos fazendo adoecer e causando, muitas vezes, distúrbios incapacitantes. A ansiedade paralisante é apenas uma delas.

Gera uma inquietação onipresente e oculta, que sempre tem como subproduto cumulativo as crenças negativas sobre si mesmo, que subtraem porções significativas de nossa qualidade de vida e saúde, a cada minuto. 

Não existe um motivo evidente que, por si só, justifique o estado permanente de tensão. Mas, ele está lá, atrapalhando, incomodando e, às vezes, paralisando. Uns dizem que é medo do sucesso, outros que é medo do fracasso. E, por aí, se desenvolvem milhares de teorias que vendem como água no deserto, sob a forma de literatura de autoajuda.

O compromisso com o desempenho, em todos os aspectos, que nos é imposto por todos os lados reais e virtuais, é algo terrível que pode nos empurrar para uma vida muito pesada e difícil.

Precisamos deixar de lado essa cobrança cruel e desumana que a "sociedade", essa entidade fantasmagórica que age nas sombras dos nossos próprios pensamentos, nos impõe. 

Quanto menor nosso autoconhecimento maior será essa influência negativa, se manifestando nas várias formas desse transtorno paralisante. Ele pode chegar a níveis literalmente insuportáveis. Por vezes, até respirar fica difícil.

Quanto maior nosso autoconhecimento, autoestima,  ferramentas psicológicas aprendidas e nossa rede de apoio humano, menos esse condicionamento social cruel e determinante nos influenciará.

Ainda bem que vivemos em tempos onde as terapias oferecidas pela neuro-psicologia já nos oferecem recursos para transformar toda essa agonia e ansiedade em crescimento, evolução e qualidade de vida.

A boa notícia é que existe saída.


 - Edmir Saint-Clair

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QUEM TEM SAUDADE DO MERTHIOLATE ARDIDO?

 

Acho fantásticas as oportunidades únicas que as mídias sociais nos proporcionam para observar o comportamento humano. Não existe lugar onde as pessoas se exponham mais. Conheço pouquíssimas que conseguiram se manter à parte até agora.

Hoje, é a principal fonte de dados sobre hábitos, comportamentos e opiniões. Não fossem as limitações impostas pelos famosos algoritmos que limitam o alcance de cada perfil, os institutos de pesquisas nunca mais teriam que sair às ruas. 

Quem estuda para entender sobre pesquisa e estatística, sabe como interpretar esses dados, podendo-se chegar a saber até a cor da roupa de baixo que a pessoa usa, quantas vezes por dia vai ao banheiro ou bebe água.

Tenho algum conhecimento técnico de como tabular e interpretar pesquisas, por ser publicitário e escritor, e isso tem uma valia inestimável para subsidiar meus trabalhos.

Dentre algumas postagens recorrentes, uma tem me chamado a atenção em especial: a exaltação das surras de cinto, de sandálias, tapas e outras lembranças da truculência e agressividade de certas práticas "educacionais" praticadas até poucos anos.

Causa-me estranheza a que ponto chega o saudosismo e a melancolia de alguns. Além, é claro, da falta de conhecimento sobre os incríveis avanços da ciência em todos as áreas do desenvolvimento humano.

Nunca pensei que veria meus contemporâneos se tornarem tão reacionários e resistentes a passagem do tempo, aos avanços dos conceitos, costumes e entendimentos sobre os processos que nos constituem, a ponto de fazerem declarações louvando surras de cinto e outras barbaridades praticadas e que, graças a evolução dos conhecimentos, foram banidas da esfera do aceitável.

As mesmas pessoas que proclamavam a paz e o amor no final do século 20, hoje, se dizem saudosas das surras de sandália ou de um tapa estalando na pele. Cadê a paz e o amor, principalmente com os filhos? Era só modinha? Parece que no Brasil, era sim.

Quando vejo as surras com sandálias, cintos e varas sendo consideradas e saudadas como “ferramentas educacionais” que fazem falta "hoje em dia", sinto muito mais pena do que raiva.

Quem tem saudade de um tempo em que apanhava com aqueles apetrechos é porque deve estar, atualmente, apanhando muito mais dolorosamente da vida. Deve estar se sentindo tão excluído do mundo, que o ruim de ontem lhe parece melhor do que a vida lhes oferece hoje.

A raiva deve ser tanta que o desejo é sair dando porrada em tudo que lhes desagrada, pela solidão que a evolução lhes impõe, por não conseguir compreendê-la.

 Mas, essa obsolescência tem cura; o conhecimento e a autodeterminação.  

Há sempre coisas novas a serem descobertas, coisas interessantes, sejam quais forem os interesses.

Novidades estão sendo criadas, descobertas e pensadas todos os dias. E, não existe melhor forma de manter a importância da vida do que se importar com ela, do que cultivar a curiosidade. Do que continuar tendo a sede de saber os porquês.

A vida só se importa com quem se importa com ela.

A certeza é a pior inimiga da evolução. Quem acumula muitas certezas e não deixa espaço para novas dúvidas e mudanças, se torna obsoleto.

O obsoleto não tem mais importância, não tem serventia e já não conta mais, é carta fora do baralho.

Deve ser muito triste se sentir obsoleto, que é a mais dolorosa característica de quem perde o trem da história; a inutilidade existencial.

Para esses, a passagem do tempo arde muito mais do que o mais ardido dos merthiolates de antigamente. 

 - Edmir Saint-Clair



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PRECISANDO VER SESSÃO DA TARDE

 

 Estava mesmo precisando ver uma Sessão da Tarde. 

Não estou falando do programa da Globo que deu origem ao que, hoje, é um rótulo cinematográfico brasileiro para designar produções açucaradas e fantasiosas. Em tempos de streaming, filme tipo Sessão da tarde pode ser em qualquer horário. Basta ser um daqueles em que o bem vence o mal, a amizade vence o egoísmo e o amor vence tudo.  A gente precisa disso, de sonhos, de esperança e de utopias ingênuas e aleatórias.

 É assim que nós, seres humanos, conseguimos nos reabastecer de esperança para continuar nossas batalhas pessoais, superpotencializando nossas qualidades e projetando-as em heróis e heroínas, que são tudo que não conseguimos ser em nosso dia a dia. E, já que a neurociência caminha para provar que realidade é uma “produção cinematográfica” original e única, do cérebro de cada um de nós, às vezes, é preciso fabricar ao menos a ilusão de um final feliz, embarcando na beleza dos contos, quase infantis.

 É a nossa hora do recreio na vida, um intervalo na realidade, onde brincamos e nos reabastecemos de sonhos e nos permitimos viver mais leves, provando que todos nós, no fundo, ansiamos pela redenção da vida.

Por aqueles momentos em que temos certeza absoluta de que a vida, às vezes, tem até trilha sonora e que vale, mesmo a pena, ser vivida.

Edmir St-Clair

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CANSAÇO - Poesia



Baixei armas ao chão, onde já me sinto,

Pesa demais esse arsenal que me protege,

Desabotoei meu colete à prova de gente,

Porque não há mais gente 

                                        a minha volta, 

E sem gente não há dor


Descalcei as grossas botas que me afastam da areia

                                                Da minha praia

Deitei escudos, blindagens e artifícios dos meus medos,

                        E, finalmente, chorei,

                       Liberto de vencer.


- Edmir Saint-Clair


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O SOFRIMENTO FANTASMA

 


O mundo está em sofrimento. 

O mundo animal e vegetal, aquático e terrestre 

estão degradados, aviltados e estuprados em suas essências.

Bilhões de escravos de poucos senhores. Senhores que também sofrem. Um sofrimento invisível e constante, onipresente e multi-estimulado.

Nossa civilização é nossa principal doença. A ausência de sentido faz milhares de vítimas fatais de si mesmas por dia.

Na era das relações líquidas, que Zygmunt Bauman descreve com tanta precisão, a nuvem de insegurança e medo que sempre pairou sobre a humanidade, cresceu muito e abarcou todos os tipos e níveis de relações, indiscriminadamente. O resultado é a sensação de desamparo absoluto e geral.

Mas, é mais do que isso. Todos sentem, mas não sabem o quê, exatamente,  sentem. Apenas sentem um incomodo terrível e inominável.

Algo concreto e, ao mesmo tempo, muito difuso, quase metafísico.

Não sabemos porque sofremos, apenas sabemos que sofremos. É um sofrimento tão visceral e tão escondido que nunca foi nomeado.

É um sentimento sem nome.

Uma sensação, uma emoção, um estado de angústia que é constantemente descrito, mas que nunca se chegou a um consenso sobre seu nome e aonde se esconde em nós.

E que ninguém conta para ninguém. E todos fingem que não sofrem, porque não sabem que o outro também sofre.

Por ajudar a esconder tudo isso de nós mesmos, é que fazem tanto sucesso os Facebooks, Instagrans, Tik toks, Tinders, WhatsApp e toda sorte de mídias sociais para todas as bolhas e taras.

É muito pesado admitir o próprio sofrimento, é melhor fingir que ele não existe, porque, afinal, nem sabemos porque ele existe e, apesar de seu peso insuportável, não temos forças para arregaçar as mangas, deixar todo o resto de lado e partir em busca de uma solução, qualquer solução, que faça a vida valer a pena.

A admissão de um sofrimento endógeno e inexplicado, que parece ser inato na maioria dos humanos, é um dos maiores tabus da contemporaneidade.

Me arrisco a dizer que esse sofrimento fantasma é a mãe de todos os tormentos.

Será que o âmago dessa questão continua sendo a nossa consciência da própria morte que, por nos causar tamanho pavor, termina por nos impedir de usufruir plenamente o esplendor da vida?

O ser humano não teme apenas a própria morte, teme, também, a morte de tudo e de todos que ama.

É muita morte para temer.

Precisamos nos ajudar a transformar esse labirinto em um caminho apreciável.

E só conseguiremos fazer isso, juntos.

 Edmir Saint-Clair


A GREVE DAS PALAVRAS

 As palavras estão revoltadas.

Não suportam mais serem vilipendiadas,

mal interpretadas e caluniadas. 

Na reunião de hoje do DIretório CIrcular Ordinário NAcional do RIO, entidade conhecida como DI.CI.O.NA.RIO, esse assunto parece dominar as conversas e debates preliminares. O plenário está fervilhando. Fala-se em greve geral, que envolveria todas as classes de palavras. Um representante dos substantivos pede a palavra e sobe à tribuna:

- Amigos e amigas, estamos perdendo, cada vez mais, nossa credibilidade. Essa casa parece não existir mais. As leis do idioma são sistematicamente ignoradas. Corremos o risco de não fazer mais sentido. Como dizia o grande Ariano Suassuna, quando um jornal adjetiva o Chimbinha, da banda Calypso, como guitarrista genial, que palavra usar para definir Beethoven?

Foi aplaudido de pé pelo plenário.

A Democracia pediu a palavra:

- E eu??! Me usam sem a menor cerimônia e sem nenhum respeito à minha história. Falam em meu nome, mas no fundo estão só querendo enganar o povo. Estou cansada de ser usada por quem só quer exercer o poder em nome de si mesmo. Pelo prazer doentio de ter poder sobre outras pessoas.

A gratidão levantou-se e pediu um aparte:

- E eu??! Virei uma ordinária...na boca do povo. É gratidão por tudo e a toda hora. Antes, eu era chamada somente para ocasiões muito especiais. Por uma graça alcançada, por um grande favor prestado ou uma atitude nobre realizada. Hoje, valho muito pouco. Todos falam por  mim, sem ter a menor idéia de quem realmente sou. Não tem mais respeito algum. Sem querer ofender meus grandes amigos dessa classe tão efusiva, virei praticamente uma interjeição. Roubaram meu lugar de fala, perdi minha verdadeira identidade. Minhas origens estão ligadas a oração, ao contato com o divino e com sentimentos profundos de agradecimento. Hoje, virei arroz de festa, fim de frase. Sinceramente, perdi completamente o sentido de existir...

Os companheiros se aproximaram para consolá-la, estava aos prantos, muito emocionada com o próprio discurso.

Dali pra frente, discussões cada vez mais acaloradas davam a dimensão exata de como a corrupção dos sentidos e má utilização geral das palavras havia chegado ao limite do suportável. Acusação de complacência da casa com erros imperdoáveis. Para os mais conservadores, verdadeiros crimes hediondos contra as palavras.

No final, não houve mais discursos. Todo plenário levantou-se e uma só palavra foi ouvida:

- Greve geral já!

A partir da meia noite, as pessoas que estavam em seus computadores foram as primeiras a notar. Primeiro, pensaram que fosse defeito nos teclados e touch pad dos smartphones. Mas, todos perceberam que se digitassem números, eles apareciam normalmente. As palavras estavam em greve. Inclusive as escritas a mão. Isso só foi confirmado pelo Jornal da Manhã da TV. Em todos os sites brasileiros, só havia números. Não havia palavras. Não havia nada escrito em português do Brasil. Os sites em outras línguas estavam normais.

O dia foi de ligações telefônicas, única forma de comunicação em território brasileiro. Recordes em cima de recordes nos números de chamadas de todos os tipos. As pessoas só conseguiam saber dos acontecimentos através da palavra falada. Ninguém conseguia escrever nada. Mesmo que tentasse escrever com canetas diretamente no papel, as palavras não obedeciam às ordens dadas e se embaralhavam como numa criptografia caótica e indecifrável.

No final daquela noite, surgiu o único texto que apareceu nas telas de todos os aparatos conectáveis do Brasil, nas últimas 24 horas:

“Dentro de 10 minutos retornaremos ao trabalho. Mas, pedimos aos nossos usuários que façam um uso mais adequado de nossas atribuições. Levamos milênios sendo aperfeiçoadas e vocês estão nos deixando sem sentido em poucos anos. Por favor, nos tratem com mais carinho e aprendam nosso uso correto, não é tão difícil.  Afinal, nosso objetivo é o mesmo: fazer com que todos nós nos entendamos da melhor maneira possível.”

- Edmir Saint-Clair


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CONVERSAS NECESSÁRIAS

 

Todos nós temos pendências emocionais e existenciais. Assuntos que nos incomodam muito e que, por isso mesmo, evitamos pensar e abordar.

Algumas dessas questões são com pessoas importantes e queridas em nossas vidas. Importantes demais para que as deixemos se perderem de nós, e nós delas, sem que aconteça uma tentativa de esclarecimento que deixe, ao menos, a alma mais leve. Alguma atitude que nos permita dizer: 

- eu tentei de verdade.

Quantas vezes, nos pegamos divagando numa suposta conversa com aquela ex-companheira(o) com quem vivemos um grande amor, mas tivemos um final confuso e cheio de mal-entendidos. Ou, a conversa com o parente muito próximo, com quem tivemos conflitos nunca esclarecidos. Às vezes, nos afastamos de pessoas queridas por nunca termos tido a iniciativa de ter uma conversa que pudesse trazer luz aquele assunto pendente. Apenas para esclarecer, para clarear a questão e buscar um entendimento. Sem vencidos, nem vencedores.

A vida não é e nunca foi uma competição.

A maioria de nós, tem a tendência a ir acumulando pendências emocionais. Questões mal resolvidas, que foram varridas para debaixo do tapete. Situações espinhosas que nos causam um mal-estar interior. Das quais não nos damos conta, na maior parte do tempo, mas que brotam nos momentos mais improváveis e desagradáveis, sempre atrapalhando alguma coisa boa.

Isso quando não são despertadas já tarde demais, quando já não podemos fazer mais nada.

Situações que poderiam ter sido esclarecidas e não foram, provocam mais que frustação, provocam distanciamento.  E por isso, se retroalimentam, criando distâncias que se tornam intransponíveis. Que ficarão para sempre, nódoas que incomodarão em todo dia branco. Aquela pontinha de espinho que nunca deixa de incomodar.

Uma coisa é certa, não adianta tentar tocar em frente uma relação que sofre com pendências. Não adianta tentar varrer para debaixo do tapete. Porque na vida não tem tapete, e o chão é sempre bem duro. E não tem embaixo, nem em cima, é tudo a mesma vida, uma coisa só. E uma só vez. Não tem reprise, não tem segunda chance.

Não podemos deixar tudo a cargo do tempo. Essas conversas necessárias têm que acontecer, sob pena de se transformarem naquelas terríveis dores nas costas que nos fazem entrevar diante de seu peso invisível. Temos que correr atrás, agir para esclarecer nossos mal-entendidos com as pessoas queridas. Não podemos deixar algo tão importante por conta do acaso. É muito arriscado, a vida é uma só.

O tempo passa sem parar, nem por um segundo, e se deixarmos por conta dele as distâncias podem se alongar até que a possibilidade de volta não exista mais. Não existe relação, em nenhum nível, que não possa ser estragada pela falta de esclarecimentos mútuos sobre assuntos mal resolvidos.

A mágoa deixa marcas, nódoas, cria barreiras e distâncias que o tempo não resolve, ao contrário, só alimenta.

Esclarecer pendências com as pessoas queridas é necessário. O orgulho bobo ou a infantilidade de querer ter razão é algo pouco inteligente e muito, muito prejudicial.  Uma conversa sincera onde a única intenção seja o entendimento mútuo, é o único caminho para que a distância definitiva não se estabeleça.

Poder ver, através do olhar de quem amamos, a nossa versão mais bonita, é um dos momentos mais sublimes e felizes que podemos experimentar na vida.

 Sentir que somos amados por quem amamos é ser feliz.

Diminuir essa possibilidade, através do afastamento de pessoas queridas, é perder um pedaço gigante da felicidade que nos é possível.

Definitivamente, varrer pendências sentimentais, com pessoas que nos são caras, para debaixo de um tapete que não existe, é um erro que pode nos custar muito caro.

Pode nos custar quem amamos. 

 – Edmir Saint-Clair


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