ORIENTADOR LITERÁRIO
MISTÉRIO NO LEBLON
O CASO DO CEMITÉRIO SÃO JOÃO BATISTA
A EMPATIA
O ser humano sempre buscou, incansavelmente, estabelecer conexões profundas e verdadeiras entre seu universo interior, original e único, e o mundo que o cerca. É essa busca que nos impulsiona a nos comunicarmos, a expressarmos nossos pensamentos, sentimentos e ideias.
Para que essa comunicação seja efetiva, é necessário mais do que simplesmente trocar palavras. É necessário a empatia. E empatia se aprende tentando, se esforçando para alcançá-la, para senti-la. Forçando o nosso cérebro a estabelecer um processo de conexões neurais eficientes com essa finalidade específica. É preciso ensinar o nosso cérebro . Simplificando, é preciso querer e trabalhar regularmente para atingir isso. Criar o hábito de pensar empaticamente. A empatia é uma habilidade superior que se pode desenvolver. É a potencialização de uma tendência natural do ser humano de se colocar no lugar do outro para tentar compreender uma situação. É ir além de sentir simplesmente uma compaixão passiva primária por uma condição alheia desfavorável. É mais do que isso. A empatia é capaz de gerar ação. É capaz de gerar significados maiores em todos os níveis de relacionamentos, e é capaz de dar um sentido maior à nossa existência.
A empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro, de compreender sua perspectiva e suas experiências, sem julgamentos. Ela nos permite ouvir e sermos ouvidos, valorizar e sermos valorizados, aceitar e sermos aceitos. Muitas vezes, é a única forma de despertarmos em nós mesmos sentimentos e emoções que desconhecíamos possuir. É a partir da empatia que somos capazes de ver a complexidade e singularidade de cada indivíduo, incluindo a nossa própria, e de nos conectarmos com ela de maneira autêntica e profunda. Uma conexão profunda só se estabelece em uma via de mão dupla. Quanto mais compreendemos mais nos sentimos compreendidos.
Na realidade, nunca conseguiremos sentir, na própria pele, toda a real intensidade de uma dor que nos é alheia. Que não dói em nosso próprio corpo ou mente. Essa é a nossa limitação como humanos. Por isso, exercitar e fortalecer a empatia é o melhor que podemos fazer para compreender o outro.
Sem a empatia, a comunicação
se torna superficial e vazia. As palavras se esvaziam de significados e os
relacionamentos se tornam superficiais e distantes.
Quando não nos esforçamos para compreender o outro, perdemos oportunidades de criar laços verdadeiros e estabelecer relações estáveis e duradouras. Sem ela, nunca conseguiremos ser bons pais, filhos, amigos, amantes ou sequer vizinhos.
A empatia não é apenas uma habilidade, mas uma necessidade evolutiva. Ela nos permite criar a conexão profunda que todos buscamos, e a satisfação que vem de compreender e ser compreendido. É a realização efetiva de uma verdadeira troca acolhedora e fértil de nossas emoções. É através da empatia que podemos construir um mundo mais compassivo e autêntico, onde as relações verdadeiramente significativas e compensadoras podem florescer.
Só através do olhar empático podemos superar o racismo, a homofobia, a misoginia, a intolerância religiosa, o xenofobismo e tantas outras mazelas humanas.
E de potencializar nossas
possibilidades de felicidade, agregar repertório ao nosso universo pessoal de
experiências, e dar um sentido maior à nossa própria vida.
Edmir Saint-Clair
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O DIA QUE MUDOU O MUNDO
Jorge acordou tarde como seu costume, mas com certeza dormiria mais se não fossem aqueles ruídos incomuns vindos da janela.
Checou o celular para saber as horas, inutilmente, o aparelho estava sem rede de telefonia móvel. Tentou acessar o WhatsApp quando percebeu que também não estava conectado pelo wi-fi de casa.
Pulou da cama e, antes de ir até o quarto onde o modem da casa fica, foi até a janela e o trânsito na rua era absolutamente inédito, pelo menos nos últimos 10 anos em que morava ali. A primeira coisa que notou ao entrar no quarto de hóspedes foi que as luzes do modem estavam todas desligadas. Ele estava sem conexão alguma. A primeira sensação foi de muito incômodo e estranhamento. Decidiu verificar a eletricidade de casa e estava sem energia.
Ligou seu notebook que, para sua sorte, estava com a bateria cheia. Mas, sem conexão alguma. O incômodo inicial deu lugar a uma ansiedade maior do que ele estava acostumado a lidar. Abriu a porta do apartamento, o corredor estava escuro, e os elevadores, obviamente, parados. Um silêncio perturbador emprestava um ar lúgubre ao local.
Jorge fechou a porta e deu duas voltas na chave. Enquanto a cafeteira lhe preparava um café, ele voltou à janela para olhar mais atentamente. O fluxo de trânsito dos automóveis, além de anormal, estava mais caótico pela falta dos semáforos sem energia. Tomou seu café, se arrumou e resolveu ir até a portaria de seu prédio. O porteiro haveria de ter mais informações sobre aquela estranha e incômoda manhã. Sentia-se ainda mais perdido por não ter ideia de que horas eram. Mesmo sem o relógio do celular, geralmente, ele seria capaz de calcular o horário pela luz e os sons externos. Mas tudo parecia estar caoticamente fora dos padrões normais.
Usou a lanterna do celular para iluminar os degraus da escada do prédio e não demorou a chegar na portaria.
“Seu” Cícero segurava a porta enquanto o Célio do quarto andar entrava acompanhado da mulher e dos dois filhos carregados de sacolas de supermercado abarrotadas. Foi quando se deu conta de que a situação era muito mais séria do que ele imaginava. E, em menos de 5 minutos que ele estava na portaria, 3 outras famílias chegaram igualmente carregadas de mantimentos. Jorge percebeu que estava defasado e desinformado. Naquele dia, ter acordado tarde faria toda a diferença.
Desceu até a garagem para pegar seu carro e ir até o supermercado garantir suprimentos. Ele continuava sem saber nada sobre o que estava causando aquilo tudo, mas, com certeza, era algo grave. O porteiro e os moradores com os quais encontrara também não souberam dizer nada a mais do que o óbvio que todos sabiam por que sentiam a falta. E a cada minuto mais itens eram acrescentados a essa interminável lista.
Demorou um tempo enorme só para conseguir sair da garagem e pegar a rua totalmente engarrafada. Motoristas e pedestres portavam a mesma expressão grave e preocupada. Em alguns, a ansiedade se exacerbava de forma mais evidente. Em outros, já chegava a um estágio preocupante. Jorge, apesar de muito ansioso e perdido, ainda conseguia manter a racionalidade em níveis funcionais.
Com estações de rádio fora do ar ele continuava a não ter notícia alguma do que estava acontencendo, tudo que dependia de energia elétrica não estava funcionando, exceção dos locais com geradores próprios.
Aos poucos foi percebendo que algo muito grave havia ocorrido. Mas não tinha ideia do que poderia ser. Tampouco a extensão. Se era só na sua cidade, só no seu estado, só no seu país ou no mundo inteiro. Lembrou-se de um dos últimos vídeos que assistira no Youtube na noite passada, um podcast sobre ciências, no qual o entrevistado, um astrônomo brasileiro, alertava para uma explosão solar que iria gerar uma onda eletromagnética capaz de interromper a magnetosfera terrestre e, consequentemente, torrar todas as instâncias de comunicação do planeta Terra.
Satélites seriam destruídos instantaneamente, sistemas de GPS deixariam de funcionar e as linhas de transmissão elétrica sofreriam sobrecargas. Os transformadores mais vulneráveis entrariam em curto, colapsando a rede elétrica em cascata. Redes de equipamentos eletrônicos sensíveis queimariam instantaneamente. Centrais de controle de abastecimento de água, comunicação, transporte e serviços hospitalares e uma infinidade de outros serviços ficariam inoperantes, causando uma interrupção global sem precedentes. O caos subsequente resultaria no colapso da sociedade moderna, com interrupções permanentes em transações bancárias nacionais e internacionais, redes de transportes de terra, ar e mar, afetando todos os segmentos e cadeias de suprimentos.O astrônomo foi ridicularizado online em tempo real e apontado como mais um seguidor das teorias da conspiração.
Não era.
Era 4 horas da tarde quando, após 3 horas parado no trânsito, Jorge abandonou seu carro no meio da rua caótica e seguiu a pé, a tempo de ver a horda de populares arrebentar as portas e paredes de vidro do imenso supermercado e dar início aos saques bárbaros e a violência que foi desencadeada por toda a face da terra.
Edmir Saint-Clair
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AS NOVAS TERAPIAS MENTAIS
CIVILIZAÇÕES TERRÁQUEAS AVANÇADAS PODEM TER EXISTIDO HÁ MILHÕES DE ANOS?
Supõe-se que nosso planeta tem 4,54 BILHÕES de anos.
Teorias nos contam que a vida surgiu há 600 Milhões de anos.
Luciano Villar