COACH LITERÁRIO

O ORIENTADOR LITERÁRIO é um profissional que acompanha, ensina e participa de todo processo de criação de um livro. Um profissional técnico, especializado em criação, um professor de escrita e um parceiro, ao mesmo tempo. Experimente, é terapêutico e libertador. Perpetue as histórias que só você tem para contar.

OS LACERDINHAS (O INCÊNDIO DA PRAIA DO PINTO)

Versão em podcast está sendo produzida.

 

Nunca mais vi um Lacerdinha.

Pensando bem, faz muitos anos que não sequer ouço falar.

 O Lacerdinha tinha poucos milímetros e  não voava. E o Lacerdinha não transmitia doenças.

Era pretinho e infestava o Leblon, principalmente as transversais, numa certa época do ano. Minhas lembranças com relação a eles estão ligadas à época em que eu morava na Rua José Linhares.

No final da tarde, eram cigarras cantando e Lacerdinhas caindo das árvores. Às vezes nos olhos. Ardia e coçava muito!

Deixava os olhos inchados e nossas mães preocupadas.

Eles eram atraídos por roupa clara, principalmente as amarelas. Por vezes, atingiam os olhos e provocavam irritação e ardência intensas.

Esses minúsculos insetos eram chamados de Lacerdinhas em referência a um antigo político carioca, Carlos Lacerda, que fora governador no tempo do estado da Guanabara.

Descobrimos que os lacerdinhas filhotes ficavam nas folhas das árvores, que ainda estavam enroladas e cheias de água da chuva. A gente as desenrolava e surgiam um monte de Lacerdinhas pequenos em seu interior.

Para mim, os Lacerdinhas despertam uma lembrança muito marcante.

Uma história que me provoca um sentimento muito incômodo até hoje. Eu tinha uns seis anos de idade e era acostumado a brincar na nossa rua, mas só no quarteirão, sem atravessar a rua. Havia muitas crianças, tanto no meu prédio quanto nos prédios vizinhos que faziam parte daquela turminha de meninos  da mesma idade.

 Naquele tempo no Leblon, a maioria das casas tinha uma empregada que morava na favela Praia do Pinto ou na Cruzada São Sebastião.

Quando, por algum motivo, a empregada da minha mãe levava o filho para o trabalho, no caso a minha casa, ele se tornava um amigo a mais, que passaria o dia brincando comigo, meu irmão e nossos outros amigos. No período das férias escolares isso era bem frequente e, às vezes, a Dona Celestina voltava para a casa deles na favela da Praia do Pinto e ele ficava e dormia lá em casa com a gente. Eu e meu irmão adorávamos a presença dele. Era um menino doce, risonho e engraçado.

Seu apelido era Bilico, o nome era Bernardo, o dia era sábado, dez de maio de mil novecentos e sessenta e nove, véspera do Dia das Mães.

Dona Celestina e minha mãe estariam ocupadas o dia inteiro preparando o almoço comemorativo do dia seguinte.

Bilico era mais novo que eu, um ano e mais velho que meu irmão apenas alguns meses. Era negro com os dentes grandes e muito brancos. Era tímido, mas engraçado, falava de uma maneira diferente que eu achava legal. Quando Bilico passava o dia lá em casa fazia tudo junto comigo e meu irmão; assumia a nossa rotina, almoçava, tomava banho, brincava, lanchava, descia para brincar conosco e era sempre muito divertido.

Nesse dia, Bilico chegou cedo, tomou café conosco e descemos pra rua pra brincar. Era época de Lacerdinha.

Dentre os garotos que brincavam na rua, tinha um que era especialmente assustador para mim e meu irmão. O Arlindo era mais velho, mas não andava com os garotos da idade dele. Andava conosco, que tínhamos uns dois anos a menos. Nessa idade, isso faz uma grande diferença.  Gostava de nos intimidar e bater. Ninguém ficava com pena quando o pai dele aparecia chamando-o, sempre gritando e batendo nele.

Nós Também tínhamos medo do pai dele.

Nessa tarde, estávamos catando Lacerdinhas nas árvores. Abríamos as folhas e ficávamos observando os Lacerdinhas se mexendo lá dentro.

De repente, o Arlindo pega uns Lacerdinhas com o dedo e enfia com violência no olho do Bilíco, que observava bem de pertinho.

−  Tá com fome? Toma neguinho esfomeado!

Arlindo falou aquilo com mais raiva do que lhe era peculiar, todos nós tomamos um susto. E ele nem conhecia o Bilíco...

Bilíco começa a coçar o olho e a chorar com a ardência intensa.

Todos os meninos começaram a rir. Menos eu, meu irmão e o Bilíco, que saiu andando e chorando na direção da portaria do nosso prédio.

Lembro que me veio um sentimento estranho e desconfortável que eu nunca havia experimentado antes - anos mais tarde eu saberia que aquilo se chama constrangimento - e que nunca me saiu da memória. Eu senti vergonha. Vergonha de não ter defendido o Bilíco, ele era meu amigo.

Bilíco não subiu para nossa casa, ficou num canto da portaria chorando baixinho. Falou que se chegasse lá em cima chorando e com o olho inchado sua mãe iria brigar com ele. Ela recomendava-lhe sempre que não queria que ele arrumasse confusão com os "filhos das madames".

Depois de algum tempo, ele parou de chorar e subimos. Pela escada. Naquela época, os empregados e "pessoas de cor" só podiam subir pelo elevador de serviço.

Mas o Bilíco só subia pela escada, tinha medo de elevadores.

  Quando chegamos em casa, a primeira coisa que Dona Celestina viu foi o olho do filho inchado e muito vermelho. Não falou nada, mas fechou a cara. Chamou o Bilíco para a cozinha e de lá só o vimos de novo quando eles foram embora, bem mais tarde. Lembro-me bem da expressão de choro dele quando se despediu da gente.

Aquele sábado me marcou para sempre.

Naquela mesma noite, um misterioso e devastador incêndio irrompeu e tomou conta da favela vizinha, onde eles moravam. Queimou por toda a madrugada e por muitas horas seguintes, consumindo tudo e deixando centenas e centenas de famílias sem teto e sem nada. Era dia onze de maio de mil novecentos e sessenta e nove, Dia das Mães.

A casa da Dona Celestina e do Bilíco pegou fogo e virou cinzas, junto com toda a favela da Praia do Pinto, que queimou inteira.

         Não sobrou nenhum barraco de pé.

Dona Celestina nunca mais voltou, e o Bilíco nunca mais veio passar o dia conosco.

Nunca mais soubemos deles.

-  Edmir Saint-Clair


A favela banida


A história sobre o incêndio da favela Praia do Pinto.

EQUIPE TESTEMUNHA OCULAR


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O MEDO DA MUDANÇA




"A mudança é a única coisa permanente." Heráclito (500 A.C.)".

"...e a incerteza, a única certeza".  Zigmund Bauman - (2.500 anos depois).

O medo está nos rondando o tempo , nos fazendo engolir sapos maiores que a boca. Sem que tenhamos consciência de quais são seus detonadores, de repente, aparece tentando encaixar as nossas atitudes e, pior, a dos outros também, em modelos que nem sabemos se servem aos nossos anseios. Tudo para termos a sensação de segurança.

Quanto mais previsível, quanto menos mudanças na rotina, mais seguro o ser humano se imagina. A, estranhamente, chamada zona de conforto, de conforto não tem nada. O nome certo é zona de tédio, uma ilusão maléfica causada pelo medo que a simples idéia de mudança provoca. Mas, as mudanças ocorrem o tempo todo, percebamos ou não. Não dependem da nossa vontade.

O medo da mudança é uma força poderosa e vive escondido nas pequenas coisas e, é, na maioria das vezes, o grande responsável pelos maiores sofrimentos.

Ouvi de um amigo psicanalista, algo que me ficou na cabeça e que os anos só reforçaram a verdade que traduz:

− "O ser humano se sente seguro vivendo uma rotina previsível, mesmo que isso signifique viver em péssimas situações, aparentemente insustentáveis, se vistas por alguém de fora mas, que ele já conhece e está acostumado. É péssimo, mas é um péssimo que ele conhece. Essa força é tão poderosa que a simples idéia de romper com a situação e partir para algo novo pode causar pânico a algumas pessoas. O ser humano prefere ficar no sofrimento conhecido a arriscar qualquer outra coisa que ele não conheça. ”

Não raras vezes, nos deparamos com essa realidade em vários aspectos. Nas relações familiares, profissionais, amorosas, fraternas e quantos mais pensarmos.

Admiro as pessoas que conseguem se desvencilhar rápido de situações incômodas. É claro que tudo tem sua peculiaridade e nada pode ser posto numa mesma sacola. Mas, existe uma linha, que pode não ser nem um pouco tênue, de onde, a partir dali, qualquer um tem certeza do dano que aquela situação está trazendo a um, ou a quantos mais estiverem envolvidos.

Seja em que âmbito for, chega um momento em que o desgaste é tão profundo e incomodo que a mudança é absolutamente inevitável e urgente. E; isso sempre gera insegurança, que é outro nome para o medo.

Nas relações amorosas isso é ainda mais nítido. Do início da descida até se esborrachar no fim, a gente vem se ralando todo, ladeira abaixo. E, não raras vezes, essa ladeira dura anos. Imagine quanta ralação, quantos machucados daqueles bem ardidos poderiam ser evitados.

É bem doloroso. O que esquecemos é que podemos, a qualquer momento, interromper essa descida e evitar mais machucados. Saber interrompê-la antes que os traumas se aprofundem demais é o que decide como estaremos preparados para próximos relacionamentos. Essa decisão é das mais sérias com as quais nos deparamos na vida: a hora de parar. Há um momento que temos que dar um fim a uma situação de sofrimento e não olhar mais para trás. Por uma questão de sobrevivência e sanidade.

Saber a hora de parar de sofrer é fundamental para não perder a crença em si mesmo. É necessário acreditar que podemos produzir nossa própria felicidade. E, antes, precisamos crer que somos capazes de nos proteger, de cuidar de nós mesmos, adequadamente. Porque, quantos mais machucados estivermos, mais tempo esses traumas levarão para cicatrizar. Isso significa que precisaremos de mais tempo para nos recompor até estarmos prontos para uma nova relação. E a vida não espera. O tempo passa. E, dependendo da intensidade e quantidade dos eventos traumáticos, e dos recursos disponíveis para enfrentá-los (terapias e redes de apoio), essa recomposição pode ser bastante demorada.

É importante sermos sinceros ao nos respondermos às nossas próprias perguntas. Precisamos saber pelo menos o que pensamos, de verdade, sobre nossos próprios assuntos e sentimentos. Precisamos estipular nossos limites. A Tolerância é necessária, sem ela não se vive em sociedade, não se aprende e nem se evolui. Mas, a partir de um tênue limite, passa a ser submissão, conformismo e covardia.

Vivemos como se houvesse um modo certo e outro errado de realizarmos nossa vida. Como se houvesse um gabarito. Não há. Ninguém nasce com manual ou destino traçado. Tudo que fazemos é inédito. Algumas vezes, é imprevisível, simplesmente porque ninguém fez daquele jeito antes. Do seu jeito, original é único.

Mudar dá medo. Principalmente, quando a decisão de mudança envolve coisas básicas como mudar de casa, ficar sozinho, trocar um emprego medíocre, mas que paga as contas, por um projeto que, se der certo, vai te dar a vida que você deseja (isso não está ligado a dinheiro necessariamente!). Mas, que, também, pode dar errado. 

E daí? Tudo pode dar errado, principalmente, o que está dando certo. Já que o que está dando errado, se mudar, só pode mudar para dar certo. 

Se der errado é porque não mudou. Então, vai ter que mudar de novo. Até dar certo. E, pode ter certeza, uma das coisas que mais ajudam a persistir até que dê certo, é o bom humor. Sem ele a vida não tem graça. É preciso brincar de ser feliz, pelo menos...

Ou seja, veja-se por que ângulo for, é preciso estar aberto à mudança sempre. Inclusive, para que o que já está dando certo, continue dando.


 Edmir Saint-Clair

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ELE FOI PRA CASA

 Adeus Babalu, Bull, Eduardo.

😢
Um ser humano único, um artista sensível e talentoso, um Xamã iluminado que viveu conforme seus mais altos conceitos de nobreza espiritual, espalhando beleza e sabedoria, cuidando dos animais, da natureza e de seus semelhantes. Deixa um legado enorme de amor e compreensão da vida.

Para mim, além de tudo isso, é um grande, querido e, agora, saudoso e inesquecível amigo.

Tamo Junto pra sempre irmão!

Ele foi pra casa.
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A CARA DO BRASIL

 


O Brasil é um país de mal-educados, não temos boas escolas nem um bom modelo educacional, as que temos não dão conta da demanda e, consequentemente, a multidão de ignorantes e analfabetos funcionais aumenta diariamente há décadas. Somos um povo que, por esses motivos, é muito fácil de ser enganado e conduzido por qualquer charlatão um pouco mais articulado.

Nada disso que vemos hoje é novidade. Nada.

A diferença atualmente é que, graças à internet, estamos descobrindo que a sujeira é ainda muito maior do que qualquer um poderia imaginar. Alastrou-se por todos os cantos do país. Capilarizou por todo e qualquer aspecto da vida nacional, todo brasileiro se tornou um corrupto ou um corruptor em potencial.

O descaramento dos políticos, de todos os partidos, é uma coisa inacreditável!

A população está atordoada sem saber o que pensar a respeito da quantidade enorme de denúncias que se sucedem diariamente há décadas, Ininterruptamente. É a mais indecorosa prova de como o mau pode se banalizar.

Mais ainda naqueles que não tem o esclarecimento básico mínimo nem para compreender onde aqueles fatos impactam na sua vida diária.

Nosso povo não tem mais a capacidade de entender onde, quando, como e por quem e está sendo roubado.

 Enquanto a desonestidade se sofisticou e se informatizou com as modernas tecnologias aplicadas para desviar verbas, lavar de dinheiro e etecetera, o nosso povo está emburrecendo em igual proporção ladeira abaixo. Um completo paraíso para corruptos e desonestos de todas as classes, todas as etnias e todas religiões.

O déficit educacional do país é gigantesco. A dívida social, nesse setor, que todos os mandatários, em todos os níveis e em todos os tempos, têm com o povo brasileiro, é impagável!

Hoje, choramos por não termos dado ouvidos às grandes mentes nacionais que sempre afirmaram que só uma educação de qualidade tiraria o país de um destino de república de bananas. Hoje, somos formados e diplomados em bananices.

As redes sociais são um desfile de imbecilidades e absurdos sobre todos os assuntos imagináveis.

Se tivéssemos dado a devida importância às palavras de Darcy Ribeiro, Rubem Alves e tantos outros educadores brasileiros que tanto nos alertaram para essa tragédia anunciada, não estaríamos pagando o alto preço que a ignorância demanda.

É triste constatar como custou, custa e continuará custando caro, ao país, negar aos jovens uma educação com uma qualidade mínima que os permita entender a própria vida e o funcionamento de seu país.

É tanta mentira, tanta desonestidade, tanta falta de ética e de compaixão em nossa vida pública cotidiana que não é exagero dizer que o povo brasileiro perdeu a esperança.

Fica claro que a banalidade do mal se alastrou para todas as camadas da população, indistintamente. Entra e sai eleição e continuamos envergonhados e pagando caro por quem elegemos para nos representar.

Estamos envergonhados do que nos tornamos como povo. Uma nação que dá um passo para frente e dois para trás. Estamos exaustos de tanto sermos feitos de palhaços e passados para trás.

Mas não estamos acostumados a lutar pelo que desejamos e achamos justo. Não lutamos por nossa independência, não lutamos para libertar os escravos, não lutamos para impor nossa república. 

Agora, estamos vendo como é difícil se construir um país digno e justo esperando que tudo nos seja concedido como benevolência de uma instância superior.

Queremos tudo de mão beijada, expressão que, tristemente, serve como uma luva ainda nos dias de hoje.

A expressão “receber de mão beijada”, tem origem no império, onde quem beijasse a mão e adulasse a nobreza, garantia bons negócios. Desde então, o puxa-saquismo foi institucionalizado no estado brasileiro. Nunca evoluímos.

Um povo com todo esse histórico tão pouco favorável é um prato farto para políticos e toda sorte de desonestos, sempre mais escolarizados e ardilosos, que impõe suas vontades se utilizando de toda forma de artimanhas inescrupulosas.

E, quando não conseguem às claras, nos vencem pelo cansaço ou pelas votações do nosso parlamento no meio das madrugadas, enquanto o país inteiro está com sua atenção voltada para um jogo de futebol. Um ardil digno de bandidos.

No Brasil não existem partidos políticos, existem quadrilhas que atuam na política para roubar e saciar uma sede doentia de poder e dinheiro.

Nesse ambiente completamente prostituído e corrompido quem não entra na dança não participa da festa...

Essas práticas se repetem em todos os níveis da vida brasileira. Uns achacando outros quando podem.

Todos achacando e despejando seus recalques em quem vem logo abaixo hierarquicamente.

Estamos nos tornando um povo feio demais para essa terra tão linda que a natureza nos deu.

- Edmir Saint-Clair

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CONTO CURTO


Ele estava bem desanimado, apesar de ter a vida inteira para ficar desanimado. Depois de mais um dia procurando trabalho, chegou em casa cansado e com fome.

Ligou a televisão e foi esquentar café para tomar com o pão que, se ainda não era dormido, já estava bem descansado...fora comprado pela manhã. Uma reportagem chamou sua atenção para o telejornal. Na saída do turno de uma empresa o empregado respondia ao repórter:

- A situação está difícil, nossos salários estão muito defasados. Estamos tendo que tirar leite de pedra.

Enquanto acabava de requentar o café e o pão, resmungou para a televisão:

- E eu, que ainda nem encontrei a pedra?? 

CONVIDADO DE HONRA

 

O avanço da tecnologia, já nos permite observar o cérebro funcionando em tempo real, respondendo a estímulos provocados intencionalmente e alçando as pesquisas neurológicas até patamares impensáveis há apenas poucas décadas.

Através dessas pesquisas, foram desenvolvidas ferramentas como o EMDR, Brainspoting e uma série de  novas técnicas terapêuticas que tornaram os tratamentos psicológicos incomparavelmente mais rápidos e eficientes.  

Com todos esses recursos, “a coisa toda funciona muito mais rápido” e os resultados são, verdadeiramente, surpreendentes e animadores.

Uma das coisas que considero mais difíceis, no processo terapêutico, é identificar o que realmente sentimos com relação a tudo que faz parte do nosso universo pessoal, onde cada um está enredado até a alma. Essas teias que nos envolvem e, por vezes, nos paralisam, são como nós cegos muito difíceis de desatar.

Nas ocasiões em que afloram, essas marcas traumáticas tem a capacidade de nos tirar o chão, de nos desestabilizar e de causar grande sofrimento.

Através das técnicas psicoterapêuticas, é possível tornar todo o processo de cura mais eficiente quando conseguimos identificar, com objetividade, cada sentimento despertado por aquele gatinho.

Nomeá-los em voz alta é uma forma eficiente de encará-los e, a partir daí, promover uma dessensibilização e um reprocessamento das reações e emoções advindas daquele nó.

Para isso, desenvolvi uma forma pessoal de pegar minhas defesas psicológicas desprevenidas e, assim, conseguir respostas mais profundas.  

Um diálogo interno em voz alta, disfarçado de brincadeira de criança: um programa de entrevista, comigo mesmo...

 

Pode parecer infantil, mas isso é um valor a mais, já que nossa criança esconde muitas respostas.

Brincar sempre traz leveza a qualquer ação, ainda mais quando lidamos com nossos espaços obscuros.

Começo a brincadeira elaborando as perguntas o mais objetivamente que conseguir, com foco total no assunto escolhido, no nó, específico, que desejo desatar.

Crio Perguntas diretas, incisivas, íntimas, pessoais e intransferíveis.

 Perguntas tão invasivas que só poderíamos fazer a nós mesmos.

 

Quando formulo as perguntas, meu pensamento é unicamente impactar meu entrevistado, sendo invasivo e indiscreto, com crueza e malícia nas perguntas. Não penso nas respostas, penso só nas perguntas. O objetivo é claro e transparente: descobrir o que sinto sobre a lembrança em foco.

 

As respostas, por vezes, são de uma obviedade até sem graça, mas outras são surpreendentes, descubro coisas incríveis. Do choro ao riso, vou me descobrindo de uma forma cada vez mais leve e profunda.

É o meu programa do Jô, onde eu sou tudo, o Jô Soares, o Derico, o Bira e, principalmente, o maior astro daquela entrevista: eu mesmo.

 

Lembro de ter lido uma postagem no Facebook muito bem-humorada e inteligente, que tem muito a ver com esse meu programa do Jô: “Quando for falar mal de mim, me chame. Sei coisas terríveis a meu respeito. ”

É exatamente isso. Com a garantia extra de total confidencialidade, que só você pode se dar.

 

Experimente, se conhecer pode ser uma brincadeira deliciosa e, com certeza, vai mudar sua vida.

 - Edmir Saint-Clair

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